Decorreu já mais dumha década desde que o movimento popular começara a recuperar, através de palestras e pequenas publicaçons, a história esquecida da I República galega, um efémero episódio que unira, entre Compostela e Ourense, as vindicaçons do movimento obreiro e do arredismo. Nesta fim de semana, 91 anos depois dos feitos, o Projeto Estreleira chama a um desfile festivo em Ourense para desdobrar ‘todo o repertório simbólico do movimento galego’, em que se incluem os brasons das 51 bisbarras do País.
A história
O 27 de junho de 1931 era a véspera das eleiçons a cortes constituintes da II República espanhola; na Galiza eram dias de malestar, desde que a paralisaçom das obras do caminho de ferro de Ourense a Samora deixaram sem trabalho mais de 10000 obreiros. O surleste do país sofria especialmente este castigo. A ocasiom foi aproveitada por dirigentes retornados de América como Campos Couceiro, um pondaliano, ou Alonso Rios, um agrarista, para proclamar a efémera República galega.
O descontentamento estoupara em Ourense, na madrugada do dia 25, ao remate dumha manifestaçom que denunciava a paralisaçom das obras. Lá, após um chamado ‘mitim monstro’, a multidom enardecida ocupou a Casa do Concelho e ergueu a bandeira nacional, a um tempo que proclamava a República galega; nom longe, na Seabra nom reconhecida como galega, o povo fazia ondear também a nossa ensenha.
Dous dias mais tarde, o 27 de junho, Alonso Rios é proclamado presidente da Junta Revolucionária da República Galega, à frente dum movimento social que avançou polas ruas compostelanas para tomar o Paço de Raxoi, com a intençom de fazer-se forte e aguardar a insurrecçom de mais bisbarras. Porém, a rápida decisom do governo espanhol, que decide retomar a obras do caminho de ferro, fai esvaecer o movimento.
O presente
No ano 2021, Projeto Estreleira apresentava-se publicamente no Pico Sacro, nestas mesmas datas, ponhendo em relaçom proclamaçom da I República com a vitória esmagadora no referendo do estatuto, também em junho, mas de 1936. No Desfile que decorrerá o domingo, realiza-se a mesma vindicaçom da memória, mas com um formato totalmente diferente.
Desde o passado janeiro, Estreleira leva anunciando um acto que se concebe como ‘novo e original’. Estruturado em três blocos, o desfile será umha homenagem ‘à história, à terra e à luita’. Com a abertura de cabeçudos e umha ‘trevoada’ de percusionistas portugueses, o acto exibirá em primeiro lugar as bandeiras sueva, do antigo reino, da sereia e a estreleira, no mesmo tamanho gigante que se exibira na muralha de Lugo em Novembro. A continuaçom, marcharám 51 brasons de todas as bisbarras galegas, segundo o mapa desenhado em 2003 pola organizaçom NÓS-UP; os escudos, elaborados com o assessoramento do especialista em heráldica Héitor Picallo e desenhados por Elena Penas, continuam nalguns casos ensenhas já existentes, e noutros renovam de maneira mui atrevida a nova simbologia. Para fechar o acto, que se apoia numha rede de mais de 150 voluntárias, marcharám abandeirados com ensenhas de distintas etapas do movimento galego, desde os provincialistas até Nunca Mais.
Encerramento
O desfile terá a sua finalizaçom no Jardim do Posio, o emblemático parque ourensao onde, segundo recordam de Estreleira ‘Otero Pedraio pronunciou o primeiro discurso em galego da posguerra’, ao pé da estátua a Lamas Carvajal. A actriz Isabel Risco será a encarregada de dar passo a Xosé Lois ‘Carrabouxo’, debuxante que elaborará umha obra comemorativa no momento, para logo ser sorteada diante das presentes. A continuaçom, o grupo de teatro amador do CS Faísca representará a proclamaçom da República de 1931 numha cenificaçom no palco.