Antelo garda umha caixa com todas as chaves de todas as casas nas que viviu e de todos os lugares por onde passou. Nom sabe a onde correspondem cada umha, mas ao mirá-las sinte como passou a sua vida até o momento atual procurando fugir da precariedade e também procurando respostas a perguntas contínuas. É como se cada chave representara umha resposta a cada questom, e que a vida foi respostando dum jeito complexo, sendo algumhas questons nunca resoltas ainda, claro. A chave do hórreo, por exemplo, nunca conseguira virar como o seu avó digera que virava (chegando a discutir com ele) até que um dia Antelo, cheio de calma e espiritualidade, e coa singeleza de jogar a abrir portas, conseguiu abrir.
Dum tempo para aqui, Antelo precisa de menos chaves, porque precisa de menos portas. Decidiu abrir cara adentro, e anda mais metido na taberna cos focinhos em qualquer livro de Asterix ou de Marx; nom quere nem necessita manejar locais nem andares. Para ele é suficiente com mirar cara o horizonte e argalhar nas cores umha resposta ao dia a dia. Pensa nas pessoas presas que percorrem um caminho alongado e difuso, e pensa também em outros tipos de paciência e na força das vontades que emergem desde os problemas mais concretos. O outro dia atopou-se com umha manifestaçom vizinhal por umha questom meio-ambiental, estivo a escoitar as suas demandas e a observar a meia de idade que nom baixava de 50 e pico anos, e logo, ao marchar, reflexionou sobre o longa que é a vida e as voltas que da.
Procura na sua pequena biblioteca de livros essenciais um refraneiro popular galego, e, a falta de rezar, acende umha vela e respira fundo quando pensa na situaçom sócio-política geral. Anda também a procurar uns artigos do Carlos Calvo, daqueles que escrevera ele cos seus conhecimentos profundos da antropologia, para reler antes de que o facha mais avispado da taberna do seu bairro lhe esgote a paciência e os ouvidos com as suas furaduras calcadas com os discursos da maioria de meios de comunicaçom espanhois ou iankis.