Quem passear polos portos da Corunha e Vigo, historicamente dos mais importantes do Atlántico, pode abraiar-se do tamanho colossal dos cruzeiros recreativos que com certa periodicidade atracam no peirao. Este tipo de turismo, associado logicamente com o lazer dos mais privilegiados, atrai milhares de pessoas de alto poder adquisitivo às ruas das nossas capitais costeiras; menos conhecido é o facto, porém, deste turismo ser um dos maiores contribuintes à catástrofe climática, segundo revela agora Ecoloxistas en Acción.

A web oficial do Porto de Vigo gava-se de que a cidade olívica “acolhe cada ano as companhias mais importantes. As suas infraestruturas e terminais permitem oferecer -continua o texto- o melhor serviço a todo tipo de barcos de cruzeiro”.

Segundo os dados oficiais, em 2011 registou-se o ponto mais alto de turismo de cruzeiros em Vigo, com 118 escalas de barcos de luxo que fixérom chegar à cidade 253.000 pessoas. Ao longo da última década, o porto escolhe 75 escalas anuais. Pola sua importáncia, o Porto de Vigo fai parte das principais associaçons de portos de cruzeiros do Atlántico europeu, como CRUISE EUROPE e CLIA.

Na sua linha apologética das actividades económicas dominantes, por poluentes ou discriminativas que forem, a imprensa local viguesa congratulava-se de que Vigo ‘recuperava posiçons após a parálise absoluta do Covid’. Com efeito, a cidade superou em 2022 a capitais como Bilbo ou Leixões, em Porto, e está muito por diante da Corunha. Mas também os responsáveis do Porto da Corunha, segundo reconhecem na sua web, estám a potenciar este modelo turístico destinado ao consumidor de alto poder adquisitivo: ‘a ubicaçom do peirao de transatlánticos, no coraçom da cidade -diz este organismo- permite aos cruzeiristas aceder rapidamente à zona comercial da Rua Real, ir de petiscos e gorentar a gastronomia local’. 

Retrato do privilégio

O facto de que estes turistas estejam dispostos a pagarem quantidades que superam os 1.000 euros por menos de duas semanas -e, nas suas versons de luxo, alcançando os 6.000 ou 9.000- dá ideia do perfil sociológico da turista de cruzeiros.

Se seguirmos as estatísticas fornecidas pola Associaçom Internacional de Linhas de Cruzeiro, e baseado num estudo levado a cabo nos Estados Unidos e no Reino Unido, o 97% dos passageiros tenhem ingressos anuais por cima dos 40.000 dólares, e com um ingresso médio familiar de 90.000 dólares; o 93% som brancas/caucásicas, o 65% tenhem estudos universitários, e o 24% som posgraduados.

Um custo ambiental apavorante

Nestas semanas, Ecoloxistas en Acción soma poderosos argumentários contra este modelo de turismo, que vencelha como nenhum o elitismo social com a desfeita ecológica. A associaçom ecologista NABU, muito conhecida na Alemanha, vem de editar um estudo do que se fai eco a organizaçom ambientalista actuante no Estado.

A partir dos dados de dezanove companhias navieiras, confirma-se que nom se tomam medidas reais na hora de frear a poluiçom causada por estas companhias. Ao recorrerem ao fuel pesado e ao gás natural liquefeito, os efeitos poluentes do transporte luxuoso multiplicam-se. As emisons de óxidos de xofre formam os chamados aerossóis de sulfatos (SO4) que acrescentam os riscos para a saúde humana e contribuem para a acidificaçom dos oceanos, outro dos multiplicadores da catástrofe climática.

Para nos fazermos umha ideia do impacto destas companhias, a empresa mais potente do sector do turismo de cruzeiros, Carnival Corporation emitiu em 2017 dez vezes mais óxido de xofre do que emitírom os 260 milhons de carros existentes na Europa; a pouca distáncia está Royal Caribbean Cruises, com emisons quatro vezes maiores que as geradas polo parque automobilístico europeu.

Como é habitual em muitos índices ambientais negativos, o Estado espanhol encabeça o ranking de países mais poluídos polo turismo de cruzeiros, com as híper-turistificadas Barcelona e Mallorca liderando a lista. Itália e Grécia seguem a Espanha nos índices de poluiçom, e a pouca distáncia situam-se a França e Noruega, muito volcadas também, polas suas características geográficas, ao turismo de luxo.

Como bem exprimiu Faig Abbasov, director de políticas de transporte da entidade ambientalista Transport & Environment ‘os cruzeiros som cidades flotantes com um alto consumo de energia gerada polos combustíveis mais tóxicos que existem. Enquanto as cidades estám a proibir a circulaçom dos carros diesel para reduzir a poluiçom que respira a sua populaçom, dam via livre às navieiras. Isto provoca grandes concentraçons de poluintes para um alto risco para a saúde dos seus passageiros, e das populaçons mais próximas às terminais de cruzeiros”.