Vijay Prashad

No 19 de março de 2024, o chefe das forças terrestres da França, o general Pierre Schill, publicou um artigo no jornal Le Monde com um cabeçalho contundente. “O exército está pronto”. Schill curtiu-se nas aventuras de além mar da França na República Centroafricana, Chad, Costa de Marfil e Somália. Neste artigo, o general Schill escreveu que as suas tropas estám “prontas” para qualquer enfrontamento, e que poderia mobilizar 60000 dos 121000 soldados franceses no prazo dum mês para qualquer conflito. Citou a velha frase latina – “se quigeres a paz, prepara-te para a guerra”-, e a seguir escreveu: “As fontes da crise multiplicam-se e conlevam riscos de espiralizaçom ou extensom”. O general Schill nom mentou o nome de país nenhum, mas ficava claro que a sua referência era a Ucránia, já que o seu artigo saiu pouco mais de duas semanas após Emmanuel Macron dizer que as tropas da NATO poderiam ter que entrar naquela naçom.
Horas depois de tal declaraçom, bem pouco delicada, o assessor de segurança do presindente dos USA, John Kirby, dixo: “nom vai haver tropas estadounidenses sobre o terreno num papel de combate na Ucránia”. Foi directo e claro. A visom dos USA é sombria, e o apoio à Ucránia vai à míngua. Desde 2022, os USA forneceram mais de 75000 milhons de dólares de ajuda a aquele país, dos quais 47000 som ajuda militar; é de longe a ajuda mais importante ao país durante a sua guerra contra a Rússia. Porém, nos últimos meses, o financiamento estadounidense, e nomeadamente o militar, viu-se freada no Congresso polos republicanos de direitas, que se oponhem a tal contribuçom (isto nom tem a ver com a geopolítica estricamente, senom umha afirmaçom de atitude com a que os USA dim que outros, como os europeus, deveriam assumir o peso dos conflitos). (…)

Imagem: “Ni Otan Ni Putin” web El Lokal

A congelaçom da Europa

No 1 de fevereiro, os dirigentes da UE decidiram fornecer à Ucránia 50000 milhons de euros. (…) Nom vai ser directamente apoio militar, que começou a se enfraquecer em todos os ámbitos, e provocou novos tipos de debates no mundo da política europeia. Na Alemanha, o líder do SDP o parlamento, Rolf Mützenich foi criticado polos direitistas pola sua utilizaçom da palavra “congelaçom” no que diz respeito ao apoio militar à Ucránia. O governo daquele país arelava adquirir mísseis de longo alcanço Taurus, alemaos, mas o governo germano hesitou. Esta vacilaçom, e o uso do termo por parte de Mützenich criárom umha crise política.
Este debate germánico por volta de novas vendas de armas reflecte-se em quase todos os países que forneceram armas contra a Rússia. Até o de agora, os dados dos inquéritos em todo o continente mostram amplas maiorias contra a guerra, e portanto contra seguir a armar a Ucránia para a mesma. Um inquérito de fevereiro, assinado polo Conselho Europeu polas Relaçons Exteriores, mostra que apenas o 10-12% dos europeus acredita na vitória da Ucránia. Os analistas do trabalho manifestaram que a UE deveria fazer o mesmo que os USA, limitar o seu apoio à Ucránia e animar Kiev a um acordo de paz com Moscova. (…)

Imagem: Trump e Macron. CNN

Guerra si, clima nom

Já nom se importa se Donald Trump ou Joe Biden ganham as presidenciais de novembro. Seja como for, as opinions trumpistas sobre o gasto militar já venceram. Os republicanos clamam polo freio do financiamento norteamericano à Ucránia, e querem que os europeus cubrama o oco aumentando o seu próprio gasto militar. Isto nom vai ser doado, desde que muitos estados dos aludidos tenhem teitos de dívida; se aumentassem o gasto em armas, iria ser afundindo valiosos programas sociais. Os próprios dados dos inquéritos da NATO mostram a falta de interesse da populaçom da UE pola mudança do gasto social ao militar.
Um problema ainda maior para a UE e a Europa em geral é que os seus países curtam investimentos climáticos e aumentam os de defesa. O Banco Europeu de Investimentos está, como informou o Financial Times, baixo pressom para investir na indústria das armas, enquanto o Fundo Europeu de Soberania, que se criou em 2022 para promover a industrializaçom da Europa, vai pivotar para as indústrias militares. O gasto militar, por outras palavras, vai sobardar os compromissos com os investimentos climáticos e pro-industrializaçom da Europa. Em 2023, dous terzos do orçamento da NATO (…) vinhérom dos USA, o que supom o duplo do que a UE, Reino Unido e Noruega gastam nos seus exércitos. A pressom de Trump para os países europeus gastarem até o 2% do seu PIB em exércitos marcará a agenda, perda quem perder as presidenciais.


Podem destruir países, mas nom som quem de ganharem guerras

Mesmo com toda essa fachenda que mostram sobre derrotar a Rússia, as avaliaçons sóbrias dos exércitos europeus amossam que os estados europeus nom tenhem capacidade militar terrestre para livrarem umha guerra agressiva contra a Rússia, por nom dizer já para se defenderem com solvência. Umha pesquisa do Wall Street Journal levava este abraiante cabeçalho: “Medra a alarma por militares enfraquecidos e arsenais baleiros na Europa”. O exército británico, assinalavam os jornalistas, apenas tem 150 tanques e quiçá umha dúzia de peças de artilharia de longo alcanço úteis, enquanto a França tem menos de noventa peças deste estilo; o exército alemao, afirmam, tem apenas muniçom para dous dias de batalha. E se som atacados, carecem de fortes sistemas de defesa anti-aérea.A Europa tem dependido dos USA para bombardeamentos pesados e combates desde os anos 50 e até as recentes guerras do Iraque e Afeganistám. Devido à apavorante potência de fogo estadounidense, estes países do Norte Global som quem de arrasar países, mas nom foram quem de ganhar nenhuma guerra. É esta atitude a que produz receio na Rússia e na China, que sabem que, apesar desta impossibilidade do Norte Global, nom há razom de estes países, com direcçom de USA, nom se arriscarem à Apocalipse, porque tenhem músculo militar para tal cousa.Esta atitude dos USA, reflectida nas capitais europeias, produz mais um exemplo da sobérbia do Norte Global: a negativa a considerarem conversas de paz entre a Ucránia e Moscova. Que Macron diga cousas como as que diz sobre o envio de tropas é, além de perigoso, indicativo do pouco crível que é o Norte Global. A NATO caiu no Afeganistám. É pouco provável que consiga grandes logros contra a Rússia. Essa atitude de Estados Unidos -reflexada e nas capitales europeias- produz um exemplo mais da arrogáncia do Norte Global: a negativa a considerar sequer negociaçons de paz entre Ucrania e Rússia. Que Marcon diga cousas como que a NATO poderia enviar tropas a Ucrania nom é somentes perigoso, se nom que pom a prova a credibilidade do Norte Global. A NATO foi derrotada no Afeganistám. É pouco provavel que obtenha grandes logros contra a Rússia.


*Publicado originalmente em CounterPunch. Traduçom do Galiza Livre.