Foi o passado 20 de fevereiro quando a Federaçom Russa começava umha operaçom especial contra à Republica da Ucraína. Um mês despois dessa operaçom militar a guerra continua e as sançons empreendidas contra Rússia, pola comunidade ocidental já golpeiam de pleno na sociedade galega, o sociólogo e jornalista Daniel Seixo, membro do comitê Comité Galego de Solidariedade Internacionalista Mar de Lumes, responde-nos a umha serie de questons sobre o conflito Russo-Ucraíno coa intençom de aportarmos umha leitura diferente a que nos achegam massivamente os grandes médios de comunicaçom oficias. Que atuam como alto-falante unidirecional da propaganda bélica da OTAN.

A informaçom oficial que nos chega tem um claro sesgo geopolítico e ideológico. Poderias achegar umha radiografia da situaçom na Ucraína após o começo da guerra?

Nom som experto militar, mas se um observa o mapa da Ucraína, pode comprovar como o avance das tropas russas nom é tam caótico ou ineficiente como os médios ocidentais querem-nos fazer crer desde o começo mesmo desta guerra. Ainda que seja certo que as operaçons e o avance russo tem diminuído o seu rimo em diferentes frontes, devemos atender a que em moitas ocasions isto se produz polo próprio tipo de guerra que Moscava pretendeu levar a cabo na Ucraína.

A pesares da propaganda ocidental, nom vemos bombardeios indiscriminados contra a populaçom civil, nem um desprezo absoluto polas cidades por parte dos russos. Mais bem todo o contrario, pretende-se avançar minimizando ao mínimo as baixas civis e evitando umha confrontaçom direita nos bairros. Situaçom que nom só poria em risco á cidadania ucraína, senom que também poderia converter-se numha ratoeira para o próprio exército russo. Isto sabem-no moi bem os ucraínos, e precisamente por isso buscam forçar aos russos a entrar nas cidades, mentres eles se parapeitam e usam à populaçom civil como autênticos escudos humanos. Som numerosas as testemunhas de pessoas que puderom fugir e sinalam como, especialmente os fascistas ucraínos, utilizam os bairros residenciais e mesmo escolas e hospitais como quartéis ou pontos de tiro.

Em quanto à situaçom atual, o avance sobre Mariupol, no que o 70% dos edifícios residenciais estám já no poder das tropas russas, vai supor um ponto de inflexom importante. Se esta cidade cai, poderam-se desatascar outros pontos como Odessa ou a própria Kiev. Nos próximos dias quicais poderemos ver avanços nesse sentido.

A Ucraína é essa democracia burguesa modélica que nos vendem?

Agora mesmo Ucraína é claramente um estado totalmente dependente da OTAN, e que supeditou as suas políticas e o seu futuro aos interesses de Washington. Um estado no que censuraram infinidade de meios de comunicaçom, impondo umha visom única do que acontece no seu território e que a sua vez proclamou a suspensom de qualquer atividade dos partidos e/ou estruturas políticas de esquerdas e independentistas. A priori um diria que isto nom é umha democracia, sem dúvida nom é umha democracia popular, mas se do que estamos a falar é da fachada democrática que a burguesia emprega para impor os seus interesses, só temos que atender ao claro apoio que Ucraína recebeu do resto das “democracias” burguesas da Europa, para poder comprovar que a clara participaçom de elementos nazis nas estruturas políticas de Kiev, nom supôs nunca problema algum para que sigam jogando no suposto clube das democracias capitalistas. Liberais e fascistas acostumam entender-se bem quando resulta preciso. Por tanto a verdadeira pregunta a fazermos, cecais seria, devemos seguir considerando democracias aos regímenes burgueses nos que vivemos?

Voltando os olhos a historia da Ucraína, como influi esta no conflito Russo-Ucraíno?

Ao longo da historia o povo ucraíno tem vivido diferentes processos de integraçom ou influencia cultural e política por parte dos estados vizinhos. Falar da Ucraína como umha realidade monocórdica, resulta sem dúvida erróneo, por outra banda, nada que nom suceda em qualquer outro estado. O nacionalismo ucraíno que hoje cobra umha importância vital em todo este conflito, foi criado e fomentado por potencias ocidentais com o objetivo de debilitar a Rússia, e desestabilizar assim as suas fronteiras.

De facto, a designaçom de Ucraína é usada mesmo durante a Primeira Guerra Mundial coma um termo em certa medida geográfico, alheio a umha realidade nacional totalmente definida. Mesmo durante esse período, Ucraína formava parte do Império Russo. Por aquele entom, do mesmo jeito que estamos a contemplar na atualidade, existia umha grande comunidade russófila no Leste do país, mentres que a parte ocidental foi mais facilmente impregnada polo apoio de Áustria ao crescente nacionalismo Ucraíno de finais de século.

