Desde os Estados Unidos, onde o Congresso vem de aprovar umha lei que viola a primeira emenda constitucional do país sobre proteçom do direito à livre expressom, e desde a Europa, nomeadamente a França e a Alemanha, chegam as primeiras imagens de dura repressom policial contra campamentos estudantis, detençons, expulsom de instituiçons de ensino de estudantes e docentes, proibiçom de atos públicos de deputados e pessoas eleitas que som convocadas às esquadras policiais. E por cima de tudo, o lixo mediático duns meios estruturalmente corrompidos por estarem, os mais, nas maos de magnates, e volcados no apoio a um massacre indiscriminado, descarado e anunciado de civis que foi considerada como plausível genocídio até mesmo polo máximo tribunal internacional desenhado na posguerra mundial para nom irritar os seus criadores.
Criticar os crimens de guerra de Israel converte umha pessoa em “partidária do Hamás”, apontar que a violência do 7 de outubro contra cidadaos israelis, cronicamente sofrida durante décadas pola populaçom palestina, nom xurdiu da nada, senom dum cúmulo de opressom, matança e ilegalidade colonial, converte um em “justificador do terrorismo”. Criticar o papel provocador da NATO no estoupido da guerra da Ucraína e na sabotagem das negociaçons de paz de Minsk e Estambul fai a gente “partidária de Putin”, e dizer que a guerra nom começou em fevereiro de 2022, mas muitos anos antes, é “legitimiar a invassom da Rússia”, como afirma na Europa nom apenas a direita, mas também essa “esquerda de direitas” que nalguns casos, por exemplo os Verdes alemaos, é mesmo pior do que a direita tradicional.
A falaz acusaçom de “antisemitismo”, que tombou na Inglaterra Jeremy Corbin, um candidato trabalhista sensível com a questom palestina, lança-se na Alemanha e na França contra os raros políticos (Jean-Luc Melenchon, Sahra Wagenknecht) que se atrevem a desafiar a ignomínia. Som “antisemitas” até os cada vez mais setores judeus do mundo inteiro que protestam contra os crimes de Israel e os seus aliados. Nos Estados Unidos detivérom mesmo a candidata presidencial do partido Verde, Jill Stein. O “antisemitismo” utiliza-se para se proibirem atos e iniciativas políticas, para desqualificar académicos, nomeadamente nessa Alemanha cujo governo se situa mais no campo fedorento dos genocidas, e para demonizar o adversário de esquerdas.
Criminalizar e ilegalizar a oposiçom é umha tendência recorrente na história europeia, mas criminalizar a oposiçom civil a um genocício é umha cousa inaudita, com um cheiro muito forte aos anos trinta do século passado. No nome da luita contra o antisemitismo é a Europa parda e autoritária que entom aniquilou a judeus eslavos e ciganos a que se está a abrir passo de novo com toda clareza, nomeadamente na França, Alemanha, e, à outra beira do Atlántico, Estados Unidos.
“A crise de Gaza está a virar numha crise mundial da liberdade de expressom, nomeadamente em países conhecidos por apoiarem o direito à manifestaçom pacífica”, dixo nesta semana a relatora especial da ONU para a promoçom e proteçom do direito à liberdade de opiniom e expressom, Irene Khan. Com a concentraçom de cada vez mais riqueza em cada vez menos maos, e com a “liberdade de informaçom” convertida em jornalismo tóxico promotor da repressom e o belicismo, apagam-se as últimas fronteiras entre os sistemas democráticos de baixa e diferente intensidade de portas para dentro, próprios das potências ocidentais e compatíveis com o imperialismo e o massacre de portas afora, e as deostadas “autocracias” dos países adversários e/ou emergentes que se demonstraram muito menos daninhos na esferal internacional.
A crise do capitalismo antropocénico e do debalar do domínio ocidental do mundo aponta inequivocamente para a dissoluçom das efémeras mas importantes liberdades públicas. Ante o panorama que nos oferece a política institucional, onde os defensores da verdade e a justiça som minoria marginal, vai ficando claro que sem ativismo social nada se vai mover contra esta perigosa vaga parda e belicista que ameaça com levar tudo por diante.
Respeito, logo para os trabalhadores agrícolas dos invernadoiros de Almeria, um dos coletivos mais explorados e abusados do panorama laboral espanhol, maioritariamente composto por estrangeiros, pola sua mobilizaçom, nestes dias, em solidariedade com a Palestina. Aqui som os que mais se jogam. Também cara os estibadores de Barcelona, que decidiram negar-se a trabalhar com mercadorias com destino ou procedentes de Israel; cara os sindicalistas da CGT de Navántia, em Ferrol, que denunciaram que dous barcos construídos alô estám “integrados na flota que acompanha o maior porta-avions da armada estadounidense, o Gerald R. Ford, enviado enviado em apoio de Israel”; e os estudantes da Universidade de Valência, que lançárom há uns dias o primeiro acampamento estudantil em espanhol em solidariedade com a Palestina.
*Publicado originalmente no digital CTX.
Traduçom do Galiza Livre