Numha das cidades mais desgaleguizadas, Ferrol, um grupo de pais e maes leva mais dum ano organizado para dar alternativas de lazer e convívio àquelas crianças que seguem fieis ao idioma do país. Através do coletivo Brincarmos, relacionado com o centro social Artábria, convocam o sábado 5 de outubro o dia da criança galegofalante, umha jornada de reforço para a causa da língua na infáncia. Falamos com Olalha Pinheiro, umha das promotoras da iniciativa.
Olalha explica ao Galiza Livre que o projeto de Brincarmos tivo a sua origem em “juntanças espontáneas de pais e maes com as suas nenas, que combinávamos para elas jogarem e socializarem entre iguais. Em galego, é claro”. Com o tempo, o potencial desta dinámica leva à constituiçom de Brincarmos, já com atividades regulares: “reunimo-nos na iniciativa de artes e músicas miúdas, umha vez à semana, para favorecer a expressom artística e para as crianças produzirem cançons, obras de teatro.” A prensom é fundir a promoçom do idioma com o conhecimento do meio e da história: “dada a ocultaçom da Galiza no sistema educativo, promovemos excursons que fagam conhecer a contorna da comarca, ou também visitas de memória histórica. No ano passado co-organizamos o roteiro em Porto de Bois, na Ulhoa”, diz Olalha.
Um contexto adverso
A tendência à prática desapariçom do galego na infáncia e na adolescência de ámbito urbano ainda parece endurecer-se em Ferrol: “estamos numha das comarcas mais desgaleguizadas do país, e isso leva a umha situaçom para as crianças muito vulneráveis. Som, quase literalmente, as únicas que o falam na sua idade”, explica Olalha, acrescentando certas situaçons vividas em Trasancos: “é habitual aos nossos filhos e filhas perguntarem-lhe os pares, dia si e dia também, porque falam galego. Nom som perguntas formuladas com maldade, mas acabam por condicionar as crianças”.
Nom todo é, porém, negativo: para além das estruturas organizadas, Olalha observa que “há certa minoria notável que parece ir tomando consciência do idioma ao entrar na paternidade ou maternidade. Há vontade de as filhas conhecerem a língua, quanto menos, ainda que nom o falarem, e por isso lha transmitem. Certos prejuízos, como aqueles que dizem que se falas em galego és da aldeia ou do bloco, semelham enfraquecer-se.”
Festa e irmandade
A festa de Brincarmos, no 5 de outubro, quer recordar um outro evento, quando o ferrolao Rodrigo Sanz e o sadense Lugris Freire, utilizavam em 1908 pola vez primeira o idioma galego num comício agrarista, à beira do rio Sardinha em Serantes. Vindicando este facto, Olalha Barro recorda a importáncia de “além de coesionar a comunidade galegofalante, fazer público que existimos é vital, visibilizar-nos; na ediçom do passado ano conseguimos este objectivo, e esperamos repetir sucesso”. O ato terá lugar no centro cívico de Canido, e o programa inclui música, magia e narraçom oral orientada ao público familiar. Nas redes sociais da Fundaçom Artábria aparece recolhido o programa completo da jornada.