Nos últimos tempos, assistimos a um rebaixado feminismo burguês. Nos meus miolos abafados por umha calor despiedada espelham-se a cotio as discriminaçons de género mais nojentas. Mulheres migradas dos continentes roubados só do simulacro desse oximoro que representa o “crescimento sustentável”, mulheres com umha infra-vida na ilegalidade que limpam as misérias das mulheres liberadas europeias. Mulheres explotadas por esse empresário que a dizer dalgumhas feministas “pom a Galiza no mundo”. Mulheres que cuidam os nossos maiores sem contrato ou cum contrato miserento nos fogares ou nos lucrativos geriátricos. Mulheres obrigadas a alugar o seu corpo para sobreviver elas e as suas famílias. Mulheres esquecidas no inferno da trata. Mulheres que nom ganham nem para pagar um contrato de aluguer de vivenda especulada. Mulheres violentadas polos seus homens. Mulheres assassinadas por serem mulheres. Nenas destinadas ao ludre e a prostituiçom dentro e fora da sacra família tradicional. Mulheres migradas marginadas por mulheres da classe trabalhadora ao escuitar o seu acento ou comprovar polos seus apelidos que som doutra nacionalidade. (Nom vaia ser que lhes quitem o seu emprego de submissas esmoleiras). Mulheres que aguardam ao peche do super do bairro para rebuscar “as sobras do banquete” –como versara Celso Emilio– nos contentores de lixo. Mulheres organizadas nos arrabaldos das instituçons, sempre acaladas. Mulheres sempre termando dumha sociedade que as abusa e ignora! Mulheres…

Nenhuma destas Mulheres é portada dos meios de comunicaçom. Porém, incluso as feministas progres se alporizam porque a cantante Amaral (nada suspeitosa de mulher conservadora ou machista) decida livremente sair espida de peito no cenário em solidariedade com outra mulher reprimida pola ultradireita. Alegam nada menos que a exploraçom do seu corpo! Estoupam as redes sociais cos partidários e detratores toda a semana enquanto muitas mulheres seguem a ser atracadas polos seus próprios bancos com comissons abusivas, mais abusivas contra elas, nós, pola desigualdade salarial que nos aboca ao precariado de por vida. E nom acontece nada!  Acaso estes abusos nom som umha obscenidade quando mais desde que figérom obrigatório ter qualquer nómina domiciliada? (Nom esqueçamos que hoje se chama nómina até a ter uns ingressos de cem euros mensais).

Acaso nom é umha obscenidade o sistema de dominaçom que reproduzimos sem remorso cada mencer?

Agora é portada de noticiários o beijo que Rubiales, o presidente da seleçom espanhola de futebol, lhe espetou perante as câmaras a umha das ganhadoras. Machismo? Sim. Abuso de poder? Também. Mas nada comparável a milheiros de exploraçons das mulheres dentro e fora deste pais. Todos sabemos que o futebol é o deporte de massas mais politizado, o negócio mediático que vende tanto equipamentos de seareiros como valores machistas e xenófobos.

Nenhum deporte recebe tanto dinheiro público nem arrebola tanta bandeira. A que pasmar, de súpeto, pola existência dos Rubiales?

Yolanda Díaz, bandeira de feminismo aburguesado e interesseiro, soma-se e anuncia umha juntança com o sindicato de futebol feminino. Mágoa que nom amosse a mesma inquedança polo resto do coletivo de mulheres, maiormente as da classe trabalhadora, sobre todo tendo o poder dumha Ministra de Trabalho que se orgulha de ser feminista de esquerdas.

Qual será a seguinte cortina de fume que utilizarám os médios (tam a miúdo sistémico-machistas) para que sigamos amossando umha dobre moral cara a mulher e nos enredemos em fruslerias tam superficiais no canto de ir à raiz dos problemas?

Ou preferimos aguardar a que Lisístrata ou se quadra as letras das Fillas de Casandra fagam a revoluçom feminista de vez?