Por César Caramês /
Espetam-che umha mina na porta da casa? Ti e os teus três filhos malvivedes com 400 euros? Ficache sozinho na aldeia depois da última vaga migratória? Pediu-che o chefe que nom lhes fales galego aos clientes? Nom há quem reja a granja coa última humilhaçom das empresas leiteiras? Prendérom-che a filha por rebelde? O teu bairro cai a anacos? Nom te preocupes, os nossos deputados quatromileuristas ham levar o teu protesto aos parlamentos do regime para perder umha nova votaçom no teu nome. Porque, na roda do Samsara da II Restauraçom Borbónica, os períodos eleitorais acendidos intercalam-se coa apresentaçom compulsiva de iniciativas e perguntas derrotadas nos parlamentos. Senom, berraremos em procissons autorizadas polo inimigo ainda expondo-nos a algumha carga policial se a ele lhe convém. Ti hás-te sentir representado e a Matrix espanhola discorrerá maininha polos regos traçados há anos por arquitectos franquistas.
Um desenho de circunscriçons eleitorais trampulheiro, o controlo do aparato judiciário, o monopólio dos meios de comunicaçom e um caciquismo cada vez mais mafioso garantem a irreformabilidade. Contodo, a estratégia mantém-se inalterada: derrotar o regime desde as suas instituiçons e empregando os meios de comunicaçom do inimigo como umha das ferramentas principais. Igualinho que se estivéssemos numha democracia de verdade ou nom se fracassasse assim durante os últimos 40 anos. De súbito passa Catalunha e um comprova que a intelligentsia pátria nom dá tirado nengumha liçom além da mímese. Nom dá ou nom quer perder a comodidade que esta morte sonolenta para o país lhes representa a eles. A perspectiva eleitoralista, curtopracista, impede erguer a vista dos pés e olhar para diante. As dependências pessoais das siglas, económicas e afectivas, quiçá contribuam grandemente a isto. A composiçom de classe, sem dúvida.
Porém, rachar Samsara, fugir da Matrix, passa por enxergá-la tal qual é, por furar o cerco comunicativo, nom por tentar acelerar os giros da nora desde dentro da gaiola. Além de palavrarias e identidades de grupo, cumpre mais que nunca umha nova estratégia política para Galiza como projecto libertador.