Após quase cinco anos de trabalho como O Quilombo, em Ponte Vedra abre as suas portas um novo centro social, ‘A Pedreira’, situado no coraçom da Boa Vila, e com muitas novas ideias e iniciativas a prol do idioma, a Terra e os direitos nacionais e sociais. Falamos com um dos seus sócios, Borja Mejuto, sobre os reptos que enfrenta o colectivo nesta sua nova jeira.
Para quem nom estiver ao tanto, poderias fazer um balanço da experiência do Quilombo?
O Quilombo tem umha experiência que já vai para cinco anos; tivo diferentes ritmos, no início um pequeno grupo promotor tivo o mérito de ser quem de abrir um centro social no casco velho de Ponte Vedra. Aginha se medrou em actividade e em intensidade, por vezes demasiado frenética, como nos demos de conta com o tempo, polo que vimos que houvo erros e descuidos. A posteriori tentamos rectificar, e passamos a fazer actividades mais lentas e consolidadas. Dado que o local era provisório, decidimos fechar durante a pandemia, era um espaço muito pequeno e mui facilmente sobre-lotado, o que supunha, na altura, riscos sanitários. Pensamos que merecíamos um espaço melhor, umha cidade como Ponte Vedra merece um centro social de maior entidade que aquele, e nessas estamos, abrindo um novo local.
Porque esta mudança de nome?
Permite-me antes de mais fazer um pouco de contextualizaçom. Durante estes anos acumulamos forças, se bem é certo que a pandemia fijo melha, e certa gente ficou descolgada, em geral, alargamos o nosso motor e a nossa base. Conseguido isto, tínhamos duas opçons de local, e acho que escolhemos a melhor. Esta cêntrico, é grande, oferece possibilidades, e ainda que cumpre muita reforma que fazer, tem condiçons realmente boas. É por isso que estamos já semi-abertos, de feito fixemos duas inauguraçons, e resta por fazer a terceira, a verdadeiramente grande. Mas no entanto, há dous cursos em funcionamento, o que se soma à própria reabilitaçom, que está a funcionar como um verdadeiro curso prático de construçom e reforma, para qualquer pessoa interessada em aprender sobre o terreno. Aliás disso, temos teatro e ukelele, e aginha se somarám cantos de taverna, guitarra, gaita e percussom tradicional.
Quanto ao nome, polo que perguntas, tínhamos certa contradiçom com o nome do Quilombo: gostávamos da ideia de irmandade e internacionalismo que transmitia, assi como o antirracismo, mas também achávamos que nom exprimia demasiada galeguidade, e umha parte da gente discutia a apropriaçom cultural do conceito, pois lembremos que os quilombos estavam formados por escravos negros fugidos. Em assembleia geral, oferecêrom-se vários nomes possíveis, e a votaçom final deu por resultado A Pedreira, que é também o nome do bairro e da praça, umha praça de uso comunitário, sem terraças; acha-se entre o prédio novo do museu e a Praça de Abastos. O nome representa também um obradoiro, um ofício histórico… e além disso recuperamos um nome autóctone, pois a palavra ‘Mugartegui’ substituiu A Pedreira.
Que reptos enfrentades?
O principal repto é consolidar o centro social: cumpre trabalhar as suas potencialidades, assentar umha equipa de trabalho, que deve ampliar-se, e saber quem de incorporar gente das novas geraçons. Cumpre-nos continuar a integraçom no bairro, que está a ser muito boa. A ideia, a partir destas bases, é duplicar a base social, garantindo assim um apoio amplo ao projeto.
Em Maio já nos espera umha iniciativa ambiciosa, a Festa da Língua: terá teatro, paiasos, concerto, sessom vermu, e umha ruada reivindicativa. Nas jornadas prévias, haverá umhas sessons formativas sobre língua e normalizaçom.
Como é o grupo que promove a iniciativa?
Trata-se dum grupo variado e em crescimento contínuo: umha média de idade entre 30 e 40 anos, na sua maioria de classe trabalhadora, de ofícios vários… todas e todos eles procedemos do movimento social, e ali tenhem a sua origem: ecologismo, música tradicional, centros sociais…
Qual é a vossa relaçom com o governo municipal?
O certo é que até o de agora foi escassa, nunca pedimos demasiadas ajudas, nom sendo casos pontuais, nomeadamente apoiados pola Deputaçom. Nós reconhecemos os méritos que tem em muitas áreas, mas também criticamos os erros e faltas em certas políticas. No aspecto concreto da Festa da Língua, co-organizamos com a Concelharia de Normalizaçom Linguística, e a experiência está a ser excelente.
Em que saúde se acha o movimento dos centros sociais?
Definiria-o como umha situaçom de madurez. Existem mui diferentes realidades comarcais, mas vemos que seguem a nascer projectos, como o Arrabalde de Culheredo. Projetos veteranos como Mádia Leva, Faísca, Gentalha do Pichel, tenhem grandes locais e umha oferta enorme para a vizinhança. Sobrevivêrom à pandemia e reforçárom-se. E se digo que se trata de madurez, nom de senectude, é porque novos projetos seguem a abrolhar.