Este fim-de-semana, diversos pontos do país acolherám novas mobilizaçons para rejeitar a vaga de implantaçom de polígonos eólicos nos montes da Galiza. Após a recente manifestaçom em Ferrol, que deu continuidade às convocatórias intituladas “O povo galego unido contra a depredaçom energética”, nesta ocasiom é a coordenadora “Eólica, assim nom” a que chama à mobilizaçom “frente a governos e especuladores”.
A luita contra a agressom aos montes e também ao mar da Galiza está a ser umha das mais ativas e potentes que o povo galego está a desenvolver nos últimos tempos. Umha luita desigual contra os desígnios dos governos da Xunta e do Estado espanhol, plenamente inseridos na dinámica de “transiçom energética” e de descarbonizaçom auspiciada pola Uniom Europeia, na procura de um impossível capitalismo verde que, na realidade, tam só está a produzir um assalto ao território por parte de empresas transnacionais numha carreira especulativa e de caça dos multimilhonários subsídios públicos para as “energias verdes”.
Dentro desta linha mobilizadora, o sábado e o domingo a Coordenadora “Eólica, assim nom” convoca vários atos coincidindo com o Dia Internacional das Montanhas. Sob a legenda “Defendemos as montanhas frente a governos e especuladores”, estas mobilizaçons decorrerám nos concelhos de Moranha, Fonsagrada, Val do Dubra, Ortigueira, Vilar de Bairro e Lugo, e estarám apoiadas polas mais de 200 entidades que conformam umha coordenadora em que, para além dos numerosos grupos locais que desenvolvem luitas contra os projetos eólicos que ameaçam a sua contorna, também participam organizaçons agrárias como o SLG, centrais sindicais como a CIG, associaçons ecologistas ou centros sociais do ámbito do independentismo.
Xunta e empresas reagem ante os contratempos judiciais
O contexto destas últimas convocatórias está marcado pola reaçom da Xunta e das empresas do setor perante os varapaus judiciais sofridos nos últimos meses por diversos projetos de polígonos eólicos. E é que a pretensa divisom de poderes e o “respeito polas decisons judiciais” que os políticos do regime soem esgrimir estám a ser postos em questom pola forte pressom a que o governo autonómico, as empresas e a imprensa ao seu serviço estám a submeter às juízas e juízes que devem decidir sobre os recursos apresentados polo movimento popular; recursos que em ocasions estám a significar a anulaçom ou a paralisaçom cautelar dalguns destes projetos. Assim, recentemente puidemos ouvir Alfonso Rueda dizer que se mostrava “preocupado” por estas paralisaçons judiciais ou a conselheira de Indústria, María Jesús Lorenzana, a afirmar, numhas declaraçons que distorciam a realidade, que o movimento popular está conformado por umhas “poucas vozes”, mas cujo “muito ruído” estaria a condicionar as decisons judiciais.
Mas nom só o governo de Alfonso Rueda ou a Asociación Eólica de Galicia estám a pressionar em favor da invasom eólica. Também é conveniente salientar o papel das organizaçons Comisiones Obreras e UGT, que nos últimos meses se somavam ao coro da propaganda eólica com o pretexto de um industrialismo desaforado vernizado de obreirismo. Tal é a integraçom dos sindicatos espanhóis na lógica do sistema que parecem incapazes de ver nesta luita popular em defesa do território, do ambiente e do rural umha forma da luita de classes; umha posiçom que marca umha diferença de relevo a respeito do sindicalismo nacionalista.
É conveniente salientar o papel das organizaçons Comisiones Obreras e UGT, que nos últimos meses se somavam ao coro da propaganda eólica com o pretexto de um industrialismo desaforado vernizado de obreirismo. Tal é a integraçom dos sindicatos espanhóis na lógica do sistema que parecem incapazes de ver nesta luita popular em defesa do território, do ambiente e do rural umha forma da luita de classes; umha posiçom que marca umha diferença de relevo a respeito do sindicalismo nacionalista.
Porém, a ofensiva da Xunta e do lobby eólico nom fica só na mera pressom mediática e política, senom que pode supor a aprovaçom de novas medidas para facilitar ainda mais a culminaçom dos projetos eólicos nos montes ou no mar. Por se nom foram suficientes as medidas da conhecida como Lei de Depredaçom da Galiza, o governo autonómico anunciava recentemente, da mao de grandes empresas, a criaçom dumha sociedade público-privada de “gestom de recursos naturais”, chamada Recursos de Galicia, que tenciona servir para impulsionar a exploraçom dos recursos naturais e energéticos do nosso país, vinculada ao novo projeto de Lei dos recursos naturais da Galiza, procurando maior segurança jurídica (quer dizer, maos livres) para projetos eólicos ou mineiros.
