A imagem de Vigo promocionada pola mídia associa a cidade com os fastos das luzes natalícias, o furor do consumo, e a Galiza absolutamente urbana, escurecendo assim outras realidades. Umha delas, a existência dumha populaçom rural que pula por existir; e umha outra, a pervivência de dinámicas reivindicativas que por vezes ocupam o próprio centro. Onte mesmo, vizinhança de Beade, Sárdoma, Bembrive e Castrelos manifestava-se contra o projecto de vial PO-010.
Desde há um ano, a cidadania de Vigo tem notícia dos conteúdos dum novo Plano Geral de Ordenaçom Municipal (nas suas siglas oficiais, PXOM); numha cidade absolutamente motorizada, como é norma no modelo urbano dominante, prevê-se a construçom dum vial de alta capacidade com quatro carris. Este passaria polas freguesias de Beade, Bembrive, Sárdoma e Castrelos, e levaria por diante, quanto menos, 40 vivendas. Para além disso, umha importante zona verde dumha das cidades mais poluídas da Galiza seria destruída. Alarmados e alarmadas ante a ameaça iminente, vizinhas desta área constituírom há um ano a Plataforma de Afectados polo Vial de Beade (AVIVE).
Questionam argumentário oficial
A força institucional de Abel Caballero, reforçada pola longa operaçom propagandística da sua ‘cidade das luzes’, leva em muitas ocasions a tratar com desprezo qualquer oposiçom. É por isso que, num ano de reivindicaçom vizinhal, o mandatário negou-se a manter umha reuniom com a vizinhança em luita, e apostou em deslegitimar as razons das habitantes do rural. A única juntança institucional celebrou-se com a concelheira Maria José Caride, que transmitiu às vizinhas ‘a vontade de estudar as suas propostas’. Mas um ano depois do encontro, ainda nom há notícias da interlocutora municipal.
Segundo recolhe a plataforma nas suas redes sociais, num primeiro momento Caballero manifestou que ‘a nova infraestrutura apenas ia afectar umha casa em ruínas’, e que o seu objectivo era ‘ligar com o Hospital Álvaro Cunqueiro’. Meses depois, e dada a controvérsia crescente, o argumentário mudou: o alcalde afirmou entom que o vial pretendia melhorar as conexons do parque tecnológico de Valadares, e posteriormente para a Universidade de Vigo.
Para a Plataforma, o projeto recolhido no PXOM é muito claro, e a pretensom municipal de fundo, também: o vial, segundo o seu ponto de vista, serve para ampliar as instalaçons de PSA-Stellantis, isto é, fai-se a prol da mega-indústria automobilística da cidade.
Vizinhança na rua
Ponhendo um sério contraponto à cena idílica da iluminaçom natalícia, centos de vizinhas transitárom onte, com faixas e cartazes, as ruas mais cêntricas da cidade, denunciando ‘desvalorizaçom de propriedades, expropriaçons, perda de qualidade de vida, e deterioramento da biodiversidade’.
Este último aspecto nom é desprezível, precisamente numha cidade em que o movimento popular leva anos luitando contra a eliminaçom de zonas verdes e o recuo de espaços arvorados. É por isso que a plataforma vizinhal tem o apoio de colectivos como ADEGA, Ecoloxistas en Acción, Greenpeace e Amigos da Terra.
Alegaçons e informe técnico
Para além dumha intensa actividade (a Plataforma tem lançado acçons reivindicativas quase a ritmo de umha por fim de semana), a vizinhança mobilizada está a colocar a batalha também no plano legal. A começos do presente ano, quando se tivo notícia do projeto, mais de 5.000 alegaçons fôrom reunidas em tempo récord, e acompanhárom-se dum informe técnico que desmentia a pretensa utilidade social da obra.