Há justo um mês que se apresentava na capital industrial da Galiza, Vigo, a Comissom Organizadora de Vigo. Setembro 1972, que resgata e vindica um dos capítulos mais importantes da história do nosso país na contemporaneidade. Diante das portas do estaleiro Vulcano, a iniciativa popular fijo um repasso do trabalho que leva desenvolvido, mas também e sobretodo, anunciou novos passos a dar, agora que nos achegamos aos 50 anos dumha das maiores mobilizaçons populares do passado século.

As e os organizadores do projecto de memória e vindicaçom ponhem em destaque no manifesto fundacional que nom só a história de Vigo se vencelha com o proletariado industrial: fai-no a da Galiza inteira, pois o debalar da ditadura, a extensom de direitos laborais e sociais, e também o avanço da libertaçom nacional tenhem a ver com a classe obreira organizada. O Comité quer, entre outras cousas, pôr em valor ‘emblemas fabris’ como Vulcano, Barreras, Álvarez, Citroën, Ascón, Refrey, Freire, Santo Domingo, Reyman, Plásticos de Galicia, Cardama, Censa, Forjas del Miñor, Carnaud.

Num momento álgido da luita contra a ditadura, segundo recorda a Comissom, o proletariado viguês paralisou a indústria da cidade durante dezoito dias, ensaiou formas de democracia obreira e desenvolveu ‘novos métodos de combate.’ Alerta contra o exercício da nostálgia, o Comité quer vindicar com orgulho a actualidade do espírito de 72.

No dia da apresentaçom da iniciativa, Abraám Alonso recordou que ‘se a classe trabalhadora quer, nom há nada nem ninguém capaz de impedir a sua vontade’, e vincou na necessidade de criar um relato próprio, na linha que a historiografia nom oficial leva a ensaiar nos últimos tempos.

Objectivos

‘Vigo. Memória 1972’ pergunta-se qual a razom de que os principais dirigentes daquele movimento popular ‘sejam ainda desconhecidos para a maioria da populaçom’, e conclui que isto é devido a um exercício deliberado de desmemória. Esse, o obrigado reconhecimento de quem ganhárom melhoras para o conjunto da populaçom, é um dos objectivos expostos pola comissom, entre os que também se encontra ‘dignificar e recuperar o orgulho de classe’, e ‘involucrar o proletariado’ nos actos comemorativos.

A Comissom lembra também que os feitos daquele ano ‘nom fôrom só nem fundamentalmente económicos’, senom que a solidariedade com as pessoas retaliadas, a denúncia da brutalidade policial e a exigência de liberdades estivérom mui presentes.

Actividades

Desde os seus primeiros passos, a Comissom pujo em andamento várias redes sociais às que periodicamente sobe material histórico: imprensa obreira, documentos policiais, imprensa generalista…com um imenso valor para dimensionar aqueles meses.

Na actualidade, prepara-se a ediçom da obra ‘Todos com Vigo’, de Isidro Román, e também um roteiro urbano para conhecer os espaços referenciais do Vigo rebelde. Na agenda vindicativa acha-se também a celebraçom dum concerto, ainda sem concretar, e a colocaçom dum monumento, da autoria de Benito Freire.

Na vindoura semana, quando se comemorarám também os 50 anos da morte de Amador e Daniel a maos da polícia fascista, dará-se a conhecer a cançom ‘Trabalhador galego’, escrita polo obreiro Valeriano Gómez Lavín, e musicado polo trovador do Baixo Minho Tino Baz. A apresentaçom terá lugar frente o Passeio Municipal do Calvário no vindouro 10 de março.