Caminho pola rua como um dia qualquer. Ao longe, vejo achegar-se umha furgoneta de Vox que para diante dum semáforo, ao lado doutro carro. O outro carro é conduzido por umha mulher nova, é um carro humilde, azulado… Nom distingo a marca, mas si distingo um colante de “GZ” na parte de atrás.
O semáforo pom-se em verde, e observo que a furgoneta de Vox se quere incorporar ao outro carril. O carro azul nom lhe deixa. “Machistas!” “Asquerosos!” “Fascistas!”, a mulher increpa-os cum berro que semelha sair-lhe das entranhas: “queredes-nos nas cunetas como o meu avô, asquerosos!”
Observo como os dous homes da furgoneta de Vox fam gestos obscenos à mulher, e já perdendo a vista da situaçom, cos carros em movimento, como a mulher saca a mao pola janela em gesto ameaçante e rotundo: “Nom podedes com nós! Machistas de merda, é o vosso fim! O vosso fim, asquerosos!” Os fascistas da furgoneta, meio confundidos, torcem cara outra rua querendo sair do lugar.
Nom é o cenário dum ato performativo nem umha fantasia, é mais um acontecimento da realidade que nos rodeia. Por fortuna, a falta de forte organizaçom e contra-poder, si existem espíritos livres que nunca poderá borrar o fascismo, e certa esperança na rebeldia da gente de abaixo.
Essa mulher, espontaneamente, quijo fazer valer a força de todas as mulheres que luitam polos seus direitos a todos os níveis, e que estes asquerosos (si, asquerosos, é certo) querem tirar para trás. Com grande força e valor enfrentou-se ela soa a dous mangantes de notável perigosidade. Ela, ainda que nom o soubera, tampouco estava soa. À espreita estava eu, atente a todo quanto acontecia. Eu e seguramente mais pessoas que estavam a simpatizar com ela. Atentes, sem baixar a guarda, como se deve estar sempre ante o fascismo. Como diz um amigo meu “sempre há quem observe”, e essa jovem mulher, quase umha adolescente, tinha, ao pé da rua, mas também nas janelas das casas e nos terraços dos bares, cúmplices que saltariam à mínima que ela o solicitasse.