Estes dias venhem de se convocar por algumhas organizaçons, concentraçons contra a guerra em Ucrânia. O lema é Nom à guerra.
É doado anotar-se à paz e ser solidários na distancia, sobre de todo quando a nova ameaça vírica é encontrar os andeis valeiros dos supermercados. É a moina destes tempos de indefiniçom. Quem vai querer que se derrame o sangue do povo ucraniano ou de qualquer outro povo?
Mas nom seria bem mais efetivo defender políticas energéticas transparentes? Quem lideram estas concentraçons tenhem o afouto de sair do PIB como leme dumha economia desejável? Ninguém pode já ignorar o efeito bolboreta do capitalismo assassino da globalizaçom.
É de recibo berrar na ágora Nom à guerra desentendendo-se da descarbonizaçom, mudando as políticas de reduçom energética e de consumo polo trapelo da paradoxal eficiência? Pode-se fazer política curtopracista em defensa da instalaçom ou permanência de qualquer indústria mália que destrua as possibilidades de desenvolvimento territorial respeitoso co ecosistema, apostar polo produtivismo e teimar no mantra dum modelo crescentista, conhecendo o malgasto da energia que isso supom e as guerras que isso causa?
Nom sabem esses artelhadores do Nom à guerra que isso implica políticas radicais de esquerda nom-produtivista de Nom ao saqueio territorial?. Políticas que nengum deles defende.
Logo nom é a guerra de Ucrânia, entre outras cousas, umha guerra pola dominaçom dos escassos recursos energéticos num mundo que abaneia entre o malgasto e a pobreza energética? Logo nom é o gás imprescindível para a nossa sustentável transiçom enerxética? Lembremos que no 2014, o gás já estava na cobiça pola hegemonia de ocidente, naquela Estratégia Europeia da Segurança Energética onde se falava das estratégias contra a hegemonia energética russa.
Como bem aponta Carlos Taibo, Rusia teria mordido o anzol que lhe tendessem as potencias ocidentais co fim de finiquitar a era Putim para benefício de EEUU que, sempre na distância, nom veria com maus olhos dividir a Unióm Europeia, sabido de que o fracking é um ridículo amanho para manter o poço sem fundo do modo de vida americano.
Por outra banda, Fernández Durám e González Reyes no manual clássico En la espiral de la energia já apontavam no apartado Auxe de novos fascismo e do patriarcado como paradigma do colapso social, que umha das possibilidades do ascenso do fascismo seria orquestrar movilizaçons populares ou insurreçons como a de Ucrânia para tornar em autoritário, um governo saído das urnas, em resposta à pressom popular.
Por isso, as concentraçons de Nom à guerra tinham que vir acompanhadas dum programa transparente de pedagogia política do colapso. Aclarar que fai, por exemplo, o grupo Wagner, companhia militar privada russa em África tanto como esmiuçar as paixons/birras entre Marrocos-Sáhara-Argélia-Espanha e a sua relaçom co gás e os fosfatos na ditadura dos supermercados e a agroindústria. Ou, amais de demonizar a Putim e censurar Russian Todays e Sputnik, lembrar o acordo da Uniom Europeia para construir um megasoduto desde Azerbaiyám até Itália, umha via terrestre contra a hegemonia russa do gás, sem lhes importar os mais de 50 presos políticos azeris.
Fôrom muitos dos que agora orquestram o pacifismo que aplaussárom a instalaçom de plantas de gás contra toda a legalidade, esses que sabem que o dinheiro que deveriam dedicar à resiliência, a relocalizaçom, à soberania energética e alimentar para um mundo posfosilista, morrem em investimentos de Projetos de Interesse Comum em novas regasificadoras ou em ampliar perigosamente a capacidade das velhas.
Eu pergunto-me acotio onde é que vai a esquerda. Onde é que se concentram aqueles marxistas que, como o filósofo Manuel Sacristán, longe da esquerda crescentista de hoje, sublinhava a necessidade de contribuir à diminuçom do consumo no modelo social, assim como à eliminaçom da produçom nociva e supérflua. Aqueles que sabiam que a linha vermelha do internacionalismo obreiro e a solidariedade Norte-Sul era algo mais que defender qualquer indústria só computando os postos de trabalho a criar, sem computar os destruídos ou sem analisar as conseqüências territoriais num programa que abranja as geraçons futuras.
Onde está logo essa esquerda que ultrapasse as mesquinhas aspiraçons pequeno-burguesas?.