Novas mudanças no cenário político do independentismo. A corrente militante que continuava a agir sob o nome de Causa Galiza vem de anunciar a sua autodissoluçom através de um comunicado publicado na sua página web.

No comunicado, feito público nesta segunda-feira, assinalam como motivos da decissom tomada um enfraquecimento organizativo que, indicam, “nom parece ter remédio”, assim como as dificuldades para o trabalho político resultado da criminalizaçom derivada da Operaçom Jaro e o conhecido processo judicial na Audiencia Nacional espanhola, que ameaçou com a ilegalizaçom da organizaçom e a entrada em prisom de várias militantes. Na sua análise, este assinalamento mediático “conduziu à atribuiçom e identificaçom da organizaçom com umha carga e apreciaçom social negativas incontornáveis”.

Na breve análise das causas desta dissoluçom, porém, o acento também é posto no debilitamento provocado polo que no comunicado se define como “confronto interno” padecido pola organizaçom. Confronto entre “dous setores” que teriam “diferente visom da açom e o trabalho políticos”, e que após umha crise interna em 2021 acabaria com a ruptura e “a separaçom dos caminhos políticos a percorrer”.

O fim da atividade pública sob a sigla de Causa Galiza nom significa, para esta corrente arredista, o fim do compromisso político, reivindicando no comunicado que o país precisa de umha organizaçom independentista e que esta deverá ser configurada nos vindouros anos, “ancorada na esquerda social e de vocaçom ruturista com o sistema capitalista”, dado que na sua interpretaçom “existe apoio nos setores galegos mais avançados para umha opçom de nítido compromisso e açom independentista”. Nesta linha, finalmente, chamam à criaçom de um “Foro de Debate Independentista”.

Umha história de instabilidade organizativa

A desapariçom da sigla de Causa Galiza, que iniciara o seu percurso como plataforma soberanista plural em 2007, supom mais umha mudança no mapa político do arredismo galego contemporâneo, historicamente lastrado pola instabilidade e descontinuidade a nível organizativo. O panorama atual é bem diferente do existente nom já nas décadas de 70 e 80 do século passado, mas mesmo do existente há uns poucos anos, tanto no ámbito mais geral como no de organizaçons setoriais juvenis ou de estudantes.

Fazendo umha recapitulaçom superficial, em 2014-15 assistíamos ao afundimento de umha das correntes políticas que animara a reativaçom independentista desde a segunda metade da década de 90, a representada por Primeira Linha e Nós-UP, de cujo naufrágio nasceu Agora Galiza-Unidade Popular. Por outra banda, o ano 2014 também viu a autodissoluçom de umha organizaçom juvenil referencial nas décadas anteriores, a Assembleia da Mocidade Independentista, cujo papel também fora central na reorganizaçom independentista com a que se iniciara este século. No ámbito juvenil as mudanças nom ficárom aí, aparecendo e desaparecendo em poucos anos outros projetos como Adiante, Terra e Xeira, enquanto Briga permanece desde 2004 e a Mocidade pola Independência dá os seus primeiros passos. Mesmo a organizaçom que se mantém como a mais veterana, a FPG, se viu debilitada nos últimos tempos pola cissom que deu lugar à criaçom do Partido Comunista pola República Galega, empenhado por sua vez numha reconfiguraçom do marxismo-leninismo galego em aliança com a citada Agora Galiza-UP.

Umha dificuldade para construir projetos políticos de longo percurso que contrasta com os avanços atingidos polo arredismo na construçom de projetos de base, no espalhamento social do reintegracionismo ou na própria expansom das teses independentistas, ao menos dentro do corpo mais amplo do nacionalismo, onde antes eram rebatidas e atacadas. Resta por ver se o que parece um processo de reconfiguraçom do movimento independentista, protagonizado por projetos como as Assembleias Abertas Independentistas, polos setores que se reclamam do “comunismo independentista”, pola mocidade ou por outras correntes políticas e pessoas, dam bons frutos nos próximos tempos.