Tanto durante a Primeira Guerra Mundial, na Revoluçom Russa ou na Segunda Guerra Mundial contemplou-se o rexurdimento e a consolidaçom dessas duas sensibilidades em Ucraína. Umha parte claramente vinculada a Rússia, e outra que abraça um crescente nacionalismo que, aos poucos, abraça correntes fascistas e umha clara tendência a enfrentarem-se a Rússia. Pois bom, o uso desse fanatismo nacionalista e os elementos fascistas presentes no mesmo, sempre foi umha vaza que ocidente estivo disposto a empregar contra Moscava. O que passou desde o Euro-maidam até o de agora, coa apariçom de governos e personagens ultras à fronte do país; como Viktor Yúshchenko, Yulia Timoshenko ou o próprio Zelensky, tam só supom o avance desaforado na Ucraína da continuaçom do projeto cimentado por Stepan Bandeira, baixo o respaldo das democracias burguesas europeias e de Washington.

E que há do Dombáss?

As Repúblicas Populares xurdidas em Ucraína, em resposta ao avanço do fascismo no país, estám a participares na Operaçom lançada contra Kiev polo governo russo, e tras oito anos nos que sofrerom os ataques indiscriminados das tropas fascistas ucraínas, por fim podem liberar ao seu povo, alias, também, tomar a vingança contra aqueles que assassinarom impunemente a mais de 10.000 pessoas no Dombass.

Tristemente, a guerra parece cobrar-se como peagem qualquer iniciativa de carácter popular para o governo real destas repúblicas. Porém, os elementos de esquerda que hoje combatem na fronte representando à loita popular no Dombass, seguem presentes em primeira linha e estou seguro de que quando ao fim a paz regresse aos seus povos, pelearam por ter voz no futuro dos mesmos. Obviamente, o direito de autodeterminaçom destas Repúblicas Populares deve estar recolheito em qualquer tipo de acordo ao que cheguem Moscava e Kiev.

Segundo verbas do próprio Putin, a operaçom militar neste país vai encaminhada a proteçom destas Republicas Independentes, reconhecidas oficialmente por ele mesmo, e também para desnazificar a Ucraína. Embora, qual é a presencia real destes grupos nazis nas instituçons do país e na sua sociedade?

Aqui atoparmos cumha questom clave. Dende setores de o progressismo espanhol tenhem tentado comparar a presença de fascistas na sociedade russa, coa presença de elementos claramente nazis nas instituiçons ucraínas. Isto é um absurdo! Nom se trata de que a sociedade ucraína seja mais ou menos fascista, trata-se de que apos ao Euromaidan, o nazismo ucraíno logrou representaçom em todas as instituiçons do país. Conseguirom impor a sua ideologia em instancias educativas, desportivas, na cultura, nos meios de comunicaçom e por suposto impregnarom ao exército e mais aos corpos policiais com estruturas diretamente fascistas, como pode ser a Guarda Nacional.

Nom se trata de que o fascismo tenha maior ou menor presença no parlamento, trata-se embora de que o próprio parlamento ucraíno financiou e apoiou o crescimento da ideologia nazi no seu país. Pugérom ao serviço destas correntes, claramente reacionárias e agressivas, as instituiçons do estado e isto é o realmente preocupante. A persecuçom às minorias, como aos ciganos ou aos judeus, já tinham lugar antes desta guerra e só quando a mesma termine imos ver o alcance real destas políticas. As redes sociais estám infestadas de torturas, humilhaçons e assassinatos cometidos embaixo o amparo da suástica hitleriana ou da simbologia ultranacionalista ucraína. Nom é um invento de Putin, ainda que poda esgrime-la para justificarem outros interesses. O nazismo estava a rexurdir com força na Ucraína e a Uniom Europeia e mais a OTAN nom só nunca o condenarom ou o perseguirom de forma firme, senom que o terminarom abraçando para a sua cruzada particular contra Moscava.

Outro dos motivos que levarom ao agir bélico da Rússia foi o achegamento da Ucraína à OTAN. Neste sentido, foi ocidente quem subestimou a Rússia ou, pola contra, foi esta a que caiu no engado atlantista, proporcionando-lhe à OTAN um novo inimigo com o que justificares a sua existência?

