O próximo feche de Pannosco em Ferrol, desta emblemática cooperativa de trabalhadores do pam no cerne dumha bisbarra historicamente padeira, deveria estar saltando todas as alarmas políticas. Quando mais tratando-se do pam, um produto fundamental na alimentaçom e tratando-se dumha empresa com umha forte implantaçom tanto na distribuiçom a supermercados como a pequenas lojas de bairro. À perda de emprego local (12 assalariados e 4 cooperativistas) agrega-se a perda dum regime de trabalho cooperativo, tam necessário num mundo de competitividade atroz sem consciência comunitária.

Chama à atençom que os Fundos europeus de Recuperaçom Next Generatiom nom se empreguem para manter viva umha empresa cooperativa do sector alimentar tam importante no imaginário coletivo da sociedade ferrolana. No entanto, as grandes empresas dedicadas a produtos de menos resiliência em propriedade de grandes fortunas, sim som recetoras destas subvençons.

Por que nom há reunions cos trabalhadores assalariados de Pannosco para lhes informar do direito a solicitar os fundos Next Generatiom como umha via para lhe dar continuidade a esta empresa emblemática que fixa emprego local?

Onde está o alcaide, o conselheiro de Industria e a oposiçom institucional que tanto falam de onde investir os fundos de industrializaçom quando umha empresa como Pannosco apresenta um ERE de extinçom? Será um triunfo da mentalidade patriarcal que nos leva a pensar que os postos de trabalho netamente masculinos, como os industriais, som mais importantes que os que procedem do mundo cooperativista, das mulheres e dos autónomos como é o caso que nos ocupa?. Porque quiçá se falarmos dumha empresa do mundo digital e nom de alimentaçom, o Sr. Mato -adicto a todo o posmoderno- molhava-se por um futuro para Pannosco. Mágoa que o pam seja tam rústico e tam pouco fashion.

O novo reparto destes fundos europeus, tam teimudos nas ajudas à digitalizaçom, tam proclives a ajudar aos que se lucram já sem ajuda, esquecendo-se das cooperativas e de tantas pymes, leva-nos a desacreditar neles como passou com outros da Política Agrária Comunitária (PAC) que só beneficiárom os latifundios e as grandes fortunas ligadas à agricultura a gram escala (cazaprimas ou agricultores de sofá) e à alimentaçom da agroindustria, um modelo obsoleto e inviável no mundo da transiçom energética e a resiliência.

Os fundos Next Generatiom forom criados, presuntamente, para promover a coesom económica, social e territorial, fortalecer a resiliência e a capacidade de ajuste dos Estados membros, mitigar o impacto social e económico da crise da covid-19 e apoiar a dupla transiçom, ecológica e digital.

Desde as propias instituiçons políticas falam deles como umha estratégia para a transformaçom de Galiza. Mas que classe de transformaçom? Empregar os fundos europeus para fazermo-nos mais dependentes ainda e em sectores fundamentais para a supervivência da cidadania? Que plam de recuperaçom é esse que nom subvenciona o mantimento dumha cooperativa alimentaria básica na nossa cidade, como é Pannosco?

Encaminhamo-nos cara conflictos de subsistencias como os de 1847 ao disparar-se o prezo dos cereais, quando as mulheres impediam embarcar o gram dos especuladores para a exportaçom enquanto o povo esfameava? Encaminhamo-nos a novas revoltas populares polo encarecimento criminoso dos alimentos como aconteceu em 1918 coa revolta das mulheres de Ferrolterra? Será a repressom policial a resposta deste PSOE local desclassado que devece polo mundo digital afundando num progressismo excluínte contrário à vida?

O pam é um alimento de consumo básico. Há toda umha cultura do pam enraizada que deveria ser objeto de programas políticos e educativos nas comarcas históricas padeiras como Ferrolterra.

Como di a física Vandana Shiva, a medida que se incrementam os cultivos comerciais desce a produçom de alimentos básicos, o que fai aumentar o seu prezo. Quando Ucrânia, o hórreo de Europa, arde numha guerra geopolítica polos últimos recursos energéticos e materiais do planeta, co conseguinte encarecimento dos cereais e o combustível num mundo post-petróleo em devalo, urgem políticas de relocalizaçom em sectores básicos que nos dêm umha seguridade alimentar para evitar desfornecimento. O que se vem chamando desde o decrescimento, a soberania alimentar. A solidariedade Norte-Sul também o reclama. Pois os monocultivos cerealísticos som tam nefastos para as economias do Sul global como o monocultivo de eucalipto que empobrece terras e gente na nossa contorna. Mais ainda num mundo de cambio climático, saqueo e graves “hambrunas” que cada vez empurram a mais milhóns de pessoas às migraçons.

Hoje em dia, no Estado espanhol, a produçom cerealística nom chega ao 60% do nosso consumo. Um cenário de dependência alimentaria mui perigoso. Que melhor que aproveitar os Next Generatiom para evitar a dependência das padarias galegas a respeito do trigo ucraniano, francês e espanhol, via farinha de Castela, sabendo dos já grandes custos de transporte que seguirám a medrar, num mundo forçosamente condenado à descarbonizaçom?. Que melhor que investir esses fundos europeus na recuperaçom deste sector produtivo, incluso dentro da própria cidade?. Por que nom liberar terras e aumentar a superfície de trigo autóctone ecológico (sem fitosanitarios nem agrotóxicos) para sortir a padaria galega e ir orientando o processo cara a produçom local das variedades de cereal autóctone?

Se os fundos Next Generatiom querem sentar as bases dumha Europa mais sustentável, integradora e resiliente, por que nom usar os fundos de transiçom energética para mudar este modelo produtivo inviável pola relocalizaçom do processo de produçom-distribuiçom-venda dum alimento básico como o pam apoiando desde as instituiçons políticas as redes cooperativas de produçom, distribuiçom e venda? Som as políticas institucionais, que nos figérom cada vez mais dependentes dos insumos forâneos de pensos e cereais, quem tenhem que compensar as políticas de resiliência local.

Que maior urgência económica que dotar a populaçom rural dumha soberania produtiva e energética de cara a umha verdadeira transiçom ecojusta?

Por outra banda, e nom menor, fixar emprego local, é preservar a saúde das pessoas e dos territórios. Som necessárias as políticas de apoio ao pam artesanal fronte ao industrial co que é tam difícil competir nos mercados especulativos. A potenciaçom da investigaçom e recuperaçom de variedades de trigo autóctone (Calhobre, Caaveiro) cos ecotipos Minho, Paderne, Arçua permitiria ser mais resilientes e abaratar custos de deslocalizaçom assim como melhorar a saúde dos consumidores.

A cidadania ferrolana, como consumidora responsável, deveria reclamar dos governos municipal e autonómico umha política alimentar segura. E as cooperativas de alimentaçom som um piar indispensável. O apoio a Pannosco seria um primeiro passo.