Marcos Garrido/

Conforme o espaço digital ocupa mais e mais espaços da nossa vida, as ferramentas que empregamos para participarmos nele ganham em importáncia política, para bem ou para mal. A rotina e a publicidade incitam-nos a entregarmos, gratuitamente e sem protestos, a maior parte da nossa existência digital e um fato de grandes empresas que agem em intimidade flagrante com os poderes políticos que fam a guerra ao nosso povo. Google, especialmente, mas também Facebook, Microsoft ou Apple tenhem configurado um modelo de nogócio no que os produtos som os próprios usuários, para lucro por meio da venda de dados privados e para satisfacçom dos Estados, que tenhem acesso imediato a umha informaçom que nem os regimes mais totalitários teriam sonhado com possuir hai décadas.

Vidas transparentes por decisom própria

O pesadelo do controlo policial completo tem-se tornado real da maneira mais insuspeitada. Contra o que os escritores distópicos imaginavam, nom fijo falta que um aparelho policial empregasse a ameaça para obrigar às pessoas a comunicarem ao Estado todas e cada umha das suas atividades diárias, dos seus gostos, dos seus pensamentos. Está sendo a vontade livre dos “usuários” que, para aceder ao uso de ferramentas de comunicaçom e expressom, os induze a registrarem as suas vidas em bases de dados de acesso livre por parte de multinacionais e poderes estatais. Vidas que se dispem frente ao polícia com a única gratificaçom de umhas “apps user-friendly”.

Alternativas autogeridas que respeitam a privacidade

As ferramentas que mais informaçons suculentas fornecem som o correio electrónico e, cada vez mais, os perfis de usuários nas redes sociais como Facebook e Twitter. Ferramentas que, por causa do efeito de rede, se tenhem convertido em imprescindíveis para umha vida social nom condenada ao ostracismo.

O ativismo digital tem criado diversas alternativas autogeridas à dominaçom das multinacionais. Propomos-vos a seguir várias delas, para migrardes da nudez voluntária e recuperardes certo nível de privacidade.

Correio electrónico

O projeto galego com mais história e sucesso no fornecimento de correio electrónico privado e autogerido é Saramaganta, que também oferece serviços adicionais como listas de correio para coletivos. Saramaganta está actualmente mantido pola Fundaçom Sen Esquecer, de Portomouro. O modelo de sustentabilidade baseia-se no pagamento de umha quota, que vai dos 24€ anuais no caso de usuários particulares, a 120€ anuais para coletivos.

Umha alternativa internacional, de mui boa reputaçom, é Riseup.net, sustentada por um grande coletivo de activistas libertárias, que também oferece correio electrónico, listas de correio, pads, etc. Riseup permite o uso gratuíto dos seus serviços, mas periodicamente faz campanhas de doaçons para sufragar os gastos. Nós aconselhamos a quem o use que contribua a estas campanhas.

Buscadores

O conhecimento dos nossos gostos e opinions que tem Google (e por conseqüência, o Estado espanhol) deriva-se em grande parte do uso que fazemos do seu buscador. Podemos prescindir dele comodamente usando outros respeitosos com a privacidade, como por exemplo DuckduckGo, que presta os mesmos serviços com a mesma precisom que Google.

 

Redes Sociais

O caso das redes sociais é mais problemático. Do espaço da autonomia tenhem-se desenvolvido ferramentas similares a Facebook, Twitter e Instagram, com o caso sobranceiro de Lorea, umha rede distribuída, sem empresa detrás, na que é o usuário que possui os seus dados e decide com quem compartilhá-los. Na Galiza as companheiras de Imaxinaria implementárom umha versom, chamada Rede Imaxinaria, que conseguiu atrair bastantes coletivos sociais.

Porém, o efeito de rede das grandes multinacionais é muito mais complicado de combater neste caso que no do correio eletrónico, devido a que a migraçom a um servidor de correio alternativo nom corta a comunicaçom com as usuárias dos correios convencionais, mas no caso das redes sociais nom existe esta intercomunicaçom, polo que a migraçom individual torna-se muito mais custosa.

Umha pequena soluçom para isto consiste em usar as ferramentas corporativas com meios que forneçam privacidade dentro delas. Umha ferramanta fantástica, neste sentido, é Keybase (para computador e telefone), que cifra todas as comunicaçons que se produzem dentro dessas redes.

Capítulos anteriores:

Recuperando autonomia I: Electricidade

Recuperando a autonomia II: bancos

Recuperando autonomia III: telefonia e internet