Como cada verao, mas cada ano com maior intensidade, o recordo das vítimas do fascismo espalha-se por diferentes pontos da geografia galega, fazendo realidade, em certa medida, o sonho de quem oficializaram o Dia da Galiza Mártir em 1942. Fora na Argentina da Irmandade Galega, baixo a direcçom de Castelao, onde os e as exiliadas se decidiram a manter acesa a memória dos que caíram no genocídio. Neste 2023, familiares, vizinhança, e herdeiros políticos de tradiçons como o galeguismo, o republicanismo, o anarquismo ou o comunismo organizam actos descentralizados em todo o País.
De Sada à Gudinha, passando por Agolada ou Lugo, chegando a Manhom, nalguns casos saídos do movimento popular, em outros casos com participaçom institucional de deputaçons e concelhos. Som mais dumha dúzia de actos os que reunem neste final de agosto as pessoas devotadas a deitar luz sobre o que ocorreu naquele verao e em todos os duros anos que os seguírom. Cientes da magnitude do que acontecera, os e as nacionalistas refugiados na América decidiram escolher umha figura como representante de todos e todas aquelas que padeceram perseguiçom polo seu ideário. Alexandre Bóveda, fusilado na Caeira após um juízo farsa, no dia 17 de agosto, centra a atençom dumha jornada que nom tem reconhecimento institucional pola negativa do PP; mas para além desse bloqueio, e dando ideia da legitimidade que tem ganhado a data, cumpre salientar que os representantes do PP, num exercício de branqueio que tenta camuflar o seu passado franquista, assistem ao acto central da Galiza Mártir, celebrado em Poio. Desta volta, o conselheiro Román Rodríguez assistiu no nome do governo autonómico.
Muitos nomes, umha memória
Qualquer lista de vítimas é injusta, desde que deixaria fora inúmeras biografias das milhares que padecêrom perseguiçom polas armas, desde membros das elites republicanas da sociedade daquela altura, até destacados militantes da classe obreira, os mais deles envolvidos em ideários revolucionários. Segundo os dados que maneja a mais recente pesquisa universitária, em território oficialmente galego (sem termos em conta os dados da Galiza oriental, e nomeadamente do muito castigado Berzo) fôrom assassinadas na Galiza 4.699 pessoas, das que apenas 1.466 passárom por um juízo prévio, celebrado sempre sem garantias.
Entre os representantes de parte da dirigência da altura, que o franquismo se preocupou com exterminar sem contemplaçons, acham-se os quatro governadores civis republicanos, os alcaldes de quatro das sete grandes cidades, e 26 alcaldes de algumhas das principais vilas do país, por nom citarmos vários membros da oficialidade militar. Resultam incontáveis, por outra parte, as pessoas das classes populares que caírom por serem fieis ao seu compromisso anarco-sindicalista, socialista, comunista ou agrarista de esquerdas, todos e todas eles procedentes da classe labrega, marinheira ou proletária urbana. A modo de símbolo de todas aquelas geraçons rebeldes, a Galiza antifascista lembra cada ano ‘Os Irmaos da Lexia’, os irmaos corunheses, militantes obreiros e desportistas, que contam com um monólito de recordo em Guitiriz, arredor do qual este ano 2023 juntárom-se vários voluntários e voluntárias da memória.
Quanto ao galeguismo, e para além da citada homenagem a Bóveda, neste ano terá um relevo especial a homenagem ao ex-alcalde de Compostela, Ánxel Casal, agora que o poder municipal está em maos nacionalistas. No 18 de agosto, o Paço de Rajói acolherá um acto institucional de reconhecimento de Casal e de todas as pessoas retaliadas, com participaçom de membros da própria cámara municipal de Compostela, da Corunha (onde Casal residiu e militou), de Arçúa (de onde era originário) e de Teo (onde apareceu o seu cadáver). Precisamente em Teo o movimento social local, de mao da Associaçom A Oliveira, recordará a Casal na tardinha do dia 19, com um acto na gávia onde apareceu assassinado, junto com o socialista Pepe Areosa, há justo 87 anos.
Vindicaçom antifascista além de agosto
Se bem agosto, e particularmente este fim de semana que andamos, é o que concentra maior número de actos pola memória, as iniciativas populares nom acabam aqui. No sul da Galiza, na Límia, a vindicaçom da Galiza que se enfrentou o fascismo está a ter especial intensidade, e o Comité de Recuperaçom da Memória Histórica do Val do Límia prepara um novo acto para finais deste verao. Após instalar monólitos comemorativos em vários pontos da comarca, o Comité convoca a vizinhança e a base social ao Parque de Outeiro de Cela, em Mugueimes, o vindouro 17 de setembro, com a legenda “Homenagem às vítimas do fascismo em Moinhos. O Val do Límia nom esquece!”. Aliás da inauguraçom dum novo monólito da memória, intervirám familiares das vítimas e celebrará-se um recital poético e musical.