Alejandro Vila é um activista do movimento popular lucense, e tem participado de projetos como o extinto local libertário A Engranaxe, ou da Plataforma Lugo sem Mordaças. Na actualidade foca os seus esforços no Centro Social A Hedreira, no bairro de Sam Roque, onde mora; o local, com pouco mais dum ano de vida tem aberto novas opçons de autogestom na cidade das muralhas. Galizalivre conversa com ele sobre a marcha do projecto.

Como nasce A Hedreira?

Um conjunto de activistas, maiormente procedentes de Lugo sem Mordaças, víamos a necessidade dum espaço. Na nossa experiência naquela plataforma, tínhamos constantemente o aprémio de topar locais para palestras, jornadas, diferentes actividades… e sempre acabávamos por solicitar espaços municipais ou universitários, com o certo ralentizamento que isto supom, ao dependermos sempre de instituiçons. Aliás, recordemos que em Lugo existem centros sociais municipais, mas nom estám geridos directamente pola vizinhança, senom que há intermediários.

Entom abriu-se um debate sobre se solicitar um espaço às instituiçons para o gerirmos nós, sobre se ocupar, sobre se funcionar com um local de aluguer. No primeiro dos casos, nom vimos muita claridade no concelho, polo que o descartamos; e quanto a ocupaçom, nom nos víamos com recursos suficientes para nos adentrarmos nessa estratégia, de modo que, finalmente, apostamos num local alugado, por pragmatismo.

Quem formades o centro social?

Há umha certa variedade geracional, desde pessoas que andam nos 30 anos, até pessoas reformadas, que beiram os setenta; isso, quanto à participaçom nas assembleias, logo é certo que às actividades vem gente muito nova. As mais de nós vimos dos movimentos populares de Lugo, e unimo-nos com umha definiçom ampla: movemo-nos abaixo e à esquerda, assim o plantejamos. Os nossos princípios som a autogestom, a horizontalidade, o ecologismo, a defesa da língua ou o feminismo.

Em que dinámicas andades envolvidos?

No ano que levamos funcionando, desde o março passado, concebemos um espaço físico onde vam confluindo diferentes projectos que geram as suas dinámicas, a partir do que aprova a assembleia. Agora mesmo temos funcionando obradoiros de costura, capoeira, K-pop, ‘Cinetiza’, onde vemos filmes e debatemos, além de teatro ou pole dance. Salientaria que muitas pessoas, mesmo docentes dos cursos, chegárom a nós por redes sociais, sem conhecer-nos, e ofercerêrom o seu conhecimento.

Nom demoraremos em pôr em andamento umha rádio, Rádio Fenda, que de partida será um podcast, mas que aspira a emitir em frequência com o tempo. Em Lugo existe a experiência de Rádio Clavi e há pessoas procedentes desse projecto.

Quais som as dificuldades que vos estades a topar?

Som fundamentalmente técnicas, e como acontece nestes casos, tenhem que ver com a consecuçom de recursos. No ideológico, por assim dizer, tudo funciona muito bem, conseguimos um espaço aberto que nom é o modelo ao que estamos afeitos, o clássico espaço do ateneu libertário ou centro social independentista; e ao sermos pessoas que nos conhecíamos de experiências anteriores, tudo flui muito bem. Mas claro, precisam-se recursos: funcionamos com as quotas das pessoas associadas e com ceias veganas que fazemos umha vez ao mês, mas precisamos reforçar a questom dos recursos para garantirmos continuidade.

Qual é a saúde actual do movimento associativo lucense?

Acho que todo o mundo percebe que o associativismo lucense tem umha idiossincrasia de seu, distinto a outros pontos do país. Há maior cooperaçom entre colectivos, o trato político muitas vezes tem umha dimensom pessoal, e isto facilita as cousas. Ora bem, nom estamos numha fase de eclossom, como a que se viviu noutros momentos históricos, caso do 15M, ou recuando mais no tempo na jeira de Nunca Mais. Vimos da pandemia, que freou muitas cousas, ainda que eu atreveria-me a dizer que estamos já numha fase de recuperaçom.