Na aldeia apenas caminham os gatos, e algumha mulher ao escampar a recolher isto ou aquilo. Quando cai o sol já nom abrem alguns bares nem há outra cousa a fazer que recolher-se entre o ladrilho ou a pedra. Se bem aqueles bares cheiravam a noxo e decadência.
Aqueles tempos de aldeias cheias de vida já é memória de geraçons anteriores, antes ainda do pachangueio cutre e dos calendários do Real Madrid.
Quem vimos do rural olhamos as ruas empedradas de qualquer cidade e pensamos numha casa por dentro que logo nom tem que ver com o que vimos ou vivemos na infância. Que distinta a infância no rural e no urbano, quantas vezes o pensaria tanta gente.
O certo é que a nossa geraçom já vive ou viveu materialmente pior que a anterior, se bem a anterior da anterior passou-nas canutas para terem o que tivérom, e ademais fôrom comidas polo franquismo. Há umha especie de segredo a vozes, ou de fantasma, que percorre muitas famílias enganando-se com que todo há ser melhor, ou que aquilo que vivérom as avôs e que nom soubemos nunca mui bem como era, nom há voltar. Provavelmente muitas situaçons já voltaram nalguns setores sociais mas doutro jeito; outro tipo de desnutriçom e outro tipo de misérias, mais sútil e, por isso, provavelmente mais fodida. Males de todo tipo que se consideravam esquecidos, e que ante os que simplesmente nom se fala e nom se comunica a aprendizagem acumulada para resolvê-los.
Um desses males bem pudera ser a paponície. No IES de Ames houvera um professor que sofria dela; bebia álcool ao vir a aulas, e também as alunas fumávamos haxixe antes destas. Ele habitava imaginariamente o País de Papónia, e as suas aulas, supostamente de História, iam sobre isso. Parece ser que tinha um contato na Conselheria de Educaçom que lhe evitava problemas. Tal vez por intuiçom proletária, como dizia o outro, o professor em questom rematou levando de hóstias por parte dalgum aluno, mas nom por nada académico.
Hoje como ontem, por desgraça, seguimos a luitar contra a paponície e o caciquismo. E já este ano que entra venhem as eleiçons municipais para lembrá-lo, sem que de momento se advirta a criaçom de nenhuma candidatura cum porquinho à cabeça como tinham feito várias vezes as estudantes na Universidade de Compostela.