Entramos no outono e, mais um ano, o ciclo mobilizador parece renovar-se. Neste 2022, marcado polos mega-incêndios, a seca e a crise energética global, o movimento social polo clima ocupa muitas ruas do mundo, também as de algumhas importantes cidades da Galiza. Fridays for Future-Juventude polo Clima e Extinçom Rebeliom ou Ecologistas em Acçom som alguns dos colectivos convocantes, que projectam aliás numerosas iniciativas locais.
Juventude polo Clima, um dos colectivos mais activos na resposta à crise climática e às suas consequências sociais, leva mantendo nas últimas semanas umha intensa campanha, nomeadamente em redes, com as legendas ‘Democratiza a energia’, e ‘Gente, nom lucros’. A ideia força do movimento é sensibilizar a sociedade e pressionar os governos para umha transiçom decrescentista ‘que tiver em conta as pessoas’. A mocidade organizada no movimento climático denuncia que ‘a pesar de todos os sinais de alarma que trouxo consigo a crise energética, seguem sem dar-se passos necessários para atalhar a raiz do problema, algo de especial gravidade, tendo o inverno às portas, e sabendo da urgência que requer agir para evitar as piores consequências.’
Levando em conta a dimensom social da crise na que nos estamos a adentrar aceleradamente, de Juventude polo Clima esclarecem que ‘estas crises nom afectam todas as pessoas do mesmo jeito, nem todo o mundo contribuiu para elas de igual maneira. Som as pessoas com menos recursos económicos as que mais dificuldades vam topar para se adaptarem às mudanças que se avizinham, mas som também elas as que menos fixérom por levar ao planeta na situaçom na que está.’
As mobilizaçons do passado fim de semana demandam umha mudança radical de políticas climáticas ‘ponhendo no centro as pessoas, os corpos, os territórios e a Terra, sem deixar ninguém atrás, onde ter acesso à energia for um direito, nom um privilégio.’
Na Galiza, as mobilizaçons tivérom lugar em Compostela, Corunha, Vigo e Ourense. Na capital do país, as actividades decorrérom no palco da Alameda, e tivérom umha dimensom formativa: celebrou-se um colóquio sobre estratégias de resiliência ante o caos climático, que dou lugar a um concerto de Amorodo; na Corunha, a mobilizaçom estudantil tivo lugar ao meio dia no cámpus de Elvinha, como acçom prévia à manifestaçom que saiu às 20h do Obelisco. Aliás, durante o dia decorrérom actos formativos; em Vigo, a mobilizaçom partiu às 20h da tarde da Porta do Sol; e em Ourense, desde a Praça do Ferro, a manifestaçom reforçou-se com batucada e dirigiu-se até a Praça do Concelho.
Dinámicas locais
As jornadas enquadram-se num processo mobilizador desde a base que nasceu no nosso país em 2019, ano em que tivérom lugar as primeiras acçons públicas de diversas entidades contra o caos climático; a paralisia do covid, junto com a legislaçom restritiva em matéria de liberdades, e umha certa comoçom postvirus, freou a dinámica. Em 2019, umha das vozeiras do movimento, a activista Eme Bañón expunha em entrevista no Nós Diario as linhas mestras da acçom social contra a extinçom, e salientava a importáncia da dimensom comarcal e local na nova dinámica.
Hoje, com a sociedade parcialmente recuperada daquele golpe, as iniciativas sucedem-se, alentadas aliás por um clima mais e mais ameaçador.
Em Vigo, várias entidades venhem de constituir ‘Vigo polo Clima’, que se soma a plataformas semelhantes, tais como ‘Lugo polo Clima’, ou ‘Nais polo Clima’. Em manifesto anunciado nestos dias polos meios, a plataforma declarou que a sua principal pretensom é pressionar as administraçons, nomeadamente a local, dado que o concelho de Vigo é um dos que de maneira mais chamativa incumpre a mínima legislaçom ambiental.
Como tem denunciado Ecologistas em Acçom, se bem o concelho presidido por Abel Caballero assinou há três anos umha declaraçom de emergência climática no cenário mobilizador de 2019, ‘a dia de hoje, nom adoptou nenhuma das medidas comprometidas para encarar a situaçom’. As ecologistas lembram que, contra o declarado polo concelho, este tem prosseguido numha política arvoricida no casco urbano, tem um dos transportes públicos pior valorados do Estado, e fomentou novas rodovias, como o PO-010, que incrementam ainda o tránsito rodado.
Na Corunha, as acçons climáticas proliferam também, com umha dimensom tanto formativa como mobilizadora. Na semana passado, Ecologistas em Acçom organizou um encontro de ‘Bairros polo Clima’, com o fim de divulgar possíveis iniciativas autogeridas para adaptar a vida urbana a cenários de alta incerteza energética e ambiental. No contexto das mobilizaçons do fim de semana, na cidade herculina também se abordou a estratégia de desobediência civil como ferramenta de pressom às autoridades, com especial atençom à resistência lançada polos cientistas do movimento ‘Science Rebellion’. Como culminaçom de dias intensos de acçom social, o Domingo, o colectivo ‘Foi polo Vento’ convocou também umha manifestaçom na Corunha contra a depredaçom dos nossos montes a maos da patronal eólica.