Resistência à destruiçom é mais forte do esperado polo PP
Para além dos reveses judiciais, e apesar das declaraçons da conselheira de Indústria reduzindo esta luita a umha teima de minorias alvorotadoras, o certo é que a resistência popular perante a avalanche eólica nos montes e no mar está a demonstrar grande potência. Umha potência que, quiçá, o Partido Popular nom aguardava ou nom soubo desativar a tempo. Prova disto seria o facto de diversos governos locais do PP terem-se visto forçados a adoptarem posiçons contrárias aos projetos eólicos que atingem os seus territórios, por causa da pressom vicinal, mesmo apresentando recursos judiciais de forma paralela a associaçons ou comunidades de montes. Nom seria casualidade o chamamento à participaçom das administraçons locais na empresa Recursos de Galicia feito no ato de apresentaçom da mesma, prometendo benefícios para elas e para as comunidades afetadas, num intento de apresentar umha cara mais amável do espólio do país e de rebaixar a oposiçom, máxime em vésperas de umhas eleiçons autonómicas.
Nom é a primeira vez que o PP calcula mal as suas propostas e se vê na necessidade de retificar perante posicionamentos contrários massivos, mesmo entre a sua base social e em setores onde tem influência. Um exemplo é a retirada da Lei de Aquicultura em 2016, dias antes da grande manifestaçom convocada na sua contra por um amplo leque de coletivos, desde confrarias e entidades relacionadas com a economia do mar até grupos ecologistas.
Umha aliança semelhante podemos encontrar na atualidade nos movimentos contra a invasom eólica. Tanto a Coordenadora “Eólica, assim nom” como a dinámica mobilizadora artelhada por coletivos locais sob a legenda “O povo galego unido contra a depredaçom energética” contam com o apoio de umha grande quantidade de entidades locais contrárias aos projetos eólicos, que agrupam vizinhas e vizinhos afetados, ou mesmo comunidades de montes. Também as confrarias e o setor do mar estám a mostrar a sua preocupaçom e oposiçom aos polígonos eólicos marinhos planeados. Toda esta movimentaçom vai para além dos setores ecologistas ou políticos organizados.
Destacável é, aliás, que o discurso destas mobilizaçons supera a oposiçom a decisons concretas dos governos, introduzindo questons como a crítica à depredaçom capitalista, a denúncia da transiçom energética na linha do Green New Deal ou a defesa do rural e das suas formas de vida; questons que som especialmente claras em manifestaçons como a que o passado 26 de novembro organizava em Ferrol a coordenadora Vento Mareiro de Trasancos.
Os atos deste fim-de-semana emarcam-se, pois, nesta jeira de importantes mobilizaçons populares em defesa da Terra e das formas de vida das comunidades que padecem estas agressons do capitalismo e em contra do espólio colonial da Galiza. Umha movimentaçom que está a atingir vitórias judiciais e que contribui a difundir ideias e propostas que fam parte de movimentos e correntes de pensamento minoritárias. Resta por ver até onde pode ser efetiva finalmente a linha de mobilizaçom na rua e recursos judiciais, ou se todos estes movimentos e setores sociais poderiam devir num movimento mais estruturado e com vontade de enfrentar todas as agressons do capitalismo ao território e à vida, seguindo exemplos como o do Les Soulèvements de la Terre francês.
Os atos deste fim-de-semana emarcam-se, pois, nesta jeira de importantes mobilizaçons populares em defesa da Terra e das formas de vida das comunidades que padecem estas agressons do capitalismo e em contra do espólio colonial da Galiza. Umha movimentaçom que está a atingir vitórias judiciais e que contribui a difundir ideias e propostas que fam parte de movimentos e correntes de pensamento minoritárias. Resta por ver até onde pode ser efetiva finalmente a linha de mobilizaçom na rua e recursos judiciais, ou se todos estes movimentos e setores sociais poderiam devir num movimento mais estruturado e com vontade de enfrentar todas as agressons do capitalismo ao território e à vida, seguindo exemplos como o do Les Soulèvements de la Terre francês.