Ele ainda crê nalgo, pois a sua casa está cheia de literatura revolucionária.
Eu nom sei se ele ainda tem reunions quase clandestinas, nem sei se ergue todas as amanhás sem saber se será o seu último dia em liberdade (nom-cautividade). Intuo que nom, mas somentes som intuiçons dum exrecluso.
A vida avança, e o sistema engraxa a sua engranagem, mentres arredor as casas abandonadas seguem voltando-se ruinas, empurradas a isso por interesses cujos nomes e apelidos ficam longe do alcanço ou aparentemente longe do alcanço.
Marcuse, Reboiras, Lenine, Rosa Luxemburgo, Alexandra Kollontai, Bakunin, Malcom X., Castelao, John Zerzan, Severino di Giovani. Muitas teorias e biografias rupturistas das que antes da inmersom no virtual, em forma de livro, habitavam as casas de qualquer pessoa de esquerdas. Eu sei que ainda crê nalgo, porque os livros habitam a sua casa com pó, mas habitam-na.
Ninguém fai da casa um museu, ou si. As casas de numerosos profesores nacionalistas levam anos cheias de livros, mesmo enviando às crianças à privada. Surrealistas inspiravam-se com grandes coleçons, pouco antes de trabalhar mao a mao com a moda do capital. De todos jeitos, colecionar pode ser sano para o coco, tal vez.
Eu podo intuir nos seus olhos que ainda crê nalgo. No seu caso, pola sua trajetória ou por azar, a repressom nom bateu fortemente, mas si umha névoa de tédio que som pequenas vitórias do Estado. A passividade, o descuido, a inatividade, a parálise, mas também a inércia pola inércia.
Se, como dizia o outro “a vida é a arte das distancias” , vai ser que nom é mala cousa fazer umha parada no caminho e olhar também desde fora qual é a nossa militáncia atual, ou quais som as nossas aspiraçons políticas reais, o qual também nos serve para outros ámbitos da vida. Eu sei que todas cremos nalgo. Todas as que estamos e/ou estivemos em menor ou maior medida tensionadas ante o Sistema. E que queremos cambiá-lo radicalmente. Entom, teremos que acertar ou conseguir os meios para fazê-lo. Sabendo também aquilo de que “o meio é a mensagem”.