Na madrugada do 14 de Março falecia Alberto Romero Varela na localidade de Cubilhos (O Berço) estando presente a sua incansável e também luitadora companheira Inmaculada Rodríguez Rodríguez.

Conhecim Alberto na prisom de Mansilla de las Mulas (León) arredor do 2016. Ele sabia de mim, e eu sabia dele, porque nesses mundos, entre os milhares de pessoas presas que eram trasladadas de prisom a prisom periodicamente, todo se sabe. Nom era difícil reconhecer-se, porque as pessoas vinculadas a movimentos políticos em prisom no Estado espanhol adoitam estarem distribuídas de forma que nom podam ter muito contato entre si, e quando se atopam é quase um acontecimento: de novo nas minhas maos, graças a Alberto, havia publicaçons de índole anarquista que levava anos sem ver, e podia conversar -nom sem cautela, porque tampouco nos conhecíamos de nada- sobre o passado ou o presente fora dos muros: eram os dias do Proces em Catalunya e ambos simpatizávamos, ante o fascismo do funcionariado ou dalgum preso violador espanholista. A pesar da forte repressom que sofria o povo catalam, albergava para nós umha esperança de liberdade para a nossa naçom e para nós como preses e para as preses afins: um cámbio profundo sempre iria acompanhado dumha amnistia total, o fim do encarceramento das pessoas com enfermidades incuráveis, o fim dos módulos de isolamento onde se nos podia castigar meses (ou anos para algumhes) e outras condiçons humanitárias básicas.

Voltei a topar-me a Alberto, de casualidade, anos depois, no Obradoiro, em Compostela. Eu pensei para mim, “óstia, que fai este aqui?” Anarquista de sempre ele, levava umha estreleira na camisola e vários exemplares do Nós Diário baixo do braço. Dizia Bakunine que “umha pátria representa o direito inquestionável e sagrado de cada pessoa, de cada grupo humano, associaçom, comuna, regiom e naçom a viver, sentir, pensar, desejar e atuar ao seu próprio modo; e esta forma de viver e de sentir é sempre o resultado indiscutível dum longo desenvolvimento histórico”. Alberto sentia-se orgulhoso dessa Galiza irredenta que ainda pervive, e também do anarquismo insurreto. Fora companheiro de Claudio Lavazza, histórico anarquista italiano preso agora polo Estado francês, com quem convivira na prisom de Teixeiro e onde ele sacou a carreira de Direito.

Agora a Terra leva consigo o seu corpo, mas os seus ideários ainda pervivem. Conhecedor mais que ninguém do sofrimento humano dentro das prisons, sendo encarcerado ainda ele em 2022 baixo enfermidade de cancro terminal, bem conhecedor ele das prisons espanholas, que som realmente campos de concentraçom das pessoas mais empobrecidas e racializadas. Ele, que fora um supervivente a condiçons tam extremas e degradantes. Nom podemos se nom despedi-lo com um sorriso agri-doce e com a esperança de que as situaçons polas que luitou se remataram se rematem para sempre. Como tem dito ele também: Denantes mortes que escraves.