Por segundo ano consecutivo, e após a vitória judicial na Operaçom Jaro, o independentismo volveu celebrar o Dia da Galiza combatente; se em 2021 fora Corunha o empraçamento escolhido, desta volta foi a vila de Burela, na Marinha, no dia 15 de outubro. A lembrança foi dedicada a José Manuel Samartim Bouça, ‘Martinho’, que residiu precisamente nesta localidade nos anos finais da sua vida, como trabalhador dos estaleiros. Num dia chuvioso, umha concentraçom vindicou a figura deste luitador, e um jantar de convívio com concerto, celebrado posteriormente, serviu como apresentaçom dum caderno formativo.
Desde há um mês, as Assembleias Abertas Independentistas disponibilizaram um blogue na rede que recolhia distintas achegas – escritas e fotográficas – à vida de Martinho e ao seu compromisso social e político. Desde os seus inícios no nacionalismo juvenil e no sindicalismo ferrolao, até a sua etapa de madurez e enorme compromisso nas fileiras da guerrilha independentista do EGPGC. O blogue também punha o foco na que quiçá foi umha jeira menos vistosa de Martinho, mas que tivo a mesma importáncia que as anteriores: a sua saída da cadeia para se envolver nosroteiros pola memória histórica, nos centros sociais, em NÓS-UP ou Causa Galiza, sem esquecer umha solidariedade com presos e presas que jamais abandonaria.
Concentraçom
Arredor dumha faixa com o rosto de Martinho, por volta de 50 pessoas com bandeiras da pátria reunírom-se na Praça do Concelho para recordar a sua trajectória, incluído o seu passo pola vila de Burela. Como representante das geraçons mais veteranas, Árias Curto recordou no seu discurso o seu primeiro contacto com Martinho na clandestinidade, na década de 80, as duras detençons que padecêrom, e o seu logo e frutífero convívio na prisom de Herrera de la Mancha.
Por seu turno, Maria Bagaria, no nome das Assembleias Abertas, ofereceu a perspectiva sobre este militante do ponto de vista das geraçons posteriores, que abraçárom a causa independentista no século XXI. Bagaria vindicou o sentido da legenda do acto ‘Lideranças amorosas da Galiza combatente’ para pôr de relevo atitudes essenciais ao militante ferrolao, e que iam além do valor ou da capacidade de trabalho: ‘a humildade, a bondade, a disposiçom a fazer os trabalhos menos vistosos’, aspectos que, segundo enunciou ‘muitas vezes deixamos em segundo plano no nosso modelo militante.’
Convívio e ediçom
Rematado o acto, as e os assistentes deslocárom-se ao CS Xebra, que acolheu umha sessom vermú com o rapeiro KaveGZ, e posteriormente um jantar de irmandade. A ocasiom foi aproveitada polas Assembleias Abertas para distribuir o caderno de formaçom ‘Martinho: lideranças amorosas da Galiza combatente’; o livrinho conta com várias semblanças do militante, umha delas assinada por Antom Garcia Matos, que partilhou com ele projecto político-militar, detençom e cadeia nas décadas de 80 e 90, e a quem o unia umha grande amizade. Aliás, o livro inclui curtes de imprensa da época, reproduçons de artigos do vozeiro da JUGA, o Atreu, a crónica do próprio Martinho sobre a sua detençom, fotos de roteiros e actos reivindicativos. A publicaçom estará disponhível em vários centros sociais do País nas vindouras semanas.