No contexto da greve do setor do metal na província de Ponte Vedra, iniciada o 15 de junho em luita por um novo convénio, do Galiza Livre conversamos com Esteban, trabalhador do setor e integrante da Plataforma de Trabalhadores/as do Metal, que nos dá a sua visom de como se está a desenvolver o conflito nas suas primeiras semanas.

Passadas as primeiras jornadas de greve, como se está a desenvolver?

Pois durante estas primeiras jornadas de greve sentem-se as ganas dos trabalhadores/as por melhorar umhas condiçons de trabalho mui precarizadas nos últimos anos, polo que se tornou num sucesso com grande participaçom, paralisando o setor e acudindo a umhas manifestaçons multitudinárias. O mais destacável destes dias foi fazer coincidir a greve com a feira Mindtech, organizada por Asime, onde lhe assestamos um bom golpe à patronal. Destacar também a unidade sindical e o compromisso combativo dos companheiros/as para luitar por um convénio digno, e para lhe lembrar aos sindicatos que nom aceitamos mais traiçons nem convénios sem avances que nos condenam a trabalhos precários e mal pagados.

Tu formas parte da Plataforma de Trabalhadores/as do Metal (PTM): como avalias as reivindicaçons formuladas polos sindicatos que dirigem a greve e os métodos que estám a empregar?

Da PTM já no mês de outubro publicamos umha tabela de reivindicaçons para o novo convénio em que pedíamos muito mais, sobretodo em matéria de salários e reduçom de jornada. Enviamos-lhe um correio às centrais sindicais solicitando umha reuniom para pôr em comum as reivindicaçons, obtendo o silêncio por resposta. Polo que desde a Plataforma avaliamos as reivindicaçons como insuficientes para um setor que leva aplicando uns convénios à baixa desde há muitos anos. Achamos também que todo o processo de negociaçom estivo mal pensado; reunions curtas e mui espaciadas no tempo que nom servem para nada, falta de informaçom às bases, inexistência de assembleias nos postos de trabalho, falta de unidade sindical e muitos mais despropósitos que só conseguimos rachar com a pressom da PTM. Por todo isto, nestas primeiras jornadas de greve a PTM está a levar um perfil baixo para que os sindicatos trabalhem o que nom figérom nestes últimos 14 anos e sintam a pressom dos trabalhadores/as para que nom assinem polas costas, sem consultar em assembleia.

A greve atual convocou-se logo de 14 anos sem convocatórias deste tipo, num setor tradicionalmente combativo como o do metal, especialmente o naval. Por que crês que demorou tanto umha nova convocatória?

Penso que os 14 anos que levamos sem greve no metal de Pontevedra som fruto de um plano orquestrado a níveis mais altos em que governo, patronal e sindicatos pactuárom, logo da crise de 2008 e a posterior recessom, umha paz social salvando os capitais empresariais e condenando a classe trabalhadora à pobreza e precariedade. Só assim poderíamos entender a falta de greves gerais. Mas concretamente no metal de Ponte Vedra levamos 14 anos em que desaparecêrom as assembleias nos postos de trabalho, onde os sindicatos nom informan nem a própria filiaçom e nalguns casos nem os delegados e delegadas. Catorze anos em que os convénios se negociárom de costas a nós aproveitando o desmantelamento do naval, o setor mais combativo, com o peche de Vulcano e Barreras. Convénios assinados à baixa sem avances e com subas irrisórias que criárom umha perda de poder adquisitivo insustentável. Em todos estes anos também se deu algo curioso: o sindicato maioritário na mesa de negociaçom nom assinava os convénios, o que significa que a CIG, sem estar de acordo com o que assinavam CCOO e UGT, seguia sem mobilizar os trabalhadores/as, fazer assembleias ou convocar greves. Nom se pode entender.

