Entrevista a Mercedes Teixeiro Gato: docente de Inglês na Formaçom Profissional, impulsora do clube de leitura Caldo de Groria e comprometida com a língua

Como professora de Inglês e filóloga, que passos achas se deveriam dar por parte da sociedade e da Administraçom de cara a que o galego ganhara falantes na realidade diglósica que vivemos?

A Administraçom tem a obriga de fomentar o ensino do galego com políticas reais desde a infância, promover o uso da língua e da literatura galega, velar e defender a existência de meios públicos que ofereçam umha programaçom de qualidade (rádio e televisom) sem atender a interesses partidistas. É um escândalo o que está a acontecer coas trabalhadoras e trabalhadores dos meios públicos galegos.

Grande parte da sociedade nom considera o galego como língua de prestígio e estam-se a perder falantes de jeito preocupante. Como sociedade é mui importante desprender-se do auto-ódio e complexo de inferioridade. A nossa língua é um tesouro que temos que salvaguardar, é parte da nossa identidade.

Que podemos aprender da realidade idiomática anglo-saxona de cara a ponher em valor o nosso? E à inversa, que poderiam aprender das galegas e galegos?

A realidade anglo-saxona também é complexa. O inglês é umha língua mui influente a nível global e mesmo se usa como língua franca em muitos contextos internacionais (economia, ciência, tecnologia). No Reino Unido é língua oficial e maioritária, mas também se falam outras línguas como o galês, o escocês e o gaélico escocês. Em Escócia, por exemplo, o escocês e o gaélico escocês tenhem status legal e esta-se a promover o seu uso no sistema educativo. Também em Gales está reconhecido o galês e existem políticas para a sua promoçom no sistema educativo por parte do governo. Estas políticas som insuficientes, igual que no caso galego.

A sociedade galega foi quem de preservar a língua galega em condiçons totalmente desfavoráveis e mesmo quando estava proibido o seu uso.

És umha das mestras que impulsa o clube de leitura do professorado Caldo de Groria no teu centro educativo e a dinamizaçom da biblioteca. Que é para ti a leitura e em que três piares destacarias que radica a sua importância de cara a fomentar esta numha sociedade cada vez mais tecnológica e impessoal?

A leitura é um ato fundamental que implica a interpretaçom e comprensom dum texto escrito, pode ser um livro, um artigo, um fanzine, um jornal ou qualquer outro tipo de material impresso, ou em formato digital. Para mim é umha ferramenta poderosa, pois vai mais alá da simples adquisiçom de informaçom, é um jeito de enriquecer o conhecimento, estimular a imaginaçom e fomentar o pensamento crítico.

Ler fai-nos mais livres. Numha sociedade cada vez mais tecnológica e impessoal, a leitura contribui ao desenvolvimento da empatia, comprensom interpessoal e do pensamento crítico e fomenta a criatividade e a imaginaçom.

Ler fai-nos mais livres. Numha sociedade cada vez mais tecnológica e impessoal, a leitura contribui ao desenvolvimento da empatia, comprensom interpessoal e do pensamento crítico e fomenta a criatividade e a imaginaçom

Que é o mais gratificante para ti de levar a cabo “Caldo de Groria”? Quais fôrom as atividades das que guardas um melhor recordo?

A participaçom no clube é totalmente voluntária. Trata-se de ler por prazer. O feito de fidelizar alunado leitor é já de por si mui gratificante.

O clube pretende ser um espaço de encontro em igualdade onde comentar obras de temática mui distinta.

Umha das atividades estrela dos últimos cursos foi a celebraçom do Dia de Rosalia já que implicou o muito alunado e professorado e nom só dos clubes. O alunado de cozinha prepara um caldo de grória e convidamos a umha cunca a toda a comunidade escolar (nos recreios da amanhã e da tarde) na entrada principal do centro ao mesmo tempo que participantes dos clubes estam a ler poemas de Rosalia em diferentes línguas. O curso passado, em colaboraçom com a equipa de dinamizaçom da língua galega fomos quem de organizar um concerto de Uxía Senlle e um recital poético da mao de Ana Romaní e Chus Silva para completar a programaçom arredor da figura de Rosalia de Castro.

A Administraçom tem a obriga de fomentar o ensino do galego com políticas reais desde a infância, promover o uso da língua e da literatura galega, velar e defender a existência de meios públicos que ofereçam umha programaçom de qualidade (rádio e televisom) sem atender a interesses partidistas. É um escândalo o que está a acontecer coas trabalhadoras e trabalhadores dos meios públicos galegos.