Tal dia como hoje, em 2011, os militantes galegos Eduardo Vigo Domingues e Roberto Rodrigues Fialhega ‘Teto’ entravam na prisom de Soto del Real em regime de isolamento, após umha operaçom policial que detinha seis pessoas em Vigo, Compostela e Lugo, assaltando e saqueando vários domicílios. Duas das detidas, Jessica Rodrigues e Catalina Alonso, eram postas em liberdade após dous dias de lei antiterrorista; por seu turno, Maria Osório e Antom Santos eram também recluídos na cadeia, de onde sairiam cinco anos depois. Eduardo e Roberto, por seu turno, seguem presos desde aquela, na que é a condena de prisom continuada (sem permissos) mais longa do independentismo galego.

A rusga de Novembro de 2011 pretendeu ser um golpe severo contra a luita ilegal do independentismo, que durante toda a primeira década de século lançara umha dinámica de sabotagens contra bancos, imobiliárias, partidos espanhóis ou grandes obras públicas consideradas atentatórias contra a Terra e vizinhanças afectadas. No ronsel dos ‘Manifestos pola resistência galega’ publicados na internet em 2005 e em 2011, as acçons violentas contra interesses político-empresariais fixeram-se parte da paisagem galega, o que motivou umha intervençom policial mais decidida. Primeiro focou-se na perseguiçom da luita ilegal e, uns anos mais tarde, no ataque ao activismo de rua, como demonstrárom as Operaçons Jaro contra Causa Galiza e Ceivar em 2015 e 2017.

Pesadas condenas

Se bem os tribunais espanhóis e, provavelmente, os poderes fácticos, deixárom sem efeito a puniçom carcerária das estruturas sociais e políticas independentistas, permitindo o trabalho legal (como se demonstrou na absolviçom das encausadas nas Operaçons Jaro), nom aconteceu assim com aquelas militantes alegadamente envolvidos na resistência violenta. Em Junho de 2013, o tribunal de excepçom espanhol condenava a Vigo e a Rodrigues a dezoito anos de prisom, e a Santos a Osório a 10. Após a reduçom de condenas decretada polo Tribunal Supremo, os dous primeiros militantes pagam umha condena de treze anos e nove meses, enquanto os segundos vírom reduzidas as suas penas a cinco anos e cinco meses. Em sucessivos juízos, a Audiência Nacional validou a tese de ‘pertença a organizaçom terrorista’, a mesma que serviu para condenar a dous militantes galegos, Antom  Garcia e Assum Losada, a inícios deste ano, a pesadas condenas de mais de duas décadas.

Periplo carcerário

Vigo e Fialhega venhem de passar já mais dumha década em cadeias espanholas; sempre submetidos ao regime FIES, com o seu corolário de especial vigiláncia e espionagem da intimidade, e durante quase dez anos submetidos aos estritos protocolos da dispersom: entre outras, conhecêrom as cadeias de Navalcarnero, Soto del Real, Ocaña, Córdoba, ou Dueñas. Em 2020, num contexto de relativamento abrandamento dos critérios carcerários contra as presas e presos políticos no Reino de Espanha, marcado polo fim da luita armada, fôrom destinados à Lama e Teixeiro, onde se fai mais possível umha certa cercania com o seu entorno sócio-político e familiar.

Punitivismo político com poucos precedentes

Vigo e Fialhega entrárom na prisom com 26 e 34 anos respectivamente, e na atualidade tenhem 37 e  46; praticamente a metade da sua vida adulta leva transcorrido trás as grades. O seu caso, como o de resto de presas e presos independentistas, mereceu a solidariedade de organismos como Ceivar ou Que voltem a casa!, e as vulneraçons flagrantes de direitos (como, no caso de Fialhega, a proibiçom de assistir ao enterro do seu pai) fôrom denunciadas por colectivos como Esculca; também os cargos públicos nacionalistas, ou sindicatos como a CIG, pedírom no seu dia o fim da dispersom.

A puniçom que enfrentam ambos os militantes é enormemente severa, e levam sem pisar a rua umha quantidade maior de anos que muitos presos ou presas acusados de delitos sem motivaçom política, mesmo alguns deles de sangue.

Para nos retrotrairmos a um caso de puniçom tam rigorosa temos que recuar aos anos 90, e à geraçom de presos e presas do EGPGC. Na altura, alguns dos militantes implicados no tiroteio de Irijoa, em 1989, em que morrera um guarda civil, estiveram continuamente em prisom desde esse mesmo ano até o ano 2000, quando começaram umha dinámica de permissos que rematou em terceiros graus e liberdades condicionais.