Nos 1990 os chefes de estado da Europa, do Canadá e mais da URSS acordam o fim da Guerra Fria mediante os acordos de Paris. Ali estabelecesse umha nova divisom para Europa, e um novo conceito de seguridade. Chegava-se à conclusom de que a seguridade de cada estado dependia de forma direita da seguridade do resto.

Pois bom, desde entom a administraçom Clinton estabeleceu de forma crescente novas bases no Leste Europeu, George W. Bush decidiu abandonar o tratado ABM e à sua vez estabeleceu novas bases antimísseis bordeando às fronteiras russas; mas foi Obama quem começou o assalto contra Rússia no Mar Negro mediante o golpe de estado na Ucraína e aprofundou na guerra civil na Síria, sócio este de Moscava, mentres que Trump finalmente optou por borrar qualquer barreira que pudesse frear umha guerra nuclear entre ambas as potências, saltando-se todos os acordos preventivos e dissuasórios neste sentido.

Nos 2004, tam só 15 anos despois de que o muro se avinhe-se abaixo, todos os antigos países do Pacto de Varsóvia estavam nas maos da OTAN. Mentres, Países aliados de Moscava, como Cazaquistam, Bielorrússia, Armênia ou a própria Síria, sofrem claros processos de desestabilização que buscam diminuir a possível influencia russa sobre os seus governos. Se a isto lhe sumamos as constantes ameaças dos nacionalistas ucraínos, os ataques desaforados à cidadania prorussa ou o acelerado rearmamento de Kiev a maos da OTAN, que fariam vostedes? Iniciar umha guerra ou aguardar a que sejam outros os que tomem a iniciativa?

A alternativa da paz e da diplomacia é a que todos queremos encarar, certo. Non pode ser doutro jeito para um trabalhador. Embora, sejamos sinceros, essa opçom nunca estivo enriba da mesa para Rússia. Como tampouco o está para China, Venezuela ou Iram. A OTAN nom é umha aliança defensiva, mas sim é, pola contra, um claro e caro clube militar ao serviço dos interesses do imperialismo estadunidense. Um Imperialismo em decadência que, se nom abrimos os olhos pronto, levara-nos a um conflito mundial com tal de evitar a queda da sua hegemonia. E nom, nom tem que gostar-che Rússia ou o Putin para compreenderes isto, nem tam sequer tes que deixar de criticar o seu modelo político, se assim o consideras. Ora bem, obviar quem é o responsável da crescente inestabilidade mundial, parece-me umha irresponsabilidade que hoje em dia nom pode permitir-se a esquerda. Pode sair-nos demasiado caro.

Detrás desta guerra podem estar os recursos matérias e energéticos da Ucraína?

Certamente, em qualquer guerra os recursos naturais tenhem um papel primordial, porém nesta ocasiom assinalaria de forma mais preferente à nova realidade geopolítica que aos poucos se vai abrindo no panorama mundial e na que, sem dúvida, países como a Venezuela, a Síria ou a própria Ucraína jogaram um papel destacado como obrigados tabuleiros de jogo para disputas de moita maior envergadura e profundidade. Temos que ter em conta que o sistema capitalista e “o controle” que os Estados Unidos tenhem podido realizar sobre os ressortes do mesmo, semelham encarar umha nova fase de desestabilidade crescente, no que os recursos se referem; mas também os diferentes roteiros de aceso, exploraçom e distribuçom dos mesmos, assim como as áreas de influencia comercial e militar dos países em liça, parecem atopar-se com situaçons de competência direta e estalidos de violência que podem supor um claro sinal dumha profunda reestruturaçom nas dinâmicas de poder. Países como Rússia ou China, já nom podem ser tratados com displicência ou ser diretamente ignorados e forçados a renunciarem aos seus próprios interesses. Coido que, em grande medida, à situaçom coa que hoje nos atoparmos na Ucraína deve-se a todo isto.

Achas que as intençons russas sejam as de estabelecer-se permanentemente na Ucraína? Ou a de reconstruir umha Rússia imperial ou incluso a CCCP, como nos anunciam os meios de comunicaçom.

Sinceramente, nom o acredito. O esforço económico que para Rússia suporia a ocupaçom de todo o país, acho que é algo ao que no Kremlin nom se querem enfrentar. Tampouco acredito que a resistência dos ucraínos a umha ocupaçom fosse à por-lhe as cousas doadas a Moscava, no plano militar. Se tivesse que aventurar-me a adivinhar as intençons russas, apostaria pola desmilitarizaçom da Ucraína, a eliminaçom dos elementos nazis do país, a garantia da nom pertença de Kiev à OTAN e mais ao estabelecimento de garantias para a execuçom do direito de autodeterminaçom das diferentes Repúblicas Populares, que agora mesmo buscam independizar-se da Ucraína xurdida após o Euromaidam. Neste último ponto, suponho que teremos que esperar até a fim da guerra para poder falar com certa consciência da magnitude deste fenómeno no futuro da Ucraína.

