Depois de que a passada cimeira mundial polo clima -conhecida como Cop27– rematasse sem acordos vinculantes para deter o ascenso da temperatura global em 1,5º, a acçom mobilizadora e desobediente pola justiça climática continuou em muitos pontos do Planeta, com especial protagonismo de cientistas rebeldes. Para além das acçons de rua, cada vez existem monitorizaçons mais concretas dos principais agentes do caos climático, disponibilizadas por observatórios internacionais. Um deles, Climate Trace, vem de publicar dados que ponhem em causa os dados oficiais de emissons na Galiza, e concretamente refere-se aos efeitos funestos da Refinaria de Repsol na Corunha.

O caso de Climate Trace

Climate Trace é umha iniciativa xurdida do interior do sistema, mais concretamente dos sectores do capitalismo verde liderado polo norte-americano Al Gore, que é um dos seus fundadores; representa portanto um sector político e económico pouco dado a exagerar a gravidade da situaçom, e ainda confiante em que umha chamada ‘transiçom às renováveis’ guiada pola lógica do lucro poida inverter a situaçom. Al Gore, junto com várias consultoras e meios de comunicaçom, pujo em andamento metodologias baseadas em satélites e em inteligência artificial para registar em tempo real o aumento de emissons. No passado mês, a entidade fijo público um detalhado inventário de emissons de gases que se apoia em, 81087 fontes individuais.

O caso galego

No que toca mais perto ao nosso povo, a refinaria de Repsol na Corunha, um autêntico emblema do capitalismo fóssil, Climate Trace indica que no passado ano emitiu até 1,46 milhons de toneladas de gases que contribuem para o efeito estufa. O chamativo do dado é que praticamente duplica as cifras oficiais fornecidas pola empresa, e que se divulgam no chamado Regime Europeiu de Comércio de Direitos de Emissom (RCDE). A disparidade de critério tem explicaçom, segundo revela o Observatório Galego de Acçom Climática, pois Climate Trace realiza mediçons mais exaustivas e rigorosas.

Se o RCDE considera apenas as emissons de dióxido de carbono, a entidade que nomeamos inclui aliás as de metano e óxido nitroso; além do mais, Climate Trace, numha visom mais global, leva em conta também as emissons associadas à electricidade consumida; segundo esse critério, a factoria corunhesa consumiria no 2021 quase o equivalente ao que consomem todos os fogares da província de Ourense; o que viria a supor umhas emissons indirectas de 31.500 toneladas.

O Observatório de Acçom Climática da Galiza é cauto na análise, e afirma que ‘se precisaria dum juízo experto independente para esclarecer em que medida os dados e as metodologias utilizados em cada caso som capazes de achegar estimaçons mais atinadas’. Seja como for, o Observatório adverte que ‘no caso de os cálculos de Climate Trace serem mais aproximados, estariam-se a infravalorar sensivelmente as emissons reais.’ Se assim for, e Climate Trace tiver razom, a Refinaria de Repsol da Corunha poluiria o equivalente ‘às emissons de todo o tránsito urbano na Galiza durante o 2020’, isto é, um total de 1,5 milhons de toneladas.

Outras fontes de poluiçom

As pessoas interessadas em conhecer polo miúdo o papel de algumha das indústrias de enclave galegas no aquecimento global podem-no fazer com esta secçom de descarga de dados de Climate Trace, e também explorando um mapa na que figuram as 500 maiores fontes poluintes a escala global dentro de cada sector.

Assim, e segundo nos recorda o Observatório, iria-se confirmar o negativo papel no quecimento global da factoria de Megasa em Narom, umha grande produtora de aço e reciclagem de ferralha, da cementeira Votorantim em Oural (Sárria) e dos três aeroportos da Galiza. É sabido que, ainda que as valoraçons difirem segundo o método empregado, o transporte aéreo contribui no mundo até um 3,5% da emissom de gases, e que o conjunto do transporte eleva esta cifra ao 25%