Até o ano 2021, em que se assina a traiçom sindical de CCOO e UGT dous dias antes da greve que a CIG também desconvoca, o que fai que nos auto-organicemos dando assim o germolo para o nascimento da PTM. Se neste convénio estamos em greve é polo trabalho auto-organizado dos trabalhadores/as do metal que pressionamos os sindicatos, que denunciamos o mutismo das negociaçons e que mesmo paramos a manifestaçom do 1 de Maio para lhes recordar a sua traiçom. Sabemos que os sindicatos querem lavar a sua imagem e que convocam a greve mais por recuperar credibilidade que por conviçom, mas imos aproveitar a situaçom e pressionar. Os trabalhadores/as já nom acreditamos nas suas mentiras, e sabemos que estám aguardando para nos atraiçoar outra vez, mas desta vez tenhem-nos em frente. A classe obreira manda.

O dia 22 o governo lançou contra vós as suas forças repressivas para proteger os interesses da patronal, como fôrom os acontecimentos?

Depois da anterior jornada de greve, em que a força dos trabalhadores/as conseguiu que a inaguraçom da Mindtech fosse um fracasso, o dia 22 o dispositivo policial apostou-se nas imediaçons do Ifevi denegando à manifestaçom convocada polos sindicatos e aprovada pola Subdelegaçom do Governo rematar o percorrido. Nesse momento e numha estrada tomada pola polícia e a Guardia Civil, ante a indecisom dos sindicatos, que nom tinham mais plano que aguardar ali, os trabalhadores/as propugérom ir monte através e tentar cortar a autoestrada, e entrar no recinto do Ifevi saltando o valado. Ali separamo-nos em dous grupos, um foi polo monte e outro seguiu pola estrada para cortar a autoestrada e a autovia no nó de Puxeiros. O grupo que foi polo monte conseguiu pechar a autoestrada uns minutos até que chegárom os antidistúrbios e começáom a cargar com a resposta de defesa dos trabalhadores. Alguns companheiros também chegárom ao Ifevi, entrando no estacionamento e enfrontando-se à polícia. Também o grupo de Puxeiros chegou à autoestrada, onde também houvo enfrentamentos com a polícia e a Guardia Civil. Todas fôrom cargas policiais brutais, disparando bolas de goma diretamente aos trabalhadores e deixando vários lesionados. Há que agradecer a combatividade dos trabalhadores para fazer frente aos lacaios da patronal.

Como pode evoluir o conflito nas próximas semanas, com novos dias de greve já anunciados? Como estám os ánimos pola vossa parte e que atitude vedes por parte da patronal?

É difícil predizer como vai continuar o conflito. Provavelmente haverá mais jornadas de greve com piquetes mais potentes, controlando que continue o setor paralisado e fazendo mais pressom nas ruas. Mesmo existe a possibilidade de ter que ir a umha greve indefinida, teremos que ir vendo como vai madurando o conflito, a dia de hoje já há quatro novas jornadas de greve convocadas para as vindouras duas semanas. É certo que tanto tempo sem greve fai que tenhamos que aprender de novo certas dinámicas de conflito mas os companheiros/as estám a apresentar muito compromisso nas manifestaçons e um grande espírito de luita. Da atitude da patronal nada novo, som os de sempre. Uns ruins e uns miserentos que querem encher os seus petos a conta dos trabalhadores por isso o único jeito de conseguir algo é com a força da classe obreira na luita, nas ruas.

A nível mediático, como consideras que estám a tratar o conflito os meios?

Os meios de comunicaçom de massas bem sabemos por quem estám pagos. Som umha pata mais do sistema e do empresariado, polo que aguardamos criminalizaçom da classe obreira e a vitimizaçom dos corpos de polícia, como pudemos ver estes dias em que querem apresentar os enfrentamentos como intento de homicídio, novas falsas relatando o bem que cobram os/as trabalhadores/as do metal e o bom convénio que tenhem, e todo o mal que fai a greve e os milhons perdidos polo conflito etc…

Algo mais que queiras engadir?

Agradecer ao Galiza Livre esta entrevista, obrigado.