Para Luísa e outras com outro nome (que viva o 28J)
Eu sei que podo fazê-lo utilizando o nome polo que gostava que a chamaram, se bem nom voltei a ter contato com ela desde aquel 2014 na prisom de Villabona (Asturies).
Eu sei que Luisa, era sabido, “lha punha dura” aos funcionários mais fachas. Por momentos convidavam-na a dentro da “garita”. Também que o açar a levara a prisom, se bem era carne de talego pola sua orige migrante. Dim que se prostituia no módulo, nunca o soubem; os poucos favores que lhe figem fôrom sempre desinteresados, e a gente dizia que cobrava em cartons telefónicas que eu logo lhe mercava sem ganho engadido a diferença de outra gente, para ela poder mercar de comer.
Da prostuiçom na rua, mundo que eu nunca conhecim, Luisa sabia. Conhecia alguns casos, seica, de gente que vivia bem materialmente, assumindo o pack que conlevava, entre eles, casos de clientes que queriam cagar ou mexar por enriba, como umha filia mais dentro das fazanhas dos puteros. Dous de cada quatro homens no Estado espanhol.
Confeso que coqueteei com Luisa. Coqueteei, nom porque namorara dela, se nom porque por momentos era umha pessoa linda. Sem querer mais que umha conversa agradável e tontear um pouco, porque tampouco a atraçom era forte e existiam outros compromisos.
Nom se me borra da mente os seguintes episódios “fílmicos”: ringleiras de homens presos em formaçom ao estilo militar, e de súpeto um silêncio. Falta umha pessoa, os carcereiros ordenam que nom nos movamos. Aos minutos aparece ela movendo as cadeiras de forma exuberante, vestida com minisaia e imitando algumha atriz de Holliwood.Entom, algumha vez, vinha, e colhia-me polo braço. Esse era o seu comportamento ali dentro.
Quando perguntei que era o que a fazia feliz, pouco antes de que conseguira que a levaram ao fim para o módulo de mulheres, dixera-me: “Eu som feliz comigo mesma, com o meu corpo em proceso (de transexualizaçom). Nom preciso de mais”.
Foi a única pessoa que me pedia os exemplares do Diagonal (depois) “El Salto”, ou do “Novas da Galiza”. Também, como todos ali, o seu comportamente cos funcionários era contraditório, cousas do pau e da cenoura.
Confeso que a sua força foi um exemplo, porque de todas as pessoas anónimas que ali conhecim foi das poucas que se fixo ouvir fora, e isso era bom para todas. Porque ante a merda de autocensurar-se polo medo de sair antes do cárcere (ou simplemente vivo), ante a novatada e experimentos talegueiros vários, ante o pánico fomentado e aumentado ante possíveis condenas, a inexperiência , a saude mental, a falta de referências físicas ao lado, o fascismo infinito, o medo irracional em geral… ante todo isso, sentir que alguem é forte porque simplesmente se sinte bem consigo mesmo, é toda umha aprendizagem.