Desde o passado sábado está disponível na rede o documentário “A grandeza das cousas pequenas”, dedicado à figura do recentemente falecido Manuel Vello Salvado, histórico galeguista da comarca de Ordes. Da autoria de Xosé Bocixa e produzido por Nós Televisión, o audiovisual elabora umha completa semblança do que foi um entusiasta militante da causa galega, e a um tempo fai um repasso por todo esse tecido social que ajudou a consolidar o nacionalismo nas últimas décadas do século XX e primeiras décadas do sećulo que andamos.
Manuel Vello finou no passado dezembro por causa dumha doença de ril que arrastava desde muito novo. Organizado desde a sua primeira tomada de consciência nas fileiras do BNG e no cristianismo de base de Irímia, dedicou a posteriori os seus esforços a Compromiso por Galicia, se bem a lista de iniciativas para as que contribuiu é tam longa que custaria glossá-la num artigo.
Em dúzias de conversas com pessoas que partilhárom com Manuel luitas e iniciativas populares sobressai o perfil dum homem especialmente devotado à defesa do idioma, colaborando com o reintegracionismo de base nas suas origens, à promoçom do tecido económico autóctone ou à divulgaçom da cultura autóctone, nomeadamente através do rock.
Vozes diversas
O documentário entrevista vários dos familiares de Manoel, ex-companheiros dele no histórico centro social O Tizón, da faculdade de sociologia da Corunha, na que estudou, do mundo dos meios em galego, da política municipal nacionalista ou da gadaria de Mesia. O comentário recolhe também o testemunho de dinamizadores da Associaçom para a Luita contra as Enfermedades de Ril (ALCER), na que Manoel se envolveu muito activamente a partir da sua doença.
Galeguismo desde a base em Ordes
À comarca de Ordes cabe-lhe um protagonismo especial na construçom do tecido de base nacional nas últimas três décadas, e em parte das iniciativas que o alimentárom estivo presente Manoel Vello, como se reflecte no documentário. Nos anos 90, a cabeceira de comarca foi berço dum dos primeiros colectivos locais reintegracionistas, Assembleia Reintegracionista de Ordes, de cujo vozeiro Manoel foi correspondente; na bisbarra também abriu um dos primeiros centros sociais do rural galego em chaves nacionais, O Tizón, em que Manoel tivo protagonismo. E em Ordes foi descoberta, há mais de duas décadas, a trama das “vacas tolas”, em boa parte graças ao labor de investigaçom de Manoel Vello, que levou a que o nacionalismo, e depois a mídia comercial, denunciasse este caso de ocultismo institucional.
A música que sona de pano de fundo do documentário é também feita na comarca: a cançom As cousas pequenas é obra de Secho e Garcia MC, e Nacín Libre é da autoria de Zenzar. No audiovisual inclui-se aliás a peça Días de escuela de Badana e Cortina, dos que Manoel Vello era seguidor.
Galeguismo moderado e independentismo
Mas quiçá a característica mais acusada de Manoel, além da sua entrega incansável ao País, foi a sua capacidade para o entendimento e o apoio de todas as iniciativas xurdidas da nossa comunidade nacional, do galeguismo mais centrista ao independentismo. Assim o salienta um dos entrevistados, o seu companheiro em Compromiso por Galicia Xoán Bascuas. Com efeito, Manoel Vello seguiu muito de perto a luita dos presos e presas independentistas desde os anos 90, e foi um dos assinantes da revista das JUGA Atreu. A começos deste século, contou boa parte da sua trajectória numha longa conversa sustida com a Escola Popular Galega, logo incluída no livro “Palavras com minúsculas. Experiências militantes na Galiza (1970-2005)”, que foi reproduzida neste portal aqui e aqui.