Habitualmente trabalho num restaurante. Penso que no nosso pais há muitos restaurantes similares.
Tem menu de 12 euros e preferência para peregrinos. Mentres os visitantes mais espanholistas falam do Atlético de Madrid, de “la bandera” e da próxima missa, es minhes paisanes falam de recolher a erva, de se orvalhou ou nom, ou falam com retranca dos paus que levaram sendo picares. Entre as minhas paisanes há camareires retirades, camareires em ativo, vizinhes que passam por ali, algum estudante despistado.
O meu chefe é bastante misógino. Pola contra, cumpre bastante a rajatabla o convénio. As minhas compas, coma mim, venhem e vam num mercado laboral que bem conhecemos. A maioria, migrantes, sem ainda papeis de “nacionalidade”. As que som nativas em Galiza, procedem, como nom, dos extratos sociais mais “abaixo” e nom é casualidade que sejam os mais golpeados por temas de drogo-dependências várias.
Mentres os visitantes mais espanholistas falam do Atlético de Madrid, de “la bandera” e da próxima missa, es minhes paisanes falam de recolher a erva, de se orvalhou ou nom, ou falam com retranca dos paus que levaram sendo picares.
Às vezes visitam o local, para jantar, trabalhadores mais ou menos qualificados, e as conversas por desgraça contenhem grandes doses de machismo e racismo, e mesmo de afinidade coa patronal. Formam um pouco parte dessa elite obreira de soldo indefinido que nos 80 nom eram elite nengumha: estám preocupados por se funcionarem as alarmes das suas casas, de se há mais ou menos polícia e de administrar tal ou qual aforro; ainda sem terem claro se virá umha crise e os mandará a todes ao caralho. “Se estamos assi coa esquerda, imagina-te coa direita”, ou “somos galegos, Espanha está mui longe” é do mais agradável politicamente que se escuita. O restaurante fai-lhes preço, e comem churrasco e bebem vinho sana e alegremente.
Também visitam o local algumhes funcionários. Professorado ou trabalhadores do concelho que nom falam muito da sua vida, para os quais “comer fora” nom tem nengum aliciente nem causa o mínimo esforço. Provavelmente o tempo no restaurante for a parte menos gris da sua jornada.
As pessoas turistas som outro conto. As que venhem em manada adoitam serem trabalhadoras de maior ou menor nível no seu país de origem, e nem todas som fanátiques religioses. As que venhem em família exigem bastante mais e mesmo com certa fachenda. As guarda civis e polícias nacionais várias “nom se cortam um pelo” e traem camisolas identificativas, pulseiras, estandartes…como se vinherem demonstrar as suas conquistas polo império. Por outro lado, entre as visitantes europeias e latinas, pode-se cheirar certo ar progressista, certa finura respeitosa e outra forma de relacionarem-se mais amena e empática.
É inverno e o restaurante apenas tem gente. De facto, a “plantilha” habitual tivemos que ir à cola do INEM até os começos da próxima Semana Santa. É o ciclo das jornaleiras galegas do século XXI, que ainda podem ir dando e poderám dar algum “golpe na mesa”, para que sejam respeitados os seus direitos, o seu idioma e mais a sua dignidade, como fam as companheiras da CUT, com bastante força em NH Hoteis.
É o ciclo das jornaleiras galegas do século XXI, que ainda podem ir dando e poderám dar algum “golpe na mesa”, para que sejam respeitados os seus direitos, o seu idioma e mais a sua dignidade, como fam as companheiras da CUT, com bastante força em NH Hoteis.