Perguntam-me que opino do polémico artigo Que sí pero no, escrito num jornal polo psiquiatra e psicoanalista Luis Ferrer i Balsebre. Nom vou opinar como pedagoga senom como mulher.
Ao meu parecer, do artigo deduz-se que nom se pode civilizar a sexualidade humana assim em singular. Ou seja, que para Luis Ferrer a sexualidade está fora da civilizaçom e é única em todo tempo e lugar. Suspeito que a situa nalgumha caverna do instinto animal ou do determinismo de certa psicanálise. Nom sei, entom como explica as enormes diferenças entre a sexualidade dos inuik, ponho por caso, e a sexualidade franquista. Ou as diferenças interindividuais entre pessoas do mesmo género. Por nom falar da falha de definiçom do termo civilizaçom.
O mais abraiante da opiniom de Luis Ferrer é comparar o fenómeno do destape dos 80 -após umha longa noite de pedra tamém sexual-, com um berro de liberdade feminina que todos celebramos. Nem se decata que os exemplos de destape que enumera no artigo som todos de mulheres. A quase meio século vista, nom compreende este psiquiatra que o destape dos 80 em Espanha, mais que liberaçom da mulher, supujo um boom da pornografia machista que tanto dano fijo em homens e mulheres pola sua funçom educadora dum tipo de sexualidade de cujos fruitos temos colheitado davondo hoje em dia. Acaso a limitaçom do corpo a mero objecto sexual de consumo (mormente de homens) nom agravou todas as condutas violentas atuais? É que esse destape quase exclusivamente feminino nom perpetuou a dobre moral da que vinhamos? Nom era um jeito de facilitar o consumo que satisfazia só o desejo masculino e a caixa registadora dum negócio fabuloso?. E com isso nom se estava preparando a sociedade a perpetuar a mulher-objecto tamém fora do leito conjugal? Nom espalancava as portas ao exibicionismo fornecido logo no mundo virtual?
Parece que o opinador nom tem por conduta machista que a umha mulher, só a umha mulher, se lhe pergunte nos meios de massas se dorme com pijama ou com roupa séxi porque seica isto resta ar de liberdade ao mundo cultural. Parece que o ministério de Igualdade (co que tenho bastantes discrepâncias noutros temas) nom deve meter-se com Youtubers quando fomentam condutas machistas e tenhem milheiros de adolescentes seguidores. Desde quando repreender ou legislar umha conduta machista é violar as liberdades?
De todos os jeitos, o mais obsceno deste artigo semelha interpretar a última campanha do 25m da Xunta de Galicia, si, a da moza correndo coas malhas deportivas (a quem se lhe ocorre!) com umha mensagem informativa de mera precauçom. Di o psiquiatra que é comparável aos avisos contra os roubos nos aeroportos. Suponho que a ideologia própria nom tem nada a ver coa ciência da psiquiatria, mas eu como mulher sinto-me agredida quando nada menos que quem preside a Associaçom Galega de Saúde Mental e pertence a Associaçom de Terapia Familiar de Galiza, compara o roubo da propriedade coa violência machista. (Nom será o subconsciente que tem por propriedade o corpo das mulheres?).
Alguém poderá acreditar em que as instituiçons estejam para informar ou alertar á precauçom. Se assim for o caso, por que nom informar e alertar aos violentos potenciais e nom as suas víctimas?
Confeso que mete medo que um profissional da mente humana fale de emoçons ingovernáveis como a luxuria, a atraçom fatal, os ciumes ou a violencia. Parece que estamos determinados às pulsons destrutivas desprezando o poder da educaçom e do controlo social.
O broche final do artigo é de tal grau de obscenidade e dum machismo tam cruel que nos fai subir as pulsaçons e fai-nos duvidar de se algumha vez saímos dos valores franquistas. Di así:
Es más real alertar de los riesgos que tiene vivir en sociedad que reivindicar llegar de noche a casa, sola y borracha. Que se lo pregunten al Chicle.
Além da falha de respeito á familia de Diana Quer -assassinada em agosto de 2016 na Póvoa do Caraminhal- e à sua memoria, nom é isto umha chamada à volta à minoria de idade das mulheres? Que vai ser o seguinte, que fiquemos na casa polo nosso bem? Nom sabe este psiquiatra de terapia familiar que na casa, entre o círculo dos achegados é onde mais violencia machista se comete?
Senhor Ferrer, mudar esta estrutura social violenta contra as mulheres é o nosso principio do desexo para que algum dia as nossas filhas ou netas o tenham por principio de realidade.