Nos últimos dias vem existindo certo ruge-ruge sobre a possível entrada da Polônia na Ucraína, coa desculpa de levar a cabo umha “missom de paz”. Quais seriam os seus objetivos?

Umha missom de paz encabeçada por Polônia, país membro da OTAN e que
tem claros interesses territoriais em Ucraína, que anteriormente
já levarom a conflitos entre ambos os dous países, seria claramente um passo
considerável à hora de provocarem umha escalada no conflito. Estados
Unidos semelha interessado em aumentar o risco dumha guerra potencial em
território europeu que claramente poderia rematar provocando um
conflito a nível mundial. Estamos a falar dumha Guerra Mundial na que
participariam potencias com armamento nuclear, trata-se dum absoluto
disparate. Umha absoluta tolémia. Em todo este assunto a
irracionalidade está a ganhar terreio a marchas forçadas, realmente
resulta sumamente preocupante. Se Europa quer realmente garantir a
paz, pode começar por fazê-lo no conflito entre Armênia e Azerbaijam,
Iêmen e Arábia Saudita ou Marrocos e o Saara Ocidental. Em Ucraína
nom pretendem levar a cabo umha missom de paz, claramente pretendem
provocar militarmente a Rússia.

O papel que lhe outorgam estes meios à Rússia é o dum país nas mans dum tolo e que se atopa ilhado num mundo moderno onde carece de aliados. Que há de certo nesta tese?

Síria, Coreia do Norte, Venezuela, Bielorrússia, Iram, Iraque, Nicarágua, Líbia… Todos esses países estavam em maos de tolos segundo a imprensa ocidental e todos esses países sofrerom a violência desmedida da OTAN. Deveríamos perguntar-nos quem som os verdadeiros tolos em toda esta historia. A tática de desumanizarem ao adversário, para assim justificar as agressons que um vai cometer sem motivo e sem raçom, resulta ser demasiado habitual nos nossos dias.

Os países que aplicaram sançons contra Rússia, som em grande medida os mesmos que se negam a reconhecer ao estado de Palestina, os mesmos que historicamente participarom das aventuras bélicas dos Estados Unidos, dumha ou doutra forma. Rússia tem importantes sócios comerciais e militares, simplesmente nom som os mesmos que os que poda ter Europa ou Estados Unidos. Em Europa seguimos observando a historia desde umha profunda prepotência froito do nosso etnocentrismo.

O certo é que a situaçom presente nom só amostra a recuperaçom do papel de Rússia como um agente importante nas dinâmicas da geopolítica mundial, alias, também debuxa um novo mundo bipolar ou multipoder. Como se configuraram estas dinâmicas de poder?

Tras os atentados dos 11- S, Vladimir Putin ofereceu a sua total colaboraçom com o governo dos Estados Unidos, para perseguir aos supostos responsáveis no Afeganistam. Ofereceu as suas bases militares como parte da resposta estadunidense. Bem, nunca Estados Unidos ou Europa tratarom com respeito ou amizade a Moscava. Isso finalmente, somado à continua pressom da OTAN sobre as suas fronteiras, conseguirom que em Rússia os setores políticos mais interessados em buscar umha proximidade com Ásia lograssem ter mais peso nas decisons políticas do país.

O mesmo pode-se dizer das sançons a Venezuela, Iram ou Síria, todas essas represálias lograrom que Rússia ou China, ocupem um espaço que foi criado polo próprio Washington. Na atualidade, isso rematou criando um mundo multipolar no que Estados Unidos já non reina de jeito absoluto, mas no que também resulta complicado situar-se de forma efetiva quando um pretende aplicar umha certa coerência ideológica desde a esquerda. Realidades como as de Turquia, Israel ou povos como o Kurdo ou o espanhol, deixam-nos claro que o oportunismo e o beneficio económico, ambas som características básicas do mundo capitalista, seguem dominando a visom de praticamente todo o conjunto dos estados do mundo.

Logo, podemos intuir que esta guerra é a queda da hegemonia dos EEUU no capitalismo global?

Há tempo que este processo se vem produzindo de forma gradual, mas podemos dizer que na guerra de Ucraína, Estados Unidos cravou um novo cravo no seu próprio cadaleito como potencia imperialista.

Como lhes vai afetar esta guerra?

Estados Unidos procura entreter a Rússia num conflito com Europa, mentres eles miram para China e tentam frear os seus grandes avanços. Nom sei se em Washington medirom bem o efeito que toda esta nova bateria de sançons contra Rússia vai ter sobre a sua própria economia, e tampouco sei se o tímido processo de desdolarizaçom vai afeitar de jeito relativamente próximo no tempo ao dia-dia dos estadunidenses. Seja como for, a principal ameaça para Estados Unidos, cecais se atopa nas disfunçons da sua própria sociedade. Se o poder imperial começa a cambalear-se, os seus cimentos internos vam revelar as suas grandes debilidades, sem duvida! Isto supom toda umha ameaça.

É que há da China?

China necessita a Europa como sócia comercial estratégica, também necessita a Ucraína pola quantidade de terras férteis deste país, que supoem umha parte importante do celeiro de Pequim. Se a todo isto lhe sumamos as boas relaçons com Rússia, sem dúvida compreenderemos a cautela coa que o governo chinês tem encarado todo este assunto. O rimo político e a forma de encarar a consecuçom dos seus interesses, funcionam na China com coordenadas moi diferentes às que estamos afeitos a aplicares no mundo ocidental. Nom creio que China vaia a dar bandados bruscos, nem que a sua actuaçom na Ucraína vaia a supor um antes e um depois neste sentido, para situar a Pequim no tabuleiro global. Agora bem, o processo polo que China se convertera na principal potencia mundial, parece já irreversível, queda por ver o papel que o socialismo vai ocupar nesse rol.

E em quanto à sociedade russa, como lhes vam a afetar as sançons econômicas? Tem o país mecanismos para evadi-las?

As sançons som um arma de guerra. Neste sentido, claro que a sociedade russa vai sofrer nas suas carnes os efeitos de consenti-las, tal e como o sofrerom antes e as sofrem hoje as populaçons de Iram, Coreia do Norte, Venezuela ou Síria. Agora bem, Moscava semelha mais preparada para afrontar esta agressom, em grande medida devido a que aprenderom das alternativas desenvolvidas contra elas por parte de moitos destes países que citamos antes.

Resulta crucial atendermos ao processo de desdolarizaçom incipiente e mais ao giro que Rússia parece estar encarando nas suas políticas comerciais, mirando mais a Ásia do que até agora vinha fazendo. Ai vam jogar um papel crave os estados e as economias como a chinesa, a índia ou a paquistanesa. Um poderia dizer que umha nova realidade económica e geopolítica abre-se passo ante nós, porém também resulta vital que Moscava poda acompanhar estes processos, cumha nova visom cultural para a sua povoaçom. Já que moitos russos seguem considerando-se europeus, e seguem conectados culturalmente coa realidade europeia. Neste sentido resultará de vital importância que passem por um processo de readaptaçom, para que vaiam acompanhando acompassadamente todos estes câmbios que estamos a citar, podendo assim garantir-lhe ao Kremlin umha certa estabilidade interna.

Pola contra, na EU esta guerra bem a por sobre a mesa unhas quantas questons. Por um lado confirma-se a deriva autoritária da Comunidade Econômica Europeia, o apegamento das suas classes dirigentes ao fascismo, assim coma a queda e a viragem otanista da maioria das esquerdas do Estado espanhol. E, por outro lado, que as grandes prejudicadas das sançons contra a Rússia vam ser, coma nom, as classes populares, que sofreram o agravamento da sua situaçom e o impacto de novas e profundas crises. Perante isto, que se pode aguardar do futuro mais próximo?

Depauperaçom do nível de vida das classes trabalhadoras e prática desapariçom da classe meia froito das crescentes desigualdades sociais, do aumento da privatizaçom dos serviços públicos; todo isso baixo sistemas cada vez mais autoritários, nos que a presença de alternativas fascistas vaia medrando exponencialmente à protesta social e ante a prática desapariçom das alternativas de esquerda organizadas dentro ou fora dos parlamentos. Nom penso que nada disto nos tenha que surpreender, já que é algo que levamos moito tempo observando, sem que ninguém se molestasse em combatê-lo, devido á falsa sensaçom de que as alternativas xurdidas do 15M dumha ou doutra forma já faziam este trabalho nos parlamentos. Todo umha grande mentira que deu como resultado a desapariçom da esquerda transformadora em praticamente todo o estado espanhol.

A alternativa segue debuxada nos movimentos transformadores da periferia. Que, ainda que começam a suportar sobre os seus ombreiros o peso do engano das teorias da esquerda imperial, ainda semelham estar dispostas a avantar no caminho do socialismo e da solidariedade internacionalista.