Todas as pessoas que somos aficionadas à literatura, do eido que esta for, acho temos em mente a mesma questom (que às vezes se converte num dilema) que gira em torno ao valor que tenhem as palavras para a vida e, sendo estas praxe em si mesmas também, para a transformaçom da realidade que nos rodeia. Engade-se a esta questom o feito de constituir a linguagem nom verbal umha porcentagem altíssima (maior que o das palavras) do feito comunicativo.

As palavras, como boa droga, podem ser sobre-dimensionadas, vangloriadas, ou, ao contrário, minusvaloradas e ninguneadas. É certo que os mitos, ou a história (História) se constroem com palavras do mesmo jeito que é certo que estas ocupam um lugar secundário, que é, simplesmente o seu lugar.

Ocorre o risco de que num mundo de sobre-informaçom e comunicaçom online obrigatória, dissociaçom do quefazer pratico, tecnologizaçom de absolutamente todo… as palavras ocupem lugares que noutros momentos históricos nom ocupavam e os gestos, certos actos e atitudes ocupem outros. Seja como for, nunca fugiremos do dilema que em si mesmo constituem, nem da dialética que acompanha qualquer processo humano.

O silêncio (ou mais bem, os silêncios), que som também um ato comunicativo importante, também necessitam dumha leitura desde a inteligência (ou mais bem inteligências).

Som palavras e silêncios mistérios em si mesmos, por isso nom deixaremos nunca de dar voltas a estas questons se nos preocupamos polo bem-estar próprio e coletivo: há palavras (também consignas) coletivas e silêncios coletivos do mesmo jeito que há ideias-força com maior ou menor poder e hegemonia e é um reto desentranhar os mecanismos mediante os quais estes conjuntos de ideias-força transcendem a realidade constituindo a possibilidade de novos cenários e horizontes.

A autodeterminaçom (com todas as palavras e silêncios que giram em torno desse conceito) é umha dessas ideias-força que nos auna a um grande número de pessoas neste país e que pola sua própria definiçom impede discriminaçom e caudilhismo algum. Por basear-se numha necessidade prática, popular, e ser fruto de fortes contradiçons históricas, o conceito do processo de autodeterminaçom (tanto pessoal como nacional) desvela-nos mistérios e potencialidades, assim como nos enfrenta com nós mesmes à hora de superar barreiras como o auto-ódio ou complexos de inferioridade.