Em dezembro de 2002, há justo duas décadas, a Assembleia Geral das Naçons Unidas decidiu declarar o 11 dezembro como ‘Dia Internacional das Montanhas’, alentando à comunidade internacional para realizar acçons a todos os níveis que apostem na conservaçom destes espaços. O movimento popular galego tomou nota e, mais um ano, aproveita para chamar a manifestar-se contra a invasom eólica. Será no vindouro domingo em dúzias de localidades, de mao da plataforma ‘Eólica assi nom’ , que aglutina por volta de 200 colectivos.

Se bem a visom urbana das montanhas tende a contemplá-las como simples objectos de paisagismo, a ONU recorda, ao comemorar esta data, que as serras acolhem o 15% da populaçom mundial e por volta da metade da diversidade biológica do mundo, além de fornecerem água doze para a metade da humanidade. O agravamento do caos climático, com os glaciares a se derreterem a ritmo de vertigem, traz problemas de suministro para as habitantes das alturas, em muitos casos os sectores mais pobres do mundo.

Montanhas galegas em perigo

A proliferaçom desses peculiares polígonos industriais que som os parques eólicos está a agravar na Galiza, segundo denunciam as plataformas mobilizadas, a despopulaçom rural, condenando ao êxodo aquelas pessoas que, como proprietárias de exploraçons agrárias, nom podem combinar o seu estilo de vida com as condiçons de sobre-ocupaçom do solo e ruído que traz consigo a indústria eólica. Para além disso, o ecologismo tem advertido dos danos irreparáveis destas infraestruturas na avifauna, na riqueza botánica, e também nos aquíferos, alterados polo movimento de terras que supom o traçado das conduçons eléctricas no subsolo.

Eólica assi nom

Com a legenda ‘Na Defesa das Montanhas. Temos alternativa’, a plataforma Eólica assim nom pujo em andamento a sua infraestrutura, composta por mais de duascentas entidades, as mais delas de base comarcal. Confiantes na necessidade dumha transiçom energética para a descarvonizaçom, pontualizam porém que esta deve fazer-se ‘sem espoliar o território, e protegendo a biodiversidade.’

As mobilizaçons serám descentralizadas e nalguns casos incluem a subida a pico senlheiros da nossa Terra: celebrarám-se em lugares como Avanha, Fonsagrada, Cambre, Foz, Meira, Antas de Ulha, Coristanco, Mondonhedo, Moeche, Lugo, Bezerreá, As Cruzes, Moanha, Ponte Vedra, Forcarei ou a Límia.

No comunicado da convocatória, as convocantes ponhem em causa ‘um desenvolvimento massivo, sobre-dimensionado e sem planificar das instalaçons eólicas (…) que em ausência de políticas de poupança e eficiência da energia, ocasiona múltiplos impactos irreversíveis. Nom há excepçons à sua localizaçom: proximidade às vivendas, invadindo tanto zonas de interesse agrogadeiro como espaços naturais protegidos, ou mesmo literalmente por cima de petróglifos’.

‘Invasom’ e perda de recursos

A plataforma recorda que existem mais de 300 projectos de energia eólica em tramitaçom na nossa Terra, alguns deles ilegais; se ainda levarmos em conta as linhas de evacuaçom e outras infraestruturas associadas, concluem que todo o plantejamento estatal e autonómico ‘pom em risco’ a sobrevivência do rural, assim como o seu equilíbrio ecológico.

Mas, contra umha visom parcial, tampouco o mundo urbano galego se livrará dos efeitos destes planos gigantescos, de chegarem a aplicar-se: enquanto as e os habitantes do rural ‘os grandes esquecidos’, segundo a plataforma, vem prejudicadas as economias locais e qualidade de vida dos seus habitantes’, o conjunto do povo galego verá como umha enorme percentagem da sua produçom eléctrica irá encaminhada à exportaçom. ‘Eólicos assim nom’ pretende desmontar também o tópico do abaratamento da luz por mor da proliferaçom eólica: ‘enquanto as eléctricas triplicam os seus lucros , o preço da luz sobe’, o que desmonta a falsidade de que ‘a mais parques eólicos mais barata será a factura da luz.’ Para agravar o panorama, se levarmos em conta que o 80% da populaçom da CAG se abastece de água potável nascida nas nossas montanhas, podemos imaginar o efeito dos 300 projetos industriais em andamento no médio prazo, quando a Galiza já é atacada por secas pertinazes.

Quem quiger consultar as alternativas sociais e energéticas apresentadas pola Plataforma pode fazê-lo neste documento, que se fijo público no passado