O 1º de Maio de 2021 dava-se a conhecer a Plataforma de Trabalhadores e Trabalhadoras do Metal de Ponte Vedra. Saíamos ao passo da traiçom sindical cometida por CCOO e UGT e da postura comprazente de umha CIG que ostenta a condiçom de sindicato maioritário no setor. E saíamos ao passo nom só com denúncia dos factos, senom parando as suas manifestaçons e chamando-lhes traidores à cara.
A traiçom tivo, na nossa opiniom, umha característica mui a ter em conta, pois é umha prática a cada vez mais estendida: a desconsideraçom absoluta das próprias bases dos sindicatos nomeados e, por extensom, do conjunto da classe obreira. Desconvocárom unilateralmente umha greve anunciada semanas antes para assinar um convénio lesivo sem organizar nem assembleias informativas.
Afirmar, polo tanto, que as cúpulas sindicais usurpam a soberania obreira (a começar pola da sua própria filiaçom) nom é umha invençom nem um ataque gratuito. Os factos estám aí.
Erguer e manter um projeto das características desta plataforma comporta umha grande dificuldade. Nom está de mais lembrar que isto foi feito por parte de trabalhadoras e trabalhadores submetidos a um esforço diário, físico e mental, difícil de imaginar para muitos dos que depois assinam alegremente convénios à baixa. Mas o desejo de justiça fai tirar folgos de onde nom os há se é necessário. Assim e todo, estando ainda mui longe do que aspiramos a ser, chegamos a este maio de 2023 com umha nova rolda de negociaçons para um novo convénio em marcha.
Van já seis reunions, tendo lugar a última o 24 de abril, e a desinformaçom do que aí se fala é total. Como isso é umha prática que só beneficia a patronal, pois alimenta a desmobilizaçom e um a cada vez maior desinteresse na luita por direitos laborais, fazemos público o conteúdo de quatro das atas às que tivemos acesso com os nomes e apelidos dos representantes das partes sentadas à mesa.
Mas há, na nossa opiniom, algo ainda mais grave do que esse secretismo que queremos denunciar com as seguintes perguntas:
- Por que se renuncia ao potencial da mobilizaçom obreira para condicionar a patronal já no período da mesa de negociaçons? Por que nom se convocam assembleias obreiras?
- Esquecêrom que, sem a classe obreira na rua, quem está numha posiçom de força na negociaçom é a patronal?
- Nom é suficiente insulto por parte da patronal querer cortar os dias de pré-aviso para nos deslocar, dos quatro atuais a dous, sabendo todas as perturbaçons que produz essa situaçom a quem a padece?
- Esquecêrom os “sindicatos de classe” o que é a exploraçom laboral? Quando a patronal fala de situaçons beneficiosas para ambas as duas partes, esquecêrom CIG, CCOO e UGT que os benefícios levam-nos eles e a nós dam-nos o imprescindível para malviver?
- Esquecêrom também que esses que tenhem em frente som o inimigo? Esquecêrom que vivem sem produzir, roubando o que nós produzimos, através de sofisticados mecanismos, para nos convencerem de que isso é o normal e que este sistema é o único possível?
- A que aguardam para ao menos tentar colocar em pé de guerra o proletariado metalúrgico contra esta situaçom?
Nós, como plataforma, imos continuar o nosso lavor dentro das nossas possibilidades. Quantos e quantas mais sejamos, fazendo parte desta iniciativa nascida espontaneamente no coraçom dos estaleiros da ria de Vigo, maior será o alcance e as possibilidades de incidir e condicionar tanto a patronal como os sindicatos.
Para este 1º de Maio chamamos novamente a concentrar-nos no farol de Urzaiz às 11h. Aí “saudaremos” as cabeceiras das manifestaçons dos sindicatos maioritários, que é onde costumam colocar-se os principais responsáveis da desinformaçom que padecemos em quanto à negociaçom do convénio, e que rematará, previsivelmente, numha nova traiçom sindical.
Dizia por aí um barbudo que o proletariado nom tem mais nada que perder que as suas cadeias. Imos caminho disso novamente, para mal, mas também para bem.
Até a vitória sempre!