As corporaçons Bluefloat Energy e Sener Renewable Investments constituírom a sociedade filial Parque Eólico Nordés S.L., entidade promotora do que será o maior parque eólico marinho do Estado. O projeto estará localizado fronte à costa ártabra, a 60 Km. da cidade da Corunha e a 30 Km. da costa. Ocupará umha superfície de 268 Km2 (sete vezes o tamanho do Concelho da Corunha) e terá umha potência total de 1,5 Gw., pois constará de 80 aerogeradores de 15 Mw. cada um.
Segundo a empresa promotora está previsto que este projeto produza 4.800 Gwh anuais, cifra pouco crível porquanto implicaria um fator de planta do 37 %, um valor muito superior ao obtido dos dados que fornece a Rede Elétrica Espanhola (REE), que cifra o fator planta da energia eólica por volta do 22 %.
E como acontece com qualquer projeto que vaia atentar contra o médio natural, o projeto vem acompanhado da típica promessa da criaçom de numerosos postos de trabalho. Também segundo informaçom da promotora, o projeto criaria durante a fase de construçom 14 mil postos de trabalho diretos, dos que 6 mil seriam na Galiza, e na fase de operaçom e mantimento serám necessários 240 postos de trabalho durante um período de 30 anos.
Um projeto que nom cumpre a lei
Mas além das promessas da empresa promotora, o projeto incumpre a moratória que aprovou o governo de Espanha para este tipo de instalaçons. Como sabemos por causa da denuncia da associaçom ecologista Adega, o projeto contradize o que estabelece na sua disposiçom adicional terceira, o Real Decreto-lei 12/2021, de 24 de junho. Esta legislaçom dize textualmente que “a partir da entrada em vigor deste Real Decreto-Lei, e até à aprovaçom polo Governo de um novo quadro regulamentar para as instalaçons de produçom de eletricidade no mar territorial, nom serám admitidas novas solicitudes de superfícies de reserva para instalaçons de geraçom eólica marinha”.
Contudo, o Ministério admitiu a trâmite o parque eólico marinho Nordés o 30 de novembro de 2021, quase médio ano despois de que entrara em vigor a moratória.
Umha tecnologia pouco eficiente
Os parques eólicos marinhos, denominados parques eólicos offshore, presentam inúmeras dificuldades técnicas em comparaçom com a energia eólica onshore. Estas dificuldades provocam umha baixa rentabilidade económica, muito inferior á obtida nos parques onshore, motivo polo qual esta tecnologia apenas se explora.
Segundo o estudo Europe’s onshore and offshore wind energy potential. An assessment of environmental and economic constraints elaborado pola Agencia Europeia do Médio Ambiente a estimaçom do custe da produçom de energia eólica offshoreé de 0,099 €/Kwh polos 0,056 €/Kwh que custa a energia produzida em terra: praticamente o doble.
A causa desta baixa rentabilidade económica está na baixa TRE (Taxa de Retorno Energético) da energia eólica offshore. Há que ter em conta que um parque eólico offshore implica umha obra de engenharia mui complexa: estudo do emprazamento, estudos de impacto ambiental, desenho e fabricaçom do moinho, cimentaçons, transporte, montagem e instalaçom de todos os elementos, construçom de instalaçons elétricas de alta voltagem, mantimento constante por causa, obviamente, do forte vento que devem suportar, das ondas do mar e do corrosivo ambiente marinho. E todo isto requere umha quantidade ingente de matérias primas de gram custe energético (cobre, aceiro e outras ligas metálicas, formigom reforçado, materiais sintéticos procedentes da indústria petroquímica, terras raras como o neodímio e o disprósio…) e energia, principalmente do petróleo. Todo isto, por outra banda, pom em questom se a energia eólica é realmente umha energia renovável.
Por que explorar umha tecnologia ineficiente?
O principal motivo polo qual agora as empresas energéticas se aventuram a instalar este tipo de instalaçons nas costas galegas som as já famosas ajudas europeias Next Generation EU. Se o projeto é financiado com ajudas públicas entom sim é rentável. Trata-se de outro projeto que nom pode entender-se desde umha perspectiva energética ou ecológica, só como um jeito de trasvasar dinheiro público a maos privadas.
Além de todo o dito, como já se destacou em numerosas ocasions, a Galiza já produze mais energia eléctrica da que consome. Segundo o último balance energético Galiza poderia fechar todos os parques eólicos atuais e seguiriam a produzir excedentes de energia elétrica.