No passado sábado 11 de novembro, Mocidade Pola Independência, Assembleias Abertas Independentistas e o CSOA Escárnio e Maldizer organizavam em Compostela um obradoiro intitulado Desobediencia civil: Defesa da Terra: Como e por que colar-te ao asfalto com Hiperglue. Esta formaçom teve lugar no citado centro social e um ativista de Futuro Vegetal, Víctor, contou-nos como trabalha esta organizaçom, que é um coletivo de desobediência civil e acçom direita que luita contra a crise climática. Depois, passamos a ver um anaco do documental Comer vai-nos levar à extinçom, onde se desenvolve umha das maiores problemáticas climáticas actuais. Finalmente, Víctor explicou-nos de jeito prático como organizar umha acçom de protesta. Mais tarde falamos com ele para recolher algumhas das ideias que se deram no colóquio posterior à formaçom.

Poderias contar-nos algo sobre ti e sobre a tua participaçom em Futuro Vegetal?

Todas as membros de Futuro Vegetal somos ativistas, ativas ou nom; as que estamos ativas ponhemos o corpo pola organizaçom quando se proponhem acçons ou campanhas. As que nom estamos activas em corpo podemos estar activas em grupos de trabalho. Eu no meu caso participo das duas maneiras e em quanto aos grupos de trabalho realizo charlas do coletivo e mantenho contacto com sindicatos e outros movementos com os que podamos ter vias de colaboraçom.

Como é que xorde a vossa organizaçom?

Futuro Vegetal parte dumha excisom de Extinction Rebelion. Separámo-nos coincidindo com o Informe do IPCC (Grupo intergovernamental sobre o câmbio climático da ONU, em inglés Intergovernmental Panel on Climate Change) e a polémica das macrogranjas no Estado espanhol, quando som as famosas declaraçons do “chuletón” de Pedro Sánchez, no veram de 2021. O informe do IPCC desse ano apontava muito ao problema agroaliméntario, já nom só aos combustíveis fósseis, se nom que dizia que a maneira de produzir inteira era a que estava a provocar o colapso ecológico. Os que já estávamos mais conscienciados com esse problema em Exctintion Rebelion e, por exemplo, já éramos veganos, decidimos que devíamos centrar-nos nesse gram problema. Porque por outra banda, aqui nom temos petroleiras, nem poços e ainda que está bem luitar contra eles e que o mantemos numha das nossas linhas, o gram problema que existe aqui é o sistema agroalimentário: os cultivos de milho; as macrogranjas por Soria, por Aragom, pola Catalunya inteira; polo sul, cultivos enormes de agricultura intensiva de árvores fruteiras… E assim naceu Futuro Vegetal, dando-lhe mais importância a estes grandes problemas que temos no nosso território. Ademais, também decidimos que deviamos ter umha linha mais disruptiva, porque víamos Exctintion Rebelion como algo um pouco menos activo, mais assembleario.. Entom colhemos as linhas das britânicas Just Stop Oil e de Letzte Generation na Alemanha, que tinham umha linha muito mais intensa de acçom e empezamos a imitar um pouco as suas acçons e estabelecemos contacto com elas e assim fomos intercambiando aprendizagens em acçom directa, em métodos, em conseguir materiais… e quase todo o que sabemos que fomos aprendendo doutros coletivos afins a nós nessa linha disruptiva, ainda que podamos ter diferentes narrativas.

Pouco a pouco, vamos perdendo a confiança no Estado e vamos mais chamando à rebeliom, pensando que o passo o temos que dar nós; incluso a ONU tem dito que desobediência é a maneira de combater a crise climática, e agora mesmo o nosso objetivo é esse, que a gente se empodere e veja que isto é um problema real, que há que luitar contra isto, luitar juntas e criar redes de apoio mútuo, aprender a cuidar-nos entre nós, e dizer nom à decadência social à que nos expom a crise climática…

Quales som os vossos objetivos a longo prazo?

As nossas demandas a longo prazo som que o Estado deixe de subvencionar a indústria da carne e o sistema agroalimentário em geral. Se a ciência está a dizer que isto nos está a levar a um colapso ecológico, nom fai sentido que ponhamos dinheiro no que nos está a matar. Defendemos umha transiçom justa, para que as pessoas que se dedicam isto podam ter alternativas para poder realizar outras atividades que lhes permitam ganhar-se a vida, que o Estado nom os deixe tirados. Pouco a pouco, vamos perdendo a confiança no Estado e vamos mais chamando à rebeliom, pensando que o passo o temos que dar nós; incluso a ONU tem dito que desobediência é a maneira de combater a crise climática, e agora mesmo o nosso objetivo é esse, que a gente se empodere e veja que isto é um problema real, que há que luitar contra isto, luitar juntas e criar redes de apoio mútuo, aprender a cuidar-nos entre nós, e dizer nom à decadência social à que nos expom a crise climática… Temos um sistema agroalimentário moi vulnerável, que se basea em estaçons, que já estám alteradas completamente e todo aboca a um desastre alimentário.

Qual é o tratamento que fam de Futuro Vegetal nos médios de comunicaçom?

Nesse campo temos muito trabalhado. A acçom direta tem dado muito resultado: ao princípio os médios mostram-se moi em contra, mas logo cedem. O grupo de comunicaçom sempre fai um trabalho enorme e sempre está em contacto com a imprensa. Mas por outra banda temos outros médios que som afins, como podem ser El Salto, La Directa, La Climática… médios independentes, porque ao final outros médios grandes, como pode ser El País, de momento si que nos apoiam, mas sabemos que isto pode cambiar em qualquer momento se há repressom ou por outras causas.

Cádiz: Embaixada da Argentina. Acçom em solidariedade pola repressom do
povo de Jujuy. Fonte: Futuro Vegetal

Como acolhe a gente as vossas iniciativas?

Pois aqui também temos ganhado muito terreno. Desde que nos começamos a colar aos quadros ou desde que cortamos a Vuelta Ciclista, por exemplo, quando recebíamos gram quantidade de insultos e tínhamos muitos haters… Agora mesmo há um número amplo de gente que nos apoia e insultos seguem havendo, mas adoitam ser de pessoas que som negacionistas climáticas ou da extrema direita. As nossas publicaçons em redes sociais podem ter agora mesmo arredor de 500 comentários, que é moita repercussom, e é um debate ao que lhe damos muita visibilidade e é o que queremos, abrir debate, e que a nossa narrativa bata com a do capitalismo; o capitalismo é o que nos aboca ao desastre. O apoio social segue aumentando e isso da-nos esperança. É importante que a gente entenda que eu nom me ponho a cortar umha estrada para sair em Instagram; eu tenho umha filha e se fago isto é porque tenho medo, porque me preocupam ela e as nenas do Planeta; também as pessoas maiores, que o vam ter moi difícil para enfrontar-se aos câmbios dramáticos que vam vir. E a gente vai-se dando de conta de isto, de que as nossas reivindicaçons tenhem umha razom de ser.

Como é a repressom que sofre a organizaçom?

Agora mesmo temos arredor de 73.000 euros em multas, em processos penais ou administrativos. Houve mais de 30 detençons às nossas ativistas, em dous anos, e todos estes passos polo calabouço acabam polo menos numha sançom administrativa. Defender a quién defiende examinou os nossos casos a atopou 131 vulneraçons aos Direitos Humanos, nas detençons e outras incidências com os órganos repressivos, numhas 50 acçons que levamos feitas… Por isso temos assumido que van vir por nós e sempre temos obradoiros para a gente que chega nova para que saibam ao que se enfrontam. Quando fas acçom directa, a repressom sempre vai ser umha parte e há que ir assumindo-a e gestionando-a segundo vai chegando.

O apoio social segue aumentando e isso da-nos esperança. É importante que a gente entenda que eu nom me ponho a cortar umha estrada para sair em Instagram; eu tenho umha filha e se fago isto é porque tenho medo, porque me preocupam ela e as nenas do Planeta; também as pessoas maiores, que o vam ter moi difícil para enfrontar-se aos câmbios dramáticos que vam vir. E a gente vai-se dando de conta de isto, de que as nossas reivindicaçons tenhem umha razom de ser.

Quales cres que seriam os problemas climáticos mais importantes às que nos enfrontamos as habitantes da Terra?

A nós preocupa-nos muito o que passa na América do Sul, onde é possível que a organizaçom se forme pronto, ou também o que passa no sur da África, que a gente normalmente nom relaciona com o cámbio climático, mas a emigraçom nesse ponto do Planeta da-se por causas climáticas muitas vezes. Por exemplo, na Argentina o preço da carne é elevadíssimo e só a podem mercar capas sociais altas da sociedade. O Estado baixa o preço da carne umha vez à semana e isto dá lugar a massificaçons enormes, porque é a única maneira de que gram parte da sociedade poda ter acesso a essa carne. A nos da-nos medo quando a gente começa a dar-se conta de que já nom pode confiar no sistema político porque isto é parte do colapso, quando já o sistema político nom te pode cuidar; e pode que isto esteja começando na Espanha, quando nem sequer parte da direita confia no seu rei, por exemplo.

No Estado espanhol o maior problema é o Mar Menor, que está já completamente destroçado, e a dessertificaçom que vem para o norte por causa disto, polo colapso dalguns ecossistemas como pode ser esse mar ou Doñana, que eram os dous ecossistemas mais importantes do sul. Outras partes como o derretimento do gelo nos glaciares, que já a vivemos e nom reagimos… Também como nos estam metendo estas mentiras da transiçom energética, em vez de promocionar o decrescimento, isto é moi perigoso; o sistema sabe que esta nom é a soluciom, a ciência di-o, e aconselha que cambiemos o 90% dos nossos hábitos.