O passado 4 de setembro as trabalhadoras e trabalhadores da empresa concessionária do serviço de limpeza em Correios na Galiza, Limpiezas Jcórdoba-SCT, começavam umha greve indefinida ante a demora de vários meses no pagamento dos salários, entre outras questons. Do Galiza Livre falamos com Marta Núñez, trabalhadora que está a participar na greve e filiada da CUT, para conhecermos mais polo miúdo os motivos do conflito e a situaçom após um mês de greve, num setor fortemente precarizado e feminizado.

Poderias explicar-nos quais som os motivos do conflito e da greve?

É algo longo de explicar. Já há dous anos que Correios convocou um concurso para contratar o serviço de limpeza em todo o Estado que acabou por declarar-se deserto. Entom, sacou um procedimento fechado, sem publicidade, e adjudicou-lhe o contrato a esta empresa, que é umha empresa sancionada por nom ter um plano de igualdade, questom que a invalidaria para trabalhar com Correios.

A empresa começa a sua atividade em fevereiro, mas já éramos conhecedoras de que noutros lugares como Alacant ou o País Basco, desde dezembro, havia problemas como a demora no pagamento dos salários, o nom pagamento das pagas extra ou outras questons como o facto de nom entregarem as nóminas.

A finais de maio a empresa informa de que nom iam pagar, e de que esperavam conseguir que Correios pagasse mais do acordado inicialmente polo serviço. As trabalhadoras ameaçamos com um conflito e a própria empresa anima-nos como umha forma de pressionar a Correios, o qual nos parece grave. Decidimos começar a mobilizar-nos, mas nem a empresa nem Correios se querem reunir com o comité de empresa. Agora mesmo já nos adividam três meses de salários, por isso decidimos convocar umha greve indefinida desde o 4 de setembro.

Como afrontades a situaçom depois de um mês de greve? Como estám os ánimos?

Pois temos dias de bastante descontrolo. Nota-se a ansiedade; é um setor onde existe umha grande precariedade e já se estám a dar situaçons mui duras, sobretudo nos casos de famílias monomarentais.

Que atitude está a ter Correios?

Correios nom se quer reunir com o comité. Nem sequer recolhem ou respostam aos escritos que lhes tentamos entregar, nem fisicamente nem através de correio electrónico.

Desde o começo da greve já vos manifestastes em Lugo e Ponte Vedra; tendes novas mobilizaçons convocadas?

A quarta-feira mobilizamo-nos em Ourense, e também teremos umha assembleia para decidir como seguir e se intensificamos os protestos porque seguem sem reunir-se connosco e aliás encontramo-nos com que nos edifícios de Correios há pessoal que se dedica a limpar… já temos posto denúncias por vulneraçom do direito de greve.

Qual seria, do vosso ponto de vista, a melhor soluçom para a vossa situaçom?

A melhor soluçom seria que Correios assumisse os nossos postos de trabalho, a internalizaçom; porque as subcontratas cada vez que chegam precarizam as nossas condiçons: há despedimentos, nom se respeitam os tempos de descanso, há fraudes como camuflar o trabalho como práticas dos cursos do INEM para obter o certificado profissional de limpeza…

Ademais, Correios gasta muito dinheiro quando subcontrata; nom só tem que pagar à empresa que empresta o serviço, também à empresa que realiza o prego de condiçons para cada novo contrato e à empresa que controla o cumprimento do serviço de limpeza. Poderiam aforrar estes gastos desnecessários, a margem empresarial e o IVA de todos esses contratos. Correios ainda tem a categoria de pessoal de limpeza, assim que pode fazê-lo.

Existe unidade em torno a estas reivindicaçons ou vês diferenças entre as posturas dos distintos sindicatos?

Só a CUT está a defender a recuperaçom do serviço por parte de Correios, os demais sindicatos assumem que vai seguir privatizado e que se vai perder emprego. Na Galiza CCOO nem sequer fai parte do comité de greve, que conformam a CIG e UGT com o apoio da CUT e a CGT. A nível estatal UGT só convocou um único dia de greve, ainda que noutros pontos do Estado também há sindicalismo alternativo que se está a mobilizar.

Algo mais que queiras engadir?

Quero fazer fincapé em que este é um setor mui feminizado, e em que se está a produzir umha feminizaçom da pobreza. É um setor envelhecido, onde há muitos contratos a tempo parcial, e no que às trabalhadoras lhes espera umha outra jornada laboral ao chegarem à casa. Também há muitas migrantes, que nalguns casos ante esta situaçom deixárom o trabalho antes de acudir aos sindicatos. E também pessoas com discapacidade porque som os trabalhos que che oferecem independentemente de qual seja a tua formaçom.

Mas apesar disto, também é um setor com muita consciência de classe, quiçá por sofrermos toda essa precariedade.