Segundo noticiava algum dos cabeçalhos da imprensa comercial, ‘umha espontánea’ chimpou no passado 2 de junho as barreiras da organizaçom do Roland Garros para atar-se à rede em que se desputava umha das semifinais. Para estes mesmos meios, a acçom era um protesto ‘contra a cumplicidade com o caos climático dos governos’.
O conteúdo era certo, mas nom se tratava de nenhuma espontánea. Alizée, nome próprio da moça de 22 anos, é umha activista climática fazendo parte do movimento ‘Derniere Renovation’ (‘Última renovaçom’), um grupo de acçom directa nom violenta francês que chama a intervir decididamente contra as cumplicidades governamentais com a desfeita ambiental, nomeadamente a climática. Na sua camisola, Alizée levava a legenda ‘1028 days left’ (restam 1028 dias); a cifra alude ao prazo de três anos que, segundo alguns cientistas, arrancou no passado março, que resulta decisivo para os governos mundiais tomarem medidas profundas: descarvonizaçom da economia e planos de decrescimento controlado.
Num texto feito público no web do colectivo, os e as activistas francesas enquadrárom a sua acçom numha luita de emergência:
‘Alizée forçou a olhada do mundo inteiro sobre os 1028 dias que nos restam por agir, por salvar todo o que nos é caro, por viver. (…) Somos a Última Geraçom. Faremos todo que é preciso. Por proteger a nossa geraçom e as geraçons futuras.’
Manifestos, desobediência, e apelos a resistir
O tom contundente do manifesto, e o tipo de acçom que o acompanha – bloqueios de actos públicos em lugares de alta concentraçom mediática, curte de infraestruturas de transporte – está-se a extender no último lustro, nomeadamente após a evidência do nulo interesse dos blocos de poder por reverter o processo de desfeita ambiental na Cimeira de Paris. No passado maio, na Dinamarca, um conhecido escritor, Carsten Jensen, acaparava a atualidade ao ser detido num bloqueio de estrada; o literato aproveitava o seu arresto para fazer público um manifesto no que punha negro sobre branco a realidade que se aproxima: ‘A derradeira charla que dou antes de me converter em delinquente’: ‘se tu pensas que podes viver do jeito que sempre viveche, estás errado; se tu pensas que as tuas crianças vam ter a vida que tu tiveche, estás errado; se tu pensas que os políticos tenhem um horizonte mais amplo que as vindouras eleiçons, estás errado.’ O documento detém-se também em alguns dos fitos climáticos que estamos a viver de maneira surprendentemente acelerada, e salienta como os seus efeitos sócio-políticos vam atingir toda parte: ‘se tu pensas que a tundra que derrete em Sibéria nom che vai afectar, estás errado; se tu pensas que os milhares de milhons a viverem no sul global podem viver com temperaturas diárias de cincuenta graus, estás errado; se tu pensas que nom vam vir aqui, estás errado. (…) Se tu pensas que a tua naçom é como um planeta de seu, e que nom partilha o seu destino com outros, estás errado.’
Cientistas em alerta vermelha
Se bem muitos outros movimentos subversivos se tenhem nutrido do contributo de intelectuais e universitárias, no caso da rebeliom climática, chama a atençom um novo agente: as cientistas.
Também na França, há apenas umha semana, um grupo de recém graduados numha das escolas de Agronomia, a AgroParisTech, chamárom a ‘desertar’ dos postos de trabalho nocivos promovidos polo sistema, e manifestárom ‘nom acreditar nem no desenvolvimento sostível, nem o no crescimento verde.’ O discurso, que tivo centos de milhares de visualizaçons em youtube, constitui mais um ‘apelo à deserçom’ daquelas cientistas que nom estám dispostas a se pregar aos interesses empresariais.
Iniciativas como estas estám em sintonia com o movimento internacional Scientist Rebellion, que veu à luz pública há poucos meses com umha carta assinada por mais de douscentos especialistas (da Física à Biologia, passando pola Meteorologia ou a Tecnologia Marinha. ‘Se as pessoas mais informadas para compreender o que está a acontecer nom nos comportamos como se se tratasse dumha emergência, nom esperemos que o grande público comece a fazê-lo’, manifestam na sua carta aberta, que nalgumhas ocasions foi acompanhada da renúncia ao privilegiados postos de trabalho (por considerarem que eram cúmplices com os grandes lobbies da indústria poluinte). Com o pilar da desobediência civil nom violenta, e os grandes objectivos da ‘descarvonizaçom e decrescimento com reparto da riqueza’, o movimento ganhou certo eco no sul da Europa com o tingido de pintura que várias cientistas acometêrom no Congresso dos Deputados espanhol.
Acçom polo clima na Galiza
O nosso país nom é alheio ao movimento de resistência contra o caos climático, e nos núcleos urbanos mais importante já se tenhem fundado núcleos do movimento internacional ‘Extinçom Rebeliom’ ou ‘Fridays for Future’, com actividades variadas, além de aquelas que secundam as mobilizaçons internacionais. Reparto de propaganda em centros de ensino, obradoiros formativos, ou mesmo marchas em defesa do caminho de ferro de proximidade tenhem xurdido do seio destes colectivos nos últimos tempos.