Nesta época de Natal podemos mirar cara adiante e à vez mirar cara atrás. Podemos pensar em todo o que podemos meter no carrinho da compra, e logo pensar em todo o que devemos meter no carrinho, e pensar de novo na capacidade económica que temos de meter x cousas no carrinho. Temos ademais outras variáveis como o impacto ecológico do feito de meter cousas no carrinho da compra, e também se o nosso nível de felicidade aumenta ou diminui co feito de meter mais ou menos cousas no carrinho.
Neste capítulo, se a memória nom nos engana, divagamos cara o ano 2011. Na casa de Menganito e Fulanito pululara a ideia olhando umha notícia daquele Sindicato Andaluz de Trabajadores que entrava nos supermercados expropriando bens de primeira necessidade para distribui-lo na rua e como acçom reivindicativa.
Eram tempos nos que a esquerda grega era todo um referente, com os seus bairros okupados e os seus grupos de contrapoder revolucionário. Juntar um grupinho bom para umha acçom desse tipo era algo relativamente singelo na altura.
Menganito, independentista ele, levava-se muito bem com Filomeno, que vinha a ser um dos mais ativos do anarquismo galego na altura. Outras da sua panda andavam a pensar nalgo semelhante, e nom custaria juntá-las a todas. Também, entre a gente dalgum centro social autogerido da altura de tendência libertária, no que existiam tendas grátis com material de recicle, ou no que já se vinham organizando ceias colóquio com produtos expropriados no supermercado, se recebia bem a ideia.
A forma de falar era tam singela como contatar com Fulanita ou Menganita ou coincidir nalgumha manifestaçom, e propor a ideia. Depois, umha cita que nunca circulava por telefones mobiles, fazia o resto. Por vezes, algumha assembleia dalgum grupo de pessoas para aclarar o tema.
Sobra dizer que estes venhem a ser artigos literários, mas si é certo que provavelmente contenham certo parecido com a realidade. Para as cépticas, aconselhamos acudir às hemerotecas, porque, se bem muitos destes atos foram silenciados (agora, por causa das redes sociais seria quase impossível de silenciar), outros muitos nom o fôrom.
Foram arredor dumha vintena de pessoas as que entraram em mais dum supermercado em 2011, em princípio com normalidade, ataviadas com gorras e bragas, e encheram os carrinhos da compra até arriba. Como hoje, nom se alviscava mais futuro que a precariedade e umha crise que sementava misérias e possibilidades diversas.
Nom temos constáncia do resultado daquelas expropriaçons, de se a gente da rua reagiu positivamente ante os carrinhos da compra cheios depositados em pontos neurálgicos. Do que si temos constáncia é que umha das consignas que uniu, numha das expropriaçons coletivas, a todas as suas participantes na porta do supermercado, era a palavra “Bunker!”, e que ao final dumha delas, umha moça berrou, espalhando polo ar com toda a sua força panfletos reivindicativos sem sigla algumha, o lema Abaixo o capitalismo!