Vam já 22 anos desde que o independentismo, na altura representado na organizaçom NÓS-UP, oficializara a celebraçom do Dia da Galiza combatente. Fazia-o, cada outubro, ponhendo em destaque umha figura ou movimento que desse conta da condiçom insubmissa do nosso País. Hoje, em 2023, as Assembleias Abertas Independentistas continuam nessa tradiçom, e anunciam nas suas redes sociais a celebraçom na Guarda, no 14 de outubro, dum acto em memória de Maria das Auroras.
A efeméride política foi escolhida a inícios deste século como recordo de José Vilar Regueiro e Dolores Castro Lamas, militantes do EGPGC que morreram accidentalmente em 1990 numha acçom contra o narcotráfico. Desde a sua oficializaçom, o movimento independentista, nas suas diversas expressons, homenageou figuras como Henriqueta Outeiro, José Velo Mosqueira ou José Manuel Samartim Bouça, além de processos colectivos como as luitas agrárias em defesa do comunal, ou a resistência das presas e presos independentistas. Inicialmente celebrado em Culheredo (localidade natal de José Castro), em mais de duas décadas de vida, a celebraçom tem passado por lugares tam distantes como Burela ou Cela Nova, Vigo ou Maçaricos, Compostela ou Ourense. Neste ano, as Assembleias Abertas chamam a assistir à fronteira sul do País, a Guarda.
Da suspensom à recuperaçom
Mas a celebraçom da data estivo sujeita, como tantas vezes na história independentista, aos avatares da repressom. Em 2015, a Operaçom Jaro contra Causa Galiza lançou-se, entre outros muitos pretextos, com o argumento de frear o “enaltecimento do terrorismo” que supunha, a olhos da guarda civil espanhola e do juiz instrutor da Audiência Nacional, o Dia da Galiza combatente. A medida policial impediu a organizaçom pública do evento e reduziu o mesmo a pronunciamentos públicos de distintos colectivos, tais como Causa Galiza, Briga ou MpI. Após a sentença absolutória de 2020, que deixava a Causa Galiza e a Ceivar um espaço na legalidade, a data volveu a celebrar-se, basicamente como um convívio de novas e velhas militantes. As Assembleias Abertas Independentistas pegárom entom no relevo.
De Corunha à Guarda, passando por Burela
Em 2021, as Assembleias Abertas reunírom-se na Corunha para homenagear em outubro à mocidade arredista, recordando particularmente o papel da AMI, que tivera um dos seus berces na cidade herculina a meados da década de 90; no ano seguinte, em 2022, a Marinha foi a bisbarra escolhida, e lá as Assembleias glossárom a figura de Samartim Bouça, ‘Martinho’, o militante do EGPGC que trabalhara nos estaleiros de Burela nos seus últimos anos, sempre activo nas fileiras independentistas.
Neste 2023 que andamos, as Assembleias Abertas apostam em continuar a descentralizar a data, e a mergulhar na memória da mulher combatente nos difíceis anos que rodeárom 1936.
Maria das Auroras
Com a legenda “Ecos dumha coragem indómita”, a organizaçom arredista porá em primeiro plano a figura de María Concepción Álvarez Álvarez, mais conhecida como Maria das Auroras. Guardense do ano 98, viveu a esperança republicana na plena madurez, e fijo o seu contributo militando nas fileiras do PG; anteriormente, participara da Federaçom Local Obreira da CNT e no poderoso agrarismo do Baixo Minho. Na linha de tantas e tantos militantes republicanos, fomentou a leitura, artelhou umha biblioteca ambulante, e exerceu de mestra por sentido militante, aliás de contribuir com o Ateneu de Divulgaçom Social, de inspiraçom libertária.
O genocídio de 1936 atingiu-na directamente; e além de ver como foram assassinados vários dos seus companheiros, foi detida, maltratada e aldrajada, vendo como lhe curtavam o cabelo ao zero para assinalá-la como esquerdista e galeguista. Após um desterro em Salvaterra, aproveitará a volta à vila natal para fazer da sua morada um refúgio para ex-retaliados e ex-presas.
As Assembleias Abertas, que ainda nom fixérom público o programa completo do dia, avançam porém que a jornada consistirá num acto político, um jantar de irmandade, e umha velada lúdica.