O meu povo é diverso. O meu povo está emigrado na Catalunya, na Alemanha, na Escócia e em infinitos lugares mais. O meu povo nom é igual todo: há quem regenta um hospedagem e há quem nom tem um cam, nem papeis tem. O meu povo anda às liortas entre si, nos desacordos de todo tipo, nos pequenos conflitos de interesses, nas reunions de todo tipo e nas noites de festa também. O meu povo é diverso e abrange indivíduos de todo tipo, nem todos agradáveis nem de todo fermosos. O meu povo nom é Amancio Ortega, nem tampouco Feijoo, claramente. Nasceram na Galiza, si…mas afastou-nos a sua posiçom de poder e a imposibilidade de receberem pedagogia popular algumha.

O meu povo é contraditório a mais nom dar, porque está atravessado também por profundas contradiçons históricas. Entre idealizar o povo e sementar auto-ódio, eu avogo polo primeiro. Idealizamos o que nom conhecemos, e que complicado é conhecer totalmente o nosso povo! Por nom saber nom sabemos nem como será o nosso povo amanhá. Nom sabemos (nem entendemos) como sobrevivem essas aldeias com cinco ou seis velhinhas cozinhando patacas cozidas. Algumhes nom sabemos (nem entendemos) que passa pola cabeça às compatriotas que consomem farlopa até altas horas as fins de semana e que representam umha grande parte da populaçom.

Há parte de mistério, é inegável, nas essências e comportamentos populares. Realmente, há mais mistério no povo que no Estado que o aprisiona e os sumidoiros que o mantenhem. Que sábio é o povo, que tanto sabe disso! Saber nom sempre conleva fazer, porque para paralisar certas inércias precisa-se dumha grande fonte de energia que nos roubam ou nos deixamos roubar.

Apesar disso tudo, ou talvez por isso, amamos o povo: nom como umha abstraçom (que também) se nom como umha realidade social da que fazemos parte, e nom podemos fugir. O mais importante para amar puderam ser a comunicaçom recíproca, o conhecimento mútuo e o caminhar consciente?

Amamos o nosso povo, e porque amamos o nosso povo podemos amar a Palestina, o Kurdistám, Chiapas… e todos os outros povos do mundo ainda mais fodidos que o nosso; também amamos os povos a onde emigramos e nos fam lembrar as nossas eivas desde a distáncia. Amamos o nosso povo e os outros, com todos os seus mistérios e contradiçons, e odiamos ou devíamos odiar o sistema global que os aprisiona, que tam bem conhecemos e que nos atravessa. (Ódiar e aborrecer nom devia ser negativo sempre e quando nom conleve umha cegueira). E quando figemos, fazemos ou nos dispomos a fazer de novo atos que consideramos de justiça, tratamos de nom mover-nos polo ódio e si por amor próprio, porque é de amor próprio às vezes molhar-se e dá-lo todo para paralisar o que nom deve ser permitido.