No passado inverno, oito colectivos sociais lucenses apresentavam publicamente a sua aliança para deter a construçom da chamada ‘Rolda Leste’, que conectaria o cruzamento da estrada da Fonsagrada com a N-VI e o HULA, levando por diante um dos espaços naturais mais senlheiros da Cidade das Muralhas. Nos últimos meses, sucedem-se as iniciativas para dar a conhecer os danos que se agocham por trás dumha obra “contrária à mínima sustentabilidade”. A plataforma, constituída por entidades como ADEGA ou a Associaçom Galega de Custódia do Território, confia em que o projecto poda paralisar-se pola oposiçom popular e institucional.

Projectada nos anos do boom do betom e a borbulha financeira, a Rolda Leste, segundo os seus promotores, os responsáveis autonómicos do PP, pretenderia dar serviço ao tránsito rodado dum Lugo de 250.000 habitantes, segundo se projectava nos informes urbanísticos. Na realidade, e embora os documentos previam que a capital histórica galega chegasse aos 150.000 habitantes no 2020, hoje a urbe nom chega aos 100.000. É por isso que um dos argumentos fortes da propaganda de “Salvemos o Vale do Rato” centra-se neste argumento: “nom há nenhum estudo de mobilidade que justifique a construçom dessa autovia, e que avalie a repercussom que vai ter na mobilidade da cidade”, afirma-se nos textos apresentados à sociedade.

Impacto ambiental notável

A organizaçom ecologista ADEGA, umha das assinantes da plataforma, tem manifestado que de se consumar a obra, um dos espaços verdes mais senlheiros da cidade iria estragar-se de maneira definitiva. “Criaria-se umha fronteira de betom, fragmentando o território e degradando os bosques autóctones da zona”, diz o comunicado da plataforma. As entidades que a formam lembram também que Lugo é a única cidade do Estado espanhol que se inclui dentro dumha Reserva da Biosfera, nomeadamente a de Terras do Minho. De feito, a paisagem objecto de atençom está incluída dentro do Plano Especial de Protecçom do Rio Minho (PEPRIM)

O rural, sacrificado

Como acontece historicamente no tracejado de rodovias na Galiza, as primeiras danificadas seriam as formas de ocupaçom do território nom homologadas ao modelo de estradas de alta capacidade, e neste caso, várias freguesias lucenses iriam ver afectada de maneira singular a sua vida diária. Os núcleos peri-urbanos de Bosende e Barbaim ficariam “recluídos entre duas vias de alta capacidade”, como afirma a plataforma; e para além dos trastornos na vida e actividade dos vizinhos, numerosos elementos identitários e paisagísticos passariam à história.

Legalidade duvidosa e escassa adaptaçom ao futuro

Na plataforma também recordam que a declaraçom de impacto ambiental que legitima a obra data de 2004, e que este deixa sem incluir certas novidades técnicas que se incorporárom ao projecto, com afectaçom evidente a certas espécies ameaçadas.

Mas o mais relevante, por palavras da plataforma, é que os efeitos da mudança climática som agora mais evidentes e dramáticos que há duas décadas, o que de por si resta legitimidade e racionalidade a umha obra feita por e para o transporte motorizado individual. O Plam de Acçom Lugo Cidade Verde, incluído na Agenda 2030, leva em conta a necessidade de pulmons verdes em todas as urbes, autênticos escudos contra a seca e as vagas de calor. Contraditoriamente, de se consumar esta obra, umha parte importantíssima do Lugo natural desapareceria baixo o betom.

Actividades e oposiçom

A Plataforma começou a sua andaina nos passados meses de março e abril com roteiros guiados por biólogos e umha mesa redonda na universidade, que contou com a presença de representantes políticos institucionais e ecologistas, e onde ficou patente a oposiçom contundente do BNG ao projecto.

Mas a controvérsia vai muito além: a própria alcaldesa de Lugo, Lara Méndez, do PSOE, declarou que embora a Rolda Leste tiver sentido, “nom se pode fazer a qualquer preço”. Há apenas umha semana, o Concelho fazia público um plano alternativo e oferecia à Junta negociar um traçado alternativo.

A oposiçom institucional ainda se reforçou na última semana de abril, quando a Deputaçom lucense pediu publicamente a paralisaçom das obras “enquanto nom se acadar um consenso”.