É muito difícil ajudar à luita na rua quando se está preso, além de demonstrar e fazer-nos chegar as ideias pola própria liberdade individual e coletiva, liberdade que se concretaria pessoalmente no cesse do próprio encarceramento político. É difícil, nom pola falta de vontade (se sem tem forças), senom porque concretizar e promover o que se quer que aconteça e saber o que é melhor para as pessoas que se querem, precisa dum forte exercício de imaginaçom e de capacidade de participaçom na própria realidade da situaçom. É muito difícil, também, a comunicaçom com o exterior, sobre todo quando se está baixo medidas especiais que ilham e reprimem fortemente ainda mais à pessoa, como a intervençom das comunicaçons por parte dos distintos gabinetes do Estado.
As presas independentistas galegas: Miguel, Asum, Toninho, Edu e Teto, nom estam já dispersadas em prisons a centos de quilómetros das famílias de sangue, mas si estam longe de nós, porque a maquinaria do “microsistema” carcerário é poderosa para limitar fortemente as comunicaçons e os afetos. A fusom com o povo, fora desse povo que se atopa entre reixas e que vive umha situaçom especial, criando-se umha engranagem paralela à da rua, fai-se impossível. As nossas presas vivem num gueto, mas nom num “gueto político” ou “cultural” metaforicamente, se nom num gueto real, num gueto de extrema violência e com outros códigos de conduta muito distintos aos da rua.
Nom vamos dizer que nom vivemos em violência na rua, porque seria umha falsidade. A violência que vivemos na rua é umha violência mais sibilina e menos direta. É umha violência sobre a Terra que nos acolhe, que nom se enfronta aos nossos corpos diretamente além das carregas policiais e detençons. É umha violência que nos arrasta à cumplicidade e a participaçom indireta em genocídios como o de Palestina, umha violência amável que borra a possibilidade real do “bom trato” mais alá dumha construçom permanentemente conflitiva com o nosso entorno, que passa polo enfrontamento contra o sistema dum ou doutro jeito. Que fazer, e como fazê-lo, como concretizar as acçons de luita pola libertaçom nacional e social sabem-no as pessoas quando trabalham da mao, em projetos concretos, em coletivos concretos, em grupos concretos.
Este meio de comunicaçom, pequeno altofalante da Galiza rebelde, nom pode deixar de lembrar a aquelas nossas companheiras que habitavam connosco no rural ou na rua, que tinham (e tenhem) os seus amores e desamores, encontros e desencontros, paixons, afeiçons e defeitos. Companheiras de carne e osso que tiveram e tenhem erros e acertos também. Lembramo-las na rua dando o máximo de si, procurando acompanhar aos setores mais oprimidos do nosso povo, rompendo-se a cabeça por procurar as melhores fórmulas que desencadeassem um câmbio real, revolucionário, dando o seu tempo e mesmo a sua saúde mas também tendo certo desfrute de estar num caminho que se sabe contraditório e carregado também de sofrimentos. Fora da mística, fora da idealizaçom do passado, compre dizer que há toda umha espiritualidade no poderoso sentir guerreiro destas pessoas, como a há em todos os atos libertários do nosso povo.