Um colega, a passada quinta-feira, foi dar um passeio à praia da Ponta, em Redondela, na paróquia de Cesantes, na enseada de Sam Simom.

É umha barra de areia que remata em ponta cara à ilha de Sam Simom. Quando baixa muito a maré essa ponta cresce e parece que chega a tocar a ilha.

Ao final da ponta de areia quando está a maré baixa há como umha base de formigom, desde há muitos anos, que servia para achegar o tendido elétrico ao Lazareto da ilha de Sam Simom, antes de ser campo de concentraçom.  

O tema é que alá chega o colega à praia e bota a caminhar por essa barra de areia. Ali na base de formigom colocarom umha escultura mui linda de Júlio Verne, lembrando “20.000 léguas de viagem submarina”.

Bem. O colega saúda a Verne, dá umha volta e observa que, alá ao longe, aparece umha parelha com um parasol pola parte da praia em maré baixa… Claro. A maré estava a subir. E o colega achega-se.

Bem se via que nom eram de ali. Estavam mui cubertos: pantalom longo, camisola longa, chapeu… Traiam umha esteira de cana de bambu…

El saca dum bolso quatro pedras e coloca cada pedra numha esquina da esteira. E vai dizendo à companheira como deve subir o pantalom até o joelho:

-Así, asi, um poquito más, um poquito más, muy bien.

Aquilo chama a atençom do colega e da gente que estava na praia, que havia bastante. Claro, a gente quando vai à praia coloca as toalhas por riba da linha das algas, onde nom chega o mar quando sobe a maré… Era curioso ver a gente toda na praia e, mais adiante, a muitos metros, aquela parelha colocando o parasol ao lado da água.

E a maré estava a subir…

Um vizinho, marinheiro, maior, duns sesenta, achega-se e com boa fe di-lhes:

-Amighos, ei, vai-vos subir a marea!

O home responde-lhe daquele jeito, com aquele tom:

– Me lo puede decir en español?

Entóm, o marinheiro fai umha pausa breve e di:

– Cogisteis el mejor sítio de la playa!