Há algo mais de um ano botava a andar A de Rousmeri na paróquia de Carói (Terra de Montes), um “ghalpom social” que desde entom desenvolveu umha intensa atividade cultural e reivindicativa. Do Galiza Livre falamos com as suas integrantes, numha entrevista coletiva, para conhecermos de primeira mao esta experiência de autoorganizaçom no rural.
Podedes-nos contar, para começar, como surgiu o projeto d’A de Rousmeri e que procurades com ele?
Há um ano partilhávamos a necessidade de termos um local no que ter autonomia, poder juntar-nos, levar a cabo os nossos projetos e fazer as nossas atividades; soubemos da casa de Rousmeri, e velaqui estamos! Na ata fundacional referíamos que queríamos um lugar de convívio sao, na medida do possível, um ponto de encontro e lugar comum e também um espaço cultural e de atividades várias que nos prestassem ao que poder ir sem ter que mover-nos à cidade.
E qual é o balanço deste primeiro ano de andaina?
O balanço é positivo, com erros e acertos, mas no geral, satisfatório. Temos programado todas as atividades que se propugeram: concertos, apresentaçons de livros, conversas, maquilhagem, jornadas várias… Tem-nos servido como lugar comum para copiar, acolher e iniciar outros projetos, como o das “toupadas-torna-jeiras” de ir fazendo choio nas casas, as pachangas semanais de futebol, um bote para arranjar ferramentas, ou mesmo tender pontes e colaborar no início de novos projetos pola comarca. Nom todos nos saem bem (a horta comunal, por exemplo), mas o que imos aprendendo polo caminho é digno de partilhar.
A diferença da maioria dos centros sociais da Galiza mais ou menos comparáveis ao vosso, que se encontram nas cidades, A de Rousmeri está numha paróquia rural como Carói. Como está a ser a experiência e que diferenças pode haver com os centros sociais urbanos?
É umha experiência como outra qualquer. Além disso, queremos refletir que nom é nada novidoso um centro social aldeao, que há locais sociais em quase todas as paróquias, muitos sem atividade, mas alguns com programaçom e atividades ao gosto das associaçons vicinais que os gerem, o que passa é que nós queremos que venha gente doutras aldeias e das cidades também, e igual a difusom das atividades é diferente. Por outro lado, a programaçom pode quadrar com o que se propom nas cidades porque os gostos e as inclinaçons de quem andamos agora no galpom quadrárom assim. As diferenças que podemos observar com um centro social urbano, som o entorno natural que, com excepçons, é umha maravilha, e a dificuldade de achegar-se ao galpom se nom tés meio de transporte, isso entendemo-lo como dificuldade também para que se achegue gente mais nova doutras aldeias, mas teremos que ver como melhorá-lo.
Falando um bocado mais desse contexto rural em que vos achades, como está a ser a integraçom na comunidade?
Nós somos parte da comunidade, o grupo que conforma Rousmeri está formado por habitantes locais de sempre, locais que levam muitos anos a viver na contorna e locais que levam menos tempo, mas habitamos o território com todo o que isso implica (participamos da vida social, política, comercial e laboral da comarca). Nesse sentido, a relaçom com a vizinhança é boa e mesmo que nom quadremos nas atividades próprias de Rousmeri há respeito e boa convivência. Ademais, pensamos que a participaçom nas atividades e no mesmo grupo do galpom é um processo que se coze a lume lento, que vai devagar, como todas as cousas de raiz funda.
Na vossa comarca há ativas diferentes luitas em defesa do território, participades nelas? Em que situaçom estám?
Participamos e colaboramos em todo o que podemos com a associaçom Alarma em Terra de Montes, e com a plataforma SOS Suido-Seixo Mina Alberta NOM. Agora mesmo há duas frentes polas que somar esforços: as macro-eólicas e a mineraçom.
Por um lado, a ofensa macro-eólica, que atravessa a comarca e o país inteiro e que aqui se pode resumir deste jeito: de vinte e pico parques que tínhamos em diferentes fases de tramitaçom, saírom 9 DIAs favoráveis (declaraçons de impacto ambiental), quatro nom favoráveis e estám saindo e por sair outros pendentes, agora temos em fase de alegaçons o parque “Ampliaçom Peniças” (alegade aqui!).
Por outro lado, temos o projeto mineiro Alberta I, da empresa Recursos Minerales de Galicia, filial do grupo Samca, que agora se atopa realizando sondagens, esquivando a caducidade do permisso de investigaçom, concedido há quase vinte anos e que a administraçom mantém vigorante. Um projeto que fragmenta artificialmente umha macromina, edulcorada e apresentada artificialmente em meia dúzia de minas ao longo de 20 km, que incluem 5 concelhos e na que se partilha o bolo com a empresa Strategic Minerals, que está a tramitar os projetos Alberta II, Carlota, Macarena e Maite.
Com estes coletivos locais e mais um feixe deles de todo o país estamos organizando o Encontro Burla Verde, que pretende encontrar-nos, e sobretodo, dar conta de que somos território em conflito, com muito a dizer e que decidir sobre o nosso futuro e com potencial e força abondo para mover marcos deste modelo mental e político que nos leva à destruiçom e à violência extrema.