O terror projeta a sua sombra negra e alongada no tempo sobre a Ponte do Barco, em Pedre. As feridas provocadas pola repressom fascista permanecem abertas e a dor dos nossos companheiros vibra em cada umha de nós. Umha dor pesada como umha gigante lousa de pedra.

Hoje, igual que há um ano, e igual que há 87 anos, a ameaça do fascismo como reaçom defensiva do próprio capital segue presente, criando opiniom, normalizando o seu discurso, gerando conflitos, ódio e violência, cultivando monstros.

Hoje, como há um ano, cumpre pará-los.

Medra a besta fascista e vemos medrar as cifras de agressons cara o coletivo cuir, cara as migrantes, cara a diferença.

E cumpre pará-los, igual que há 87 anos.

Juntamo-nos mais um ano no lugar exato em que dous dos nossos fôrom torturados e assassinados, ao tempo que os filhos dos filhos dos seus verdugos permanecem ancorados no poder, mantendo firme umha estrutura de domínio edificada muito antes do 78.

Nadamos contracorrente juntas, poucas, mas boas e bravas.

O terror projeta mais um ano a sua alongada sombra, estática e densa. Mas no meio da obscuridade as lapas da dissidência seguem a arder e alumeiam-nos cada vez com mais força. O eco dos passos de Francisco e Secundino retumba no tempo até hoje, e a força dos seus ideais mantemo-la viva em nós, nos nossos corpos, nas nossas açons.

Seguimos em pé, avançando contracorrente, contra o fascismo e contra o capital. Por Secundino, por Francisco e por todas as demais!

*Texto lido na homenagem aos mártires Francisco Arca e Secundino Bugalho, decorrida o dia 13 de agosto no lugar da Ponte do Barco, em Pedre (Terra de Montes).