Após a resposta selvagem do Estado de Israel aos ataques de Hamas, o mundo inteiro saiu às ruas a exigir o fim do massacre do povo palestiniano e a exigir o respeito aos direitos humanos. A Galiza nom está a ser alheia a esta dinámica social, e desde meados de outubro, na nossa terra tem continuidade umha resposta diversa e deslocalizada a umha das maiores brutalidades estatais neste século que andamos. Fazemos um pequeno repasso das iniciativas galegas.
As iniciativas internacionalistas galegas nom som novas, e na nossa naçom existe umha viçosa tradiçom de apoio a outros povos. Se no passado século os Comités de Solidariedade desenvolviam umha dinámica intensa em favor do internacionalismo, nomeadamente com América Latina, no século XXI, colectivos como Mar de Lumes tomárom o relevo. Já em 2020, antes de se conhecerem explicitamente os planos sionistas de aberto genocídio em Gaza, a entidade, junto com a Associaçom Galaico Árabe Jenin e BDS, publicava um manifesto a prol da integridade territorial da Palestina, denunciando já que continuava “umha guerra às caladas” que procurava “umha estratégia de substituiçom étnica acelerada agora, com a bençom das potências ocidentais.”
Resposta de urgência na rua e posicionamento dos centros sociais
Convocadas com grande urgência, dado o ritmo vertiginoso dos acontecimentos, no 9 e o 10 de outubro duas grandes cidades galegas convocavam a sua resposta de rua, Compostela e Vigo, quando Israel começava a recuperar-se do duro golpe de Hamas, e projectava a prática destruçom da Faixa de Gaza.
Para além dos clássicos posicionamentos do internacionalismo galego, e de forças políticas soberanistas e independentistas, a gravidade da situaçom levou a posicionamentos muito variados, entre eles o dos centros sociais do País, que no dia 14 de outubro faziam público um manifesto que chamava a denunciar “um apartheid pior do que o sudafricano” e “a cumplicidade de partidos e instituiçons da Uniom Europeia” com o projecto de limpeza étnica sionista. O documento chamava “fazendo um apelo à base social e ao conjunto do movimento cultural e lingüístico galego para tomar as ruas”.
Mobilizaçons descentralizadas e nacionais
A partir de entom, cada segunda feira, as principais cidades galegas, somadas a várias vilas, estabelecêrom umha cita semanal em favor do povo palestiniano, de Betanços à Guarda, passando por Silheda ou Vila Garcia. No total, mais de 200 concentraçons sostidas polo voluntariado militante, que dam prova dum extendido sentimento favorável à causa dos ocupados.
O protesto popular alcançou também umha dimensom galego-portuguesa, quando pessoas solidárias de ambas beiras do Minho, entre Cerveira e Tominho, uniram as suas maos sobre a ponte internacional com a legenda “Paremos o genocídio” no dia 18 de novembro, iniciativa que recolhíamos neste portal falando com um dos seus promotores.
Como mais umha mostra da implicaçom galega, Compostela acolheu duas grandes mobilizaçons nacionais contra o massacre em Gaza, convocadas polas entidades do internacionalismo: o 28 de outubro, onde milhares desafiárom um temporal de chuva e vento, e no passado 17 de dezembro, quando a Praça das Pratarias ficou pequena para acolher a multidom que chegou de distintos pontos do país. Umha nota dominante deste ciclo mobilizador é o aberto papel silenciador ou minimizador dos meios do regime na Galiza, quer escritos, quer audiovisuais.
Cultura solidária
Tampouco o mundo da cultura ficou à margem das iniciativas populares. A inícios de novembro, quando se cumpria quase um mês do início dos ataques do sionismo, o Velho Cárcere de Lugo acolheu umha sessom de poesia pro-Palestina, em que autores como Brenda Mondelo, Sara Plaza, Nieves Neira ou Xerardo Quintiá dérom voz na nossa língua a autores autores árabes Mahmud Darwis ou Mourid Barghouti. Umha actividade semelhante celebrou-se em Compostela com a legenda “Poesia por Palestina”.
Mas o dia grande do movimento cultural solidário decorreu no 11 de novembro na cidade do Leres: lá, com o contributo de Palhaços em Rebeldia e Culturactiva, em colaboraçom de Galiza por Palestina e o concelho de Ponte Vedra, celebrou-se o evento “Cultura livre contra a barbárie”, arredor do que se reuniram centos de pessoas e angariárom-se fundos para Galiza. Na gala tomárom parte Melania Cruz, Mercedes Peón, Grande Amore, Najla Shami, Iván Prado, Muerdo, Mago Teto e Rossina Castelli.