Muitas suspeitávamos que no desconfinamento nom existiam chanços nem escadas. Muitas sospeitavamos que essa nova realidade emascarada nom era mais que a globalizaçom da Cyborg Foundation, essa organizaçom dedicada a converter os humanos em ciborgs. Suspeitávamos que, como no filme Vírus, este ia servir de coartada para nos submeter ao império das máquinas. mas o poder nom precisou de alien nem trovoada. O androide gigante é o próprio Estado que cos grupos do poder financeiro movem o braço eletrónico a distancia em feitio de Cyborg 2.0. Na religiom dos smart, tinham assegurada a tecnofília. Por agora, nom precisarom investir capital em implantes debaixo da pele nem chip RFID para o que necessitariam da anestesia local, carosa coa telemedicina na que debruçamos baixo esta liberdade vigiada. Por agora, chega coa dopagem dos meios de comunicaçom.

Longas ringleiras dos antigos cidadaos, privilegiados que conseguirom umha cita previa, aguardam agora horas torrados ao sol, mulheres prenhadas e velhinhas que vivérom as longas colas da fame durante a pós-guerra civil, de pé, sem saber se vam ficar às portas do concelho sem poder realizar as gestons de forma presencial após lhes pedir a esse vizinho amável se lhes podia pedir cita pois elas nom tinha nem telefone e as cabinas dos telefones públicos foram fuziladas da noite para a manhá.

Quem lhes ía dizer a elas que o vírus teríam mais querença polo funcionariado do que polos churriolos solhosos das praias, deixando sem direito às gestons de supervivência (trámites para solicitar o Ingresso Mínimo Vital, bolsas de comedor escolar, assistência social…) aos atecnológicos carentes de wifi, computador ou telemóvel. Quem lhes ia dizer que assistiriam ao colapso da administraçom pública coa coartada da seguridade sanitária em plena campanha eleitoral, pasmadas perante o silêncio de todas as organizaçons sociais, sindicais ou políticas.

Caminhamos as ruas da nova normalidade procurando descobrir a seda eletrónica do prezado silício implantado nas calugas, os códigos QR que nos enxerguem a passividade e a resignaçom. Caminhamos sentindo a ledícia das terraças desemascaradas onde o vírus, tam perigoso nas administraçons, nom é quem de entrar. Cos olhos fiteiros abesulhando tatuagens por ver de descobrir interfaces digitais. Procurando as pegadas da estética transhumanista, a banca eletrónica das finanças cíborg da especulaçom planetaria. Ajejando, por riba das máscaras cirúrgicas dos homens-máquina, umha olhada ainda humana sem eyeborg a nos pintar um aborrecimento ou um reproche. Nom precisamos de escuitar as cores da contorna se temos olhos para as albiscar. Temos de vagar com ondulaçons ventureiras para despistar aos ouvidos biónicos desconfinados dos balcons. E na nossa torpura ancestral simular eficiência para nom levantar suspeitas de humana ética pretecnolóxica. Caminhar cismando se o medio nom será o fim. Escorregando pola fenda digital dos apestados, dos invisíveis fracassados, dos mais vulneráveis num mundo de prepotência criminosa. Furtando-nos aos insetos cíborg mais mortíferos do que as velutinas, sem compreender aos artistas de ovelha eletrónica e a necessidade das mentes cibernéticas para atingir umha vida merecente de tal nome.

A velocidade à que nos conectamos na era digital a grandes distancias bate frontalmente coa lentitude forçosa coa que peregrinamos, previa cita, do INSS ao SEPE, da banca à Tesouraria, num longo processo kafkiano, pregando por um documento que há décadas que tinha que estar acessível sem a nossa intervençom, co simples cruze de dados entre organismos.

Paul Virilio, brilhante investigador especializado nas novas tecnologias da comunicaçom, estudou a dromologia, o estudo da aceleraçom com que se estám a suceder as transformaçons históricas e de que modo nos estám afetando as novas tecnologias que abrem um novo conceito de tempo, virtualidade, ciberespaço e novos jeitos de comunicaçom.

Hoje necessitamos cita previa para todo, para fazer deporte o mesmo que para retirar livros na biblioteca pública. Para a declaraçom da renda como para conseguir umha fé de baptismo para apostatar. E os mesmos que desprezavam o diagnóstico polo íris como pseudo-ciência pedem-nos umha foto da gorja para diagnosticar via email.

Parece que estám a analisar a sibilinina como terapia para o vírus mas eu acho que o futuro está na sibilina presença social. Aparentar nihilismo enquanto seguimos a Sibila à quem os antigos atribuíam o dom da profecia e o conhecimento do futuro, camuflando-nos aos olhos dos drons numha sorte de refugalhos humanos que junto aos organizativos e informacionais fagamos parte das externalidades do sistema como agachados hackers prestos a inocular o vírus da revolta desde todos os arrabaldos planetários. Numha renuncia ao carro elétrico num chisco à neneza explorada polo silício das batarias.

Dizia Virilio que se o tempo é ouro, a velocidade é poder. Mas se o tempo quebra o padrom ouro, pode que a lentitude afortale o contrapoder. Isso ou correr com todas as nossas forças para mantermo-nos no mesmo lugar, mas afastados do caldeiro de refugalhos ao que estám condenados os do furgom de cola, como atina a descrever